Por Cida Sepulveda
Recentemente conheci Vera Ferro na Galeria de Artes da Unicamp. Ela expunha algumas obras e falou sobre o seu trabalho para alunos da EMEF Maria Pavanatti Fávaro.
Além de gostar do que vi, me surpreendi com a aula de artes dada por ela. Fala de quem vivencia o processo artístico e conhece a fundo os dramas e os prazeres que a criação engendra.
Pensei em escrever uma crônica sobre o acontecimento, mas a falta de tempo para a expressividade e comunicação, mais uma vez se sobrepôs ao desejo, à necessidade de registrar momentos valiosos que ocorrem nesta Campinas pouco afeita à cultura de qualidade.
Logo depois desse encontro, recebo pelo Facebook a notícia da morte de Edgar Rizzo, diretor teatral que fez história na cidade.
Ao chegar aqui, em 1980, logo soube da fama do Edgar. Mas, só fui conhecer seu trabalho quando acompanhei alunos da EMEF Pavanatti à apresentação da peça Carlito Maia – do sagrado ao profano, concebida e dirigida por ele.
Fiquei impressionada com a qualidade da dramaturgia de Edgar, não esperava tanto de um diretor provinciano. À saída do teatro, procurei-o para que se deixasse fotografar junto a alguns alunos e ele foi muito simpático.
Pedi também que fosse à escola para falar sobre teatro aos alunos e ele gostou da ideia. Combinamos que nos falaríamos em breve. Pouco tempo depois, mandei-lhe um e-mail, mas não recebi resposta.
Esperei um pouco mais e telefonei para a sua casa. Então, soube que sofrera um AVC, mas que já se recuperava. Combinamos de trocar nossas experiências literárias.
Fui visitá-lo. Dei-lhe meus livros e ele me deu os dele. Gostei muito de seus textos do livro Fragmentos do dia – Histórias egidienses e escrevi uma crônica a respeito – O trem cabrita, que está publicada nesta coluna.
Entre uma e outra reflexão sobre vida e morte que a partida de Edgar me suscita, penso em Vera Ferro que também faz história em Campinas. Os dois podem ser referências para os jovens, principalmente, os de escolas públicas, que não quase não têm acesso aos bens culturais da cidade.
O fato de ter conhecido esses artistas quando eu levava alunos para o teatro e para uma galeria de arte me dá muita satisfação. Não concebo a arte desvinculada do mundo, tanto em sua gênese quanto em sua disseminação.
Obrigada Vera e Edgar.
De fato, não tem sentido desvincular a boa ARTE do ensino escolar nem do cabedal cultural que se pretende que adquiram nossos educandos; sequer, de seu dia-a-dia. Se todo VERDADEIRO EDUCADOR se propusesse assim a desenvolver nos alunos, nos filhos e nas demais pessoas em quem possa influir, de alguma forma, o gosto artístico, a busca do lirismo, a sensibilidade diminuiriam com certeza a violência, a ignorância e as más tendências.