Campinas Sitiada
Por Marcela Moreira
Não é normal helicóptero sobrevoando o distrito de Barão Geraldo, blitz confiscando água e milho de vendedores ambulantes, bares recebendo ordens de fechar suas portas as 21h00 em plena sexta-feira, ainda mais de carnaval. Não é normal impedir que jovens se reúnam no centro de Barão para curtir o carnaval ouvindo funk, mandar jovens descer do ônibus para revistá-los, sem nenhuma justificativa plausível. Não é normal barreira policial parando carros e motos dirigidos, “coincidentemente” por negros. Barão Geraldo na sexta-feira esteve em estado de sítio, retornamos aos tempos tenebrosos da Ditadura. Nosso distrito viveu o que as periferias desse país vivem desde sempre.
A ação da Polícia Militar na sexta-feira foi ostensiva, para causar medo, pavor, pânico. Conseguiram fazer com que cidadãos voltassem para suas casas, que alguns nem delas saíssem. Cadê este contingente para prevenir estupros no distrito? Assaltos em casas e repúblicas? Roubos de carros? Não é normal, não podemos aceitar como normal e até legal a militarização de nossas cidades, hoje manifestada no carnaval.
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Armas de grosso calibre, bombas, balas de borracha, gás de pimenta não são os melhores métodos para lidar com multidões. Usar isso para vigiar ou mesmo dispersar foliões, frente a uma festa popular, no espaço público, não pode ser considerado “ação necessária”, “método eficiente”. Devemos compreendê-la naquilo que foi: abuso de poder, uso desproporcional da autoridade, com intenção evidente de coação e medo.
Me parece que é uma ação clara do governador Geraldo Alckmin, do PSDB, que orienta a PM a tratar o povo como inimigo, suspeito em potencial, o “outro”, que agora ousou ocupar o espaço público depois das manifestações de junho de 2013. Se não percebermos esta ação beligerante e belicosa da PM, que faz isso com ação, ou ao menos omissão de seu chefe, seremos irresponsáveis com as conquistas democráticas. É a tentação autoritária que sobrevive num contexto institucional que não acabou com os aparatos repressores do “fim” da Ditadura.
Lembremos que tudo isso começou com a ação da administração do prefeito Jonas Donizette (PSB) que era contra que ocorresse o carnaval na cidade. Que não teve controle sobre a Guarda Municipal. Muito pelo contrário, o governo criou trâmites, segundo eles, simples e favoráveis, para legitimar, ao longo do tempo, as condições que inviabilizariam o carnaval. E se os blocos tivessem aceitado, gastariam mais tempo cuidando da burocracia do que fazendo arte, potencializando a manifestação popular. Como consequência? No futuro, o governo diria: “nunca proibimos o carnaval, o povo que parou de realizá-lo”. Não era apenas ilegal a exigência do alvará, a cobrança de taxas pela ocupação do espaço público. É uma clara visão de cidade, gentrificada, morta, sem povo nas ruas, submetida a ordem sem contestação, militarizada.
A PM tem que ser controlada e pautada pela população, são servidores públicos e assim devem atuar. Deixar que ela abuse do poder, avance contra direitos constitucionais é gravíssimo, porque o limite se afrouxa e, cada vez mais, atenta-se contra as liberdades democráticas conquistadas as duras penas. Enquanto a repressão policial estava só contra estudantes que lutavam contra o fechamento de suas escolas, contra jovens que lutavam contra o aumento da passagem, contra professores que lutavam por dignidade para lecionar ou escondida nas periferias, parecia não mobilizar a opinião pública. Mas agora chegou no carnaval. Agora, vamos nos manifestar? Não podemos aceitar recuos nas conquistas democráticas, de ocupar o espaço público, de expressar nossas opiniões, sejam elas carnavalescas, religiosas ou políticas. O que está em jogo não é “apenas” nosso direito ao carnaval, é nosso direito sobre a cidade, que queremos viva, sem medo, tendo todo seu potencial democrático sendo utilizado, pulsando afetos e encontros. Não esqueçamos que “paz sem voz, não é paz, é medo”.
Marcela Moreira é cientista social, professora e coordenadora do Instituto Voz Ativa
Se engana quem pensa que Barão Geraldo é progressista porque lá esta a Unicamp e tem muitos estudante, professor e servidor público de esquerda. Não é bem assim, Barão é na realidade majoritariamente conservadora, a maioria da população se puder escolher, possivelmente vai ficar do lado das posições à direita e conservadoras, muitos deles inclusive também ligados de alguma forma a Unicamp. Foram estes conservadores que solicitaram a repressão, podem ter certeza…
Me desculpe, mas professores e servidores de esquerda não existem por lá. São esses esquerdistas que recebem salários superiores a 90% da população brasileira, e vivem fazendo greve para aumento de salário. E quanto ao restante da população?
O que não é normal? Deixar que lojas sejam saqueadas, como foi no ano passado? Fingir que alguns bandidinhos chegam em Barão Geraldo, e que nada vai acontecer?
Permitir que as pessoas que residem aqui se sintam coagidas nessa época?
Desculpe-me, Marcela, mas fiquei com vergonha de seu artigo, e quero deixar claro que TODAS as ações da PM foram resolutas pra que nada tenha acontecido em Barão Geraldo até agora!
Pelo visto você não está indo ao carnaval, né Joice. Ninguém está podendo vender nada no carnaval. O cidadão que está lá para curtir, quando da sede não sabe o que fazer, pois até água está proibido vender. Moro em barão há 25 anos, sempre gostei muito do nosso carnaval de rua e sim, sempre faltou policiamento, mas o que estão fazendo ultrapassou todos os limites do absurdo.
Com certeza..nasci e cresci Barão Geraldo essa festa popular de anos..e eles repreendendo ate os ambulantes.. Nem água.. Por favor né… O governo em vez de cuidar de si mesmo…desta patifaria que esta o país, fica impedindo a nossa diversão. Acaba logo com tudo,tira o carnaval tbm…por isso que muitos brasileiros estão indo embora pra fora outros países. O Brasil esta uma vergonha.. Povo hipócrita que fecha os olhos diante de coisas muito piores do vender uma água. Cadê esse policiamento forte nas regiões onde os estudantes e mulheres estão correndo riscos de estupros e assaltos…triste com a situação do nosso país.
Se não tem policiamento reclamam, se tem reclamam que foi demais, está sento ótimo o trabalho da guarda municipal e da polícia militar.
Concordo plenamente com vc Joice. Barão Geraldo já foi um lugar tranquilo e seguro pra se viver. Lojas já foram saqueadas, assaltos e estupros…onde vamos parar? Tem sim que fazer policiamento ostensivo e quem se sentir ofendido que não venha para Barão!
Ah, o bom e velho “ame-o ou deixe-o”. Como tem gente com saudade disso.
Fui assaltado na frente do Pão de Açúcar, quando os ladrões viraram a esquina apareceu um camburão. Corri até os policiais para avisar oque havia ocorrido, e dizendo que dava tempo de pegá-los pois tinham acabado de virar a esquina.
Para minha surpresa, os policiais começaram a gritar comigo e pedir o meu documento. Eu dizia que acabara de ser assaltado e continuavam gritando. Não fizeram nada, se esconderam.
Ou seja, a polícia não está aqui para nos proteger, e sim para reprimir as pessoas e as manifestações culturais.
Barão Geraldo é um polo cultural e está de portas abertas à todos. Os incomodados que se mudem. Sacanagem, pode ficar se quiser. Quem somos nós para decidirmos quem sai e quem fica.
Abraço.
Engraçado, pois não vejo artigos como esse da Marcela publicado quando Barão Geraldo é tomado por delinquentes e usuários de entorpecentes inclusive dentro das unidades escolares como a tão referida e respeitada UNICAMP, onde a grande parte dos estudantes proclamam pela desmilitarização da polícia militar e ao mesmo tempo incitam o tráfico de drogas dizendo: “plante sua própria maconha para não contribuir com o tráfico” sem mesmo entender do assunto, sendo que plantar, cultivar, guardar é propriamente o tráfico de drogas, crime de artigo 33 da lei de drogas. A polícia militar fazendo o trabalho dela é questão a ser pautada nos dias atuais, porém, de forma pisitiva já que a sociedade se tranca em suas residências para que os agressores criminosos possam circular nas ruas com a forma de nosso governo que tão pouco se interessa pela segurança e educação das nossas famílias. O crime reprime cada vez mais o cidadão e não é notória reportagens abordando o assunto, somente críticas a uma unidade do governo em no momento é a única em que tenta fazer a coisa certa, que é a polícia militar.
A Joice Martins esta Certinha!!!
A materia foi muito infeliz mas atingiu o seu objetivo, ser visto!!!
Abra os olhos povo!
Oque vc espera para o futuro de nossos filhos, desse geito que esta indo as coisas, chega de baderna.
chega de valores invertidos, pelo bem das familias e pessoas de bem.
Concordo com a Ana e a Joyce. Quem se sentir reprimido que não venha para cá e vá para outro lugar. Infelizmente a realidade hoje é outra e não de 25 anos atrás.
Acho que o policiamento ostensivo está sendo necessário sim, porque o ano passado “os manos” vieram de outros bairros pregar o pavor aqui. Quebraram as janelas do Santander, da boutique em frente, da Mother’s Café e destruíram a banca central. Quem arcou com os prejuízos? Os donos dos empreendimentos.
Eles vêem com carros preparados para tocar o mais alto funk e fazer arruaça e arrumar brigas por aqui. Nós que aqui moramos, dispensamos estas visitas. E se ainda queremos sair no Carnaval, é melhor que seja com a polícia do que não sair. E só para lembrar, quem não vai fazer nada errado não tem o que temer. Entendeu dona Marcela?
concordo plenamente
Parabéns pela atuação da polícia militar. Fui ao evento e me diverti mto, apesar da chuva! Gostaria que atuassem mais dessa forma, sempre que possível.
Fui abordado e fui tratado com mto respeito, fiscalizaram meu carro, meus documentos e me liberaram agradecendo pela colaboração.
Quem não deve, não teme.
Direitos só existem pra quem quer pular o carnaval, para os moradores e comerciantes não deve existir. Defendendo pancadões??? O livre direito de pessoas se reunirem na frente de residências que tem crianças, idosos e ligarem o som no último volume??? E se forem proibidos é repressão??? Infeliz é a definição mais amena que encontrei pra este artigo. Pregam tanto um carnaval de paz e pelo visto tudo o que menos querem é isso.
Não tem sentido não querer por perto quem pode garantir a segurança se sua intenção é apenas se divertir.
O direito de um acaba, quando começa o do outro.
Quem não deve, não teme.
Os donos dos comercios agradecem a Polícia
Olavo.
Nem tanto, sou comerciante trabalho até a 1:00H da manhã. Meu alvará está em fase de renovação e com toda documentação dentro do que está sendo exigido pela administração pública, o que me falta é assinatura final da própria prefeitura, que estou aguardando a meses.
Pois bem, fui “aconselhado” pelo fiscal da própria prefeitura a fechar as portas as 22:00h. Oras, como devo agradecer, se no final de semana que tem maior movimento??? Quem vai pagar as minhas contas?? Sou morador de Barão há 50 anos, adoro este lugar, mas não posso compartilhar com tudo que vem acontecendo. Carnaval é importante, sim é importante, mas a segurança deve dar respaldo a sociedade e aos dos foliões, mas fechar comercio!!! Aí já é demais. E nos demais dias??? Quando é que se vê policiamento ostensivo agindo com toda rigorosidade como atuam nesses dias. O que se vê nos finais de semana a noite são outras coisas… nem tanto à terra, nem tanto ao mar.
Você prefere fechar as portas do seu comércio por alguns dias mais cedo ou correr o risco de ter que reformá-lo por inteiro por causa da ação de delinquentes?
Deveria era agradecer de saber que as autoridades estão ajudando a cuidar do que é seu!
Parabéns Polícia Militar e GM pelo trabalho realizado!! Quem não deve não teme!
Me sinto totalmente contemplado e agradecido pela sua publicação, Marcela Moreira. A violência em Barão acontece em grandes níveis durante todo o ano: estupros, assaltos, furtos e ameaças é o que mais se vê ou se ouve falar nessas redondezas. Não existe explicação para a ação da polícia militar e da guarda municipal durante este carnaval. A forma repressora e ostensiva de atuação dessas duas instituições demonstram as falhas de nosso governo e o regresso ao período ditatorial. Os comentários aqui presentes muito me entristecem, frases como: “quem se sentir reprimido não venha pra cá” ou “quando Barão Geraldo é tomado por delinquentes e usuários de entorpecentes” demonstram a fragilidade da opinião pública diante de um artigo voltado a conscientização e ao olhar crítico sob a atuação da polícia militar. Nos dias comuns, quando as festividades se findarem, toda a violência citada acima retornará, observarei essa página nesses dias e verei se essas mesmas pessoas que aqui comentam prestarão seus agradecimentos.
Eu acho que e a policia tem o dever de proteger a populaçao, o comércio enfim, todos aqueles que necessitam, mas neste dia houve um grande abuso de poder, pois meu filho e minha sobrinha chegaram em casa com os olhos queimando por que estavam se abrigando da chuva e houve um desentendimento entre os policiais e um grupo que provavelmente nao estava ali só para se divertir, os policiais ao invés de deter esse pessoal, simplesmente resolveu jogar spray de pimenta em todos que ali estavam. Eu geralmente acompanho meu filho. Eu sou mae, honesta, trabalho e pago impostos.E se estivesse la seria tratada como uma delinquente? Garantir a segurança da população nao seria o trabalho dos policiais? Eu acho um absurdo apoiar uma atitude dessa, as pessoas tem o direito de se divertirem, e quem deve ser punido e quem errou e nao qualquer pessoa simplesmente pq por que se houvesse uma segurança adequada, nos carnavais passados nao teriamos esses problemas.
concordo plenamente
Parabens a PM, acao mais que necessaria…que se repita nos outros dias do ano tambem!
Marcela, lendo seu artigo e possivel imaginar que a senhora nao teve informaçoes sobre os tres ultimos carnavais em barao, tao pouco obetve informaçoes com a comunidade de barao sobre o pos carnaval. Certamente este ano tambem nao esta se informando corretamente, mas vou ajuda-la: Este ano o carnaval de barao esta acontecendo como deve acontecer, quem vai pra se divertir esta se divertindo, pois o poder publico esta agindo como deveria fazer sempre, sem violencia, sem exageros, porem com o rigor necessario para uma situaçao onde 30000 pessoas se concentram. Sou de barao, conheco e tenho contato com pessoas das mais diversar opinioes, umas que defendem o carnaval e outras que sao contra, este ano todas elas estao apoiando o trabalho da PM, GM, Prefeitura, Policia Civil e demais envolvidos na operacao! Que seja sempre assim, parabens a todos que estao trabalhando para que o carnaval aconteça tranquilamente em barao!
concordo plenamente!!!
concordo plenamente
Agora, vamos nos manifestar? Não podemos aceitar recuos nas conquistas democráticas, de ocupar o espaço público, de expressar nossas opiniões,esta é a questão aqui voce poder se manifestar exercer seu direito democrático.
Se quiser exercer seu direito democrático sendo assalto, fazendo parte de uma multidão sem comportamento social, com algumas pessoas visivelmente drogadas e colocando sua integridade física em risco, fique à vontade! Mas faça tudo isso em outro lugar, pois quem reside em Barão Geraldo mora aqui exatamente pela tranquilidade, e principalmente pelo nível comportamental e sociocultural das pessoas!
Segurança é ilusão! Ninguém está seguro porque ninguém é inocente. Nem eu, nem vocês. Muito menos a polícia! Voltem aos documentos históricos e irão se recordar ou conhecer.
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Parabéns por sei artigo Marcela. A polícia teve uma ação intimidadora. Ela abusou do poder. Helicóptero, tropa de choque, armas ostensivamente mostradas, postura agressiva, cercos e até cachorros! Queremos segurança e a polícia nos causou medo. Não nos trataram como cidadãos. A qualidade do serviço prestado pela PM foi péssima.
Geralmente, um cidadão que se sente intimidado pela presença da polícia, DEVE!
Eu não comemoro o carnaval, mas resido há 50m da Praça do Coco, e essa é a primeira vez desde quando moro aqui que pude treinar, patinar e transitar pelas ruas de Barão Geraldo me sentindo segura.
Sendo assim, sou a prova viva de que as ações da PM, GM e EMDEC são extremamente necessárias para combater a presença dos foliões que não são de bem!
Não quero ser injusto com a Guarda Municipal. A qualidade do serviço prestado por ela foi igualmente péssima.