Por Luís Fernando Praga
Daqui pra frente, que se faça o novo
Pelas paisagens desta nossa andança.
Que o martelo do tempo forje um povo
Humano e imune ao medo da mudança.
Mudemos generais por professores
E serão mestres sempre respeitados;
Serão também gentis e sonhadores
Para que os sonhos sejam estudados.
Que não me inventem nenhum inimigo;
Que nenhum sentimento seja cego,
Pra que eu enxergue o meu algoz antigo
Oculto nas entranhas do meu ego.
Que meu olhar consiga ser profundo
E ver, além dos rótulos, verdade.
Ninguém é marginal ou vagabundo:
Quem é doente é nossa sociedade.
Que jamais nos furtemos de aprender
Com o que a voz das diferenças fala,
Pra que todos consigam perceber
Tudo o que, como espécie, nos iguala.
Nenhuma vida pode ser menor
Nem minha dor dói mais que as outras dores:
Eis a lição pra se saber de cor,
Pro coração ditar nossos valores.
Que a tolerância sempre tenha chance,
Amparada na paz e paciência
E que, nesse exercício, a gente alcance
A flor da mais perfeita convivência.
Que eu voe livre pela Natureza
E deixe a liberdade nas pegadas.
E que eu deseje a todos tal grandeza,
Buscando o esplendor das revoadas.
Que as fronteiras exalem pelo ar
Pra nos sentirmos bem em cada trilha,
Porque o mundo todo é o nosso lar
E todo mundo é a nossa família.
Que haja mais sorrisos no caminho
E que meu riso ria sem destino,
E eu guarde sempre, ainda bem velhinho,
A força do sorriso de um menino;
Mas sei que vou morrer antes que o mundo
Me mostre que a utopia foi possível.
Então quero viver cada segundo,
Pra minha vida ser inesquecível!
Que a luz dessa utopia brilhe forte
E que clareie o mundo que se quer,
Pra quem vier depois da minha morte,
Pois fé em gente não é menos fé!
Que não haja ganâncias entre nós,
Que as injustiças todas tenham fim
Quando ecoar um grito em nossa voz:
“O dinheiro não manda mais em mim!”
Nunca seremos mais escravizados
À superprodução obsoleta,
Não morreremos mais envenenados
Nem dilapidaremos o planeta
No fim da servidão à hipocrisia,
Ninguém decidirá pra onde iremos:
O livre arbítrio e a autonomia
Serão os nossos líderes supremos!
Venceremos abismos e muralhas
E cresceremos sem julgar ninguém:
Aprenderemos mais com nossas falhas…
E todos poderão errar também.
Já é hora de dar o passo à frente,
De pôr um fim a todo preconceito,
De desejar o bem a toda gente!
É hora aprender a amar direito,
Pois amar pouco é amar errado,
O amor absoluto é o coerente.
O querer mal é um mal ultrapassado
E o Bem será melhor daqui pra frente!