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Pessoas estão tão acostumadas com propagandas enganosas que não se sentem enganadas

Por Regis Mesquita

Até quando você vai aceitar o marketing usar ilusões e enganações para influenciar a mente das pessoas?

A propaganda da Coca-cola (acima) promete: abra a felicidade (open happiness). Obviamente, a felicidade é a garrafa de Coca-cola.

Como assim?

Felicidade, Coca-cola… quer dizer que ingerir um monte de produtos químicos é a felicidade prometida?

As pessoas estão tão acostumadas com este tipo de anúncio que desprezam o fato de haver uma grande ilusão embutida (1).

Felicidade e refrigerante não tem nada a ver.

O que acontece é que todos estão acostumados com os mais ricos e poderosos da sociedade ganharem dinheiro da forma que for melhor para eles.

A propaganda é uma grande fonte de dinheiro para os donos de revistas, jornais, tvs, etc.

Os donos das empresas de bebidas também ganham muito dinheiro.

Os empresários sabem que venderão mais se associarem o refrigerante com algo que não tem nada a ver com o produto.

Todos eles sabem que as vendas aumentam com muito dinheiro gasto em marketing.

As vendas aumentam porque o marketing é capaz de influenciar a mente de milhões de pessoas.

Não se engane. Eles já teriam deixado de anunciar se as propagandas fossem inofensivas ou ineficientes.

Eles querem dinheiro e o único motivo para gastar muito dinheiro com marketing é porque o retorno financeiro é muito grande.

E o dinheiro sai do bolso de todos os que, de mente influenciada, compram voluntariamente o produto.

A verdade é que a maioria das pessoas está disposta a desconsiderar os malefícios dos refrigerantes sempre que são iludidas com associações “positivas”.

(Atenção: mais do que vítimas, os consumidores são partícipes.)

As empresas de refrigerantes tentam se associar a várias situações felizes, legais ou nobres, além de mentir descaradamente em outras.

O que este tipo de empresa está disposta a fazer quando a campanha por uma alimentação saudável coloca em risco parte de suas vendas?

Pense bem? Pense de novo?

Ela aplaude e vende menos, tendo lucros menores?

Ou tenta encontrar um meio de preservar suas vendas?

A resposta vem no texto que reproduzo abaixo:

“Coca-Cola financia cientistas que desvalorizam riscos de má alimentação

A empresa de bebidas norte-americana fez uma parceria com cientistas influentes para que eles difundam a ideia de que o sedentarismo, e não a má alimentação, é o principal responsável pela obesidade.” (Fonte: aqui)

A bem da verdade, a empresa está jogando o “jogo do capitalismo” segundo as regras vigentes.

Não são os únicos e nem os piores.

São os maiores, um dos que mais investem em publicidade, por isto mais fácil de reparar.

Mentiras, promessas mirabolantes, tentativa de influenciar a mente e as opiniões das pessoas são uma rotina na vida dos grandes executivos.

Do outro lado estão grupos e pessoas da sociedade civil dispostos a criarem regras mais rígidas e criminalizarem várias destas condutas.

É uma luta!

Empresas de cosméticos são até piores, neste sentido.

O site americano “Science Alert” publicou o resultado de um estudo com o título sugestivo: “Mais de 80% das reinvindicações dos produtos cosméticos são falsas, diz estudo”.

O estudo analisou 289 anúncios de página inteira publicadas em revistas como Vogue, Marie Claire, Glamour, entre outras.

Uma comissão de especialistas julgou cada frase dos anúncios segundo critérios de veracidade. Os critérios da verdade foram: mentira deslavada, omissão, vagas e aceitáveis.

Apenas 18 por cento das reivindicações feitas nos anúncios foram consideradas aceitáveis pelos juízes. (Reivindicações são aquelas frases que servem para dar sentido ao anúncio; por exemplo: “clinicamente comprovada”). Os outros 82% são vagas, omissas ou mentiras.

A notícia está aqui e o estudo está aqui.

O que fazer?

Os casos de charlatanismo devem ser encaminhados para investigação e penalização. Cabe ao cidadão torcer pela penalização dos responsáveis.

A maioria dos problemas citados neste texto não são ilegais, são imorais.

O primeiro passo é conscientizar a população dos malefícios deste tipo de propaganda.

Em muitos casos é necessário proibir qualquer tipo de marketing (bebidas alcoólicas, refrigerantes e outros).

É urgente modernizar e tornar muito mais rígidas as regras e leis referentes ao marketing e a publicidade.

Inclusive deve-se criar um órgão de controle realmente independente gerido por entidades da sociedade civil ( Conselho federal de Psicologia, etc.) para ser o mediador de conflitos em casos específicos.

Dica de leitura:
Como a propaganda te influencia sem você perceber
1 – a propaganda da Coca-cola é legal perante a legislação brasileira.

Regis Mesquita é autor do Blog Psicologia Racional

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