Indígenas da etnia Guarani Kaiowá reclamam dos constantes ataques de milícias armadas às comunidades do Mato Grosso do Sul. Nos últimos 12 anos, 390 índios foram assassinados no estado, de acordo com o Conselho Indigenista Missionários.
Elizeu Lopes, líder indígena, denuncia o envolvimento de fazendeiros e, inclusive, da polícia e de políticos locais nos ataques. Nos últimos dois meses, as tribos sofreram 12 agressões e pelo menos quatro foram mortos. Os pistoleiros e agressores utilizam armas de fogo, balas de borracha e promovem espancamentos.
“Do último ataque contra o Simão [Vilhalva], nós ficamos sabendo que tem investigação, mas é muito lenta. A Polícia Federal foi rápida e comprovou que o corpo foi baleado na cabeça”. Simão morreu no município de Antonio João, em Mato Grosso do Sul.
A demarcação de terras é uma das principais questões que levam ao conflito no campo. Atualmente, estão paralisados os processos de demarcação e, assim, 45 mil índios precisam viver em apenas 30 mil hectares.
Segundo Elizeu, por esse motivo os povos indígenas passam a viver nas terras onde existe conflito, almejando mais área livre. “Lá a gente tem pelo menos o espaço para produzir, para o sustento próprio, para garantir o sustento e não depender de cestas básicas.”
O líder indígena passou 15 dias na Europa pedindo ajuda aos organismos internacionais. “Convidamos a relatora da ONU, Victoria Tauli-Corpous, três vezes para vir ao Brasil, mas precisa que o governo a convide para vir fazer essa visita. Queremos a vinda de uma comissão de parlamentares europeus também, para ver toda essa nossa realidade”.
Uma das reivindicações junto aos órgãos do exterior é que seja feita uma investigação independente sobre os ataques paramilitares e também sobre o problema do suicídio, que já matou 585 indígenas no estado durante os últimos 12 anos. (Agência Brasil/Fernanda Cruz)