Em plena crise política e institucional provocada justamente pela representação na Câmara Federal e falta de participação da população, o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB) diz em palestra que a democracia brasileira “é participativa”.
A frase soa como deboche diante das revelações da Operação Lava Jato e da última votação secreta (escondida da população) na formação das chapas do impeachment.
De acordo com a BBC, por exemplo, descobriu-se que Projetos de Lei são feitos em escritórios de advocacia que representavam as empresas interessadas no tema.
Ou como no caso do Banco BTG e Eduardo Cunha, a população elege deputados que são comprados por grandes empresas para aprovar votações que prejudicam a própria população.
Em São Paulo, a polícia do governo Geraldo Alckmin (PSDB) espanca jovens e adolescentes e comete, como no Rio de Janeiro, um alto índice de homicídios nas periferias. É a democracia participativa de Michel Temer.
Na outra ponta, os parlamentares (seja em câmaras de vereadores, assembleias legislativas ou na Câmara Federal) impedem qualquer movimento de consulta e participação da população. A cada eleição, por exemplo, seria possível fazer inúmeras consultas à população, como acontece nos EUA e em vários países da Europa.
A palestra de Michel Temer – que dentro do governo já é considerado articulador do golpe ao lado de Eduardo Cunha (PMDB) – aconteceu em São Paulo em um evento reuniu uma elite jurídica em torno do Instituto do ministro do Supremo, Gilmar Mendes. Michel Temer ressaltou o fortalecimento da democracia brasileira. “Uma democracia participativa, fruto de uma Constituição com antecedente autoritário, mas capaz de produzir estabilidade”.
Temer afirmou que quando as instituições funcionam pautadas pelo ordem jurídica, não ocorre instabilidade. “Nossa democracia é participativa, permitindo a participação de todos”. (Glauco Cortez)