Manifestantes protestam contra o aumento do transporte público coletivo em quatro pontos da cidade de São Paulo na tarde de hoje (19). Uma das mobilizações, convocada pelo Movimento Passe Livre (MPL) em sua página no Facebook, começou a se concentrar no cruzamento das avenidas Faria Lima e Rebouças, que já estavam bloqueadas pelos manifestantes nos dois sentidos, às 17h30. De lá, o grupo se dividiu em dois atos: um segue até a prefeitura e outro até o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo estadual.
O policiamento no local de concentração está menos ostensivo em comparação aos protestos anteriores, mas já há homens da Tropa de Choque e da Força Tática da Polícia Militar (PM).
“O governo do estado e a prefeitura deveriam assumir que não baixar as tarifas é defender o lucro dos empresários. Uma auditoria já feita sobre o sistema de transporte em ônibus mostra que o lucro dos empresários está acima da média. A nossa estratégia é não sair da rua enquanto a tarifa não cair”, disse Erica de Oliveira, do MPL.
O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e a Frente do Povo sem Medo também se manifestam contra o aumento da tarifa em mais dois pontos da cidade: no metrô Capão Redondo, zona sul da cidade, e no metrô Itaquera, zona leste. Eles divulgaram que estarão nas ruas “por entenderem que o aumento da passagem não responde aos anseios de um transporte digno para a maioria da população e ao mesmo tempo em que tarifa mais alta significa menos comida na mesa do trabalhador da periferia”.
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) disse, em nota, que vai providenciar a segurança no trajeto das duas manifestações do MPL e que já entrou em contato com a prefeitura para solicitar a alteração nas linhas do transporte público, o recolhimento do lixo e de entulho das ruas que fazem parte do trajeto das manifestações. A SSP foi informada das manifestações organizadas pelo MTST ontem (18) à noite.
Na última quinta-feira (14), o MPL realizou dois protestos, um no centro da cidade e outro na zona oeste. Em todo o percurso, houve forte presença da polícia, que manteve a tática de “envelopar” a passeata, ou seja, cercar com cordões de policiais as laterais, a frente e a retaguarda do protesto.
Aumenta a reprovação da população ao transporte público
Aumentou o número de moradores da capital paulista que reprovam o valor das tarifas do transporte público na cidade. Segundo a pesquisa Indicadores de Referência de Bem-Estar no Município (Irbem), divulgada hoje (19), 81% dos moradores da cidade de São Paulo avaliaram com notas entre 1 e 5 o preço das passagens de ônibus, trens e metrô.
O levantamento ouviu 1,5 mil pessoas entre 30 de novembro e 18 de dezembro do ano passado. No levantamento anterior, feito no final de 2014, a desaprovação era de 74%.
Nesta terça-feira, São Paulo tem o quarto dia de protestos contra o reajuste das tarifas do transporte público de R$ 3,50 para R$ 3,80. O Movimento Passe Livre (MPL) convocou um ato com concentração na Avenida Brigadeira Faria Lima que se dividirá em duas frentes: uma seguirá para a prefeitura, no centro da cidade, e a outro para o Palácio dos Bandeirantes, sede do Executivo estadual, na zona oeste. O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto também convocou duas manifestações para o final da tarde de hoje – uma na zona leste e outra na zona sul da capital.
De acordo com a pesquisa Irbem, 17% da população paulistana acha que a qualidade de vida piorou muito e 19%, que piorou um pouco. Na pesquisa anterior, os percentuais para os itens eram 3% e 10%, respectivamente. O percentual dos que acham que a qualidade de vida melhorou muito caiu de 9% para 6%. O número dos que acreditam que melhorou um pouco caiu de 28% para 17%.
Houve queda em 24 das 25 áreas que compõem o índice. A única que permaneceu estável na comparação com a pesquisa anterior foi a de relações com animais. Os itens relacionados a trabalho, desigualdade social, assistência social e consumo estão entre aqueles cuja avaliação mais piorou.
Para o coordenador executivo da Rede Nossa São Paulo, organização responsável pelo estudo, Maurício Broinizi, os resultados foram influenciados pelo contexto de crise econômica e política. “As perguntas mais genéricas estão refletindo o contexto histórico que nós estamos vivendo, de muito pessimismo, e a crise econômica, que interfere muito no bem-estar das pessoas”, disse Broinizi após a apresentação da pesquisa.
Segundo Broinizi, as perguntas objetivas sobre serviços públicos tiveram variação muito menor e até melhora de avaliação, em alguns itens. “Quando comparamos com as avaliações que os paulistanos fazem ponto a ponto dos serviços e equipamentos públicos, as variações são muito pequenas”, afirmou.
Poder Público
As avaliações relacionadas à atuação do Poder Público tiveram queda significativa. Apenas 5% dos moradores de São Paulo consideram ótimas ou boas as ações da Câmara Municipal. Para 71% dos entrevistados, o trabalho dos vereadores é ruim ou péssimo. No levantamento anterior, o índice de aprovação do Legislativo municipal era de 10%.
Quanto à administração do prefeito Fernando Haddad, caiu de 15% para 13% o percentual dos que avaliam o governo como ótimo ou bom e de 45% para 31%, o dos que consideram regular. Os que acham a administração ruim ou péssima passaram de 40% para 56%.
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