A 10ª Mostra Latino-Americana de Teatro de Grupo levará aos palcos da capital paulista a junção de arte e ativismo político, o chamado “artivismo”. Serão 12 espetáculos de quatro companhias internacionais, vindas de Cuba, Chile, Equador e Argentina, além de oito companhias nacionais. A Mostra começa nesta sexta-feira (30) e vai até o dia 8 de novembro. Todas as apresentações são gratuitas.
Edgar Castro, coordenador geral do evento, explica que o eixo temático da edição atual foi escolhido em razão do momento de grande tensão política por que passa o país, com ameaças de retrocessos à democracia. “Esse eixo vem no sentido de colocar no centro da discussão a dimensão política do nosso fazer teatral”, disse. “Toda manifestação artista possui uma dimensão política, mesmo que o artista diga que não se interessa pela politica. Então, resolvemos trazer à tona essa dimensão mais explicitada, escancarada da relação da arte com a ação política. O ‘artivismo’ nos pareceu um conceito histórico muito adequado”, acrescentou.
Uma das novidades deste ano será a apresentação do Coletivo Estopô Balaio com uma montagem dentro do trem da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), no trecho entre as estações Brás e Jardim Romano da Linha 12-Safira. Será apresentada a peça A Cidade dos Rios Invisíveis, inspirada no livro Cidades Invisíveis, do escritor italiano Ítalo Calvino. A narrativa foi construída a partir de relatos de moradores sobre as enchentes que assolam o bairro há décadas. “O espetáculo provoca um outro olhar para a paisagem urbana que o público vai vendo na sua viagem no trem”, contou Edgar.
A Mostra também expandiu a área de atuação, com atenção especial às periferias. Estão programadas apresentações no Centro Educacional Unificado (CEU) das regiões do Capão Redondo, da Cohab Inácio Monteiro, de Perus, da Cidade AE Carvalho, além do Centro Cultural da Juventude da Vila Nova Cachoeirinha, do Espaço Sobrevento no Bresser e no Instituto Pombas Urbanas na Cidade Tiradentes.
“A ideia é capilarizar cada vez mais dentro do espaço geográfico da cidade, atingindo uma população marcada pela exclusão em vários sentidos. São Paulo é uma cidade estruturada em dinâmicas de exclusão muito perversas. Ampliar o âmbito de circulação da mostra vai no sentido de também furar esses bloqueios de exclusão cultural”, afirmou o coordenador da mostra.
As apresentações estão programadas também para o centro da cidade, na SP Escola de Teatro da Praça Franklin Roosevelt e no Centro Cultural São Paulo da Liberdade. No total, são 11 locais diferentes, com 52 interações com o público. A expectativa é superar o público de 13 mil pessoas, número de espectadores da edição do ano passado. A programação completa está disponível no site .