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Polícia mata 8 mil pessoas em 10 anos no Rio de Janeiro e violência não diminui

A violência da PM não compensa. Essa é a conclusão que se chega com os dados apresentados hoje pela Anistia Internacional. Entre inocentes e criminosos, policiais militares mataram 8 mil pessoas no estado do Rio de Janeiro entre 2005 e 2014.

Apesar desse extermínio, a violência no Estado carioca praticamente se mantém igual, segundo dados do próprio Instituto de Segurança Pública (ISP), autarquia do governo do Rio de Janeiro. Veja gráficos abaixo com dados até 2012. Em pesquisa recente, 62% da população do Brasil tem medo da PM.
Incapaz de mexer uma palha no combate à violência por meio de políticas sociais, de distribuição de renda e cultura e combate a criminalização excessiva, o Estado brasileiro adotou um verdadeiro Estado de Terror no combate à violência. Mesmo que reduzisse a criminalidade não seria justificável, mas o pior é que a violência policial é ineficaz. (Carta Campinas)

As 8 mil mortes provocadas pela PM no Rio de Janeiro

Mais de 8 mil pessoas foram mortas por policiais militares no estado do Rio de Janeiro entre 2005 e 2014. Na cidade do Rio, foram mais de 5 mil vítimas. Em 2014, o número de mortes em decorrência da intervenção policial correspondeu a 15,55% do total de mortes violentas intencionais registradas no estado, segundo estudo Você matou meu filho! – Homicídios cometidos pela Polícia Militar no Rio de Janeiro, divulgado hoje (3) pela Anistia Internacional.

A pesquisa informa que, entre 2010 e 2013, 99,54% das vítimas eram homens, 79% eram negras e 75% tinham entre 15 e 29 anos. Para Átila Roque, diretor-executivo da entidade no Brasil, o patamar de homicídios cometidos pela Polícia Militar é muito alto.

“A anistia não pode se furtar de pontuar e sublinhar um problema que persiste em um patamar muito alto, mesmo reconhecendo os avanços. Ainda estamos falando de 580 autos de resistência no estado do Rio de Janeiro por ano. Esse é um patamar muito alto”, destacou Roque.

A Anistia Internacional analisou assassinatos na Favela de Acari. De acordo com a entidade, os casos na região “são apenas a ponta do iceberg de conjunto de violações de direitos humanos dos residentes locais”.

“A Anistia Internacional documentou diversos casos de agressões físicas, invasões arbitrárias de domicílios, ameaças e roubos. São situações que se repetem frequentemente em muitas operações da Polícia Militar”, diz documento.

Em 2014, dez pessoas foram mortas pela Polícia Militar na favela. Há 25 anos, 11 jovens, sendo 7 menores de 18 anos, desapareceram. A suspeita é de envolvimento de policiais no episódio, que ficou conhecido como Chacina de Acari. A entidade escolheu analisar os casos na favela após apelo de moradores e defensores de direitos humanos em decorrência do número de mortes registrado no ano passado. Os pesquisadores ouviram moradores, testemunhas, famílias de vítimas e servidores públicos, incluindo policiais civis e militares.

Uma das violações mais relatada pelos entrevistados foi o arrombamento de portas e invasão de casas, com uso de chave-mestra, sem apresentação de mandado judicial. “Em muitas ocasiões, as casas estão vazias, mas há casos de moradores surpreendidos por policiais dentro de suas próprias residências. Moradores que relataram a invasão ilegal de suas casas disseram ainda que policiais militares levam dinheiro, eletrodomésticos e comida”.

Segundo o relatório, as invasões servem a um procedimento chamado “troia”, quando, conforme a Anistia Internacional, são feitas execuções sem que a vítima ofereça perigo aos policiais. De acordo com a organização, em declaração anônima, um policial relatou que “um grande grupo de policiais, com várias viaturas, entra na favela fazendo muito barulho e depois sai. Só que dentro da favela ficam alguns policiais escondidos em alguma casa esperando os traficantes aparecerem. É uma tática para execução. Ninguém está querendo prender ninguém. Não dá nem para chamar isso de tática, né? Mas a lógica, qual é? Quando os traficantes aparecem, os policiais que estão escondidos os executam”. (Vinícius Lisboa/ Agência Brasil)

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