Caça às bruxas: Ministério Público vai para cima de doadores eleitorais pobres

elza fiuza ag brasilO Ministério Público Eleitoral (MPE) está processando mais de cem pessoas, em diversos estados, que fizeram doações simbólicas, que não ultrapassam R$ 100, nas eleições de 2014.

Os casos envolvem doadores que se declararam isentos no Imposto de Renda, e por isso, não teriam ganhos que justificasse as doações. A ofensiva do MPE deve ter o efeito de inibir doações de pessoas físicas, temerosas de serem contestadas na Justiça.

No Rio de Janeiro, o eleitor Lucas Mourão está sendo processado por duas doações, que somam R$ 60, para as campanhas de Jean Wyllys (deputado federal eleito) e Tarcísio Motta (candidato a governador), ambos pelo Psol.

Em entrevista à repórter Camila Salmazio, da Rádio Brasil Atual, Lucas conta que as doações foram “simbólicas”, com o intuito de fortalecer as campanhas. A Justiça Eleitoral quebrou o sigilo fiscal de Lucas e concluiu que ele não tinha nenhum rendimento em 2013, por ter se declarado isento no Imposto de Renda, o que impossibilitaria qualquer doação. De acordo com a Lei Eleitoral, as doações para campanhas não podem ultrapassar 10% dos rendimentos obtidos no ano anterior.

“O mais bizarro de tudo é que a acusação é basicamente a seguinte: você é pobre demais para doar R$ 60”, contesta Lucas. Para ele, a ação do MPE-RJ é um atentado contra a democracia e pode desestimular novas contribuições espontâneas. Lucas, que também é advogado, apresentou sua defesa e anexou extratos bancários para comprovar que tinha tido renda no ano anterior, mesmo assim, o órgão pede a sua condenação.

O bacharel em Física Matheus Lara, que fez duas doações, no valor de R$ 50 cada, para Flávio Serafini, candidato a deputado estadual pelo Psol, e Tarcísio Mota, assim como Lucas, também está sendo processado. “Como eu não tinha feito a declaração do IR, parece que o MPE entendeu que a minha renda era zero.”

Na interpretação do Tribunal Superior Eleitoral qualquer pessoa física isenta do Imposto de Renda pode doar até R$ 2.450 para partidos ou candidatos, valor muito superior ao ofertado por Lucas e Matheus aos candidatos do Psol.

Por meio de nota, o MPE-RJ explicou que a lista de pessoas em situação irregular foi elaborada pela Receita Federal, a partir do cruzamento com informações disponibilizadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e que cabe aos promotores eleitorais de cada estado, ao qual essa relação de pessoas foi encaminhada, a decisão de ingressar ou não com uma representação. (RBA)

 


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