Os 16 mil moradores de Pirapora do Bom Jesus, na região metropolitana de São Paulo, surpreenderam-se nos últimos dias com o volume de espuma que cobriu o Rio Tietê e tomou as ruas da cidade. Com mais de 3 metros de altura, a camada de espuma chegou até a porta de algumas casas. O fenômeno é frequente nesta época do ano, quando as chuvas diminuem e o problema da poluição no rio se agrava.
A espuma é provocada pela poluição ao longo do rio, principalmente de detergente não biodegradável, que tem em sua composição fósforo e nitrato, elementos presentes na maioria dos produtos de limpeza e higiene fabricados no país. O lixo e o esgoto clandestinos jogados ao longo do rio chegam perto da barragem da Usina Hidrelétrica do Rasgão e, com o movimento das águas no local, esse detergente provoca a formação de espuma que pode até se espalhar por toda a cidade com a ação do vento.
Segundo a prefeitura, o problema ocorre há mais de 30 anos e prejudica inclusive o turismo [essencialmente religioso] e também a prática de atividades de lazer no rio. Além disso, causa problemas de saúde e mau cheiro. A solução depende de altos investimentos pelo governo estadual que, de acordo com a prefeitura, prometido para os próximos cinco anos. A recomendação para os moradores é ficarem longe da espuma.
Em nota, a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), ligada à Secretaria do Meio Ambiente do governo paulista, explicou que a formação de espuma, como ocorre frequentemente no Rio Tietê ao longo das cidades de Santana de Parnaíba, Salto e Pirapora do Bom Jesus, está relacionada principalmente à baixa vazão de água e à presença de esgotos domésticos não tratados.
“A solução desse problema está associada principalmente à implantação dos sistemas adequados de esgotamento sanitário, incluindo a coleta, o afastamento, o tratamento e a disposição final dos esgotos domésticos, os quais são de atribuição dos municípios e das concessionárias de saneamento”, diz a Cetesb.
A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) informou que, desde 1993, executa o Projeto de Despoluição do Tietê, que já reduziu em 160 quilômetros [ou 86,6%] a mancha de poluição no Rio Tietê. A companhia informou que vem ampliando o sistema de coleta e tratamento de esgoto na região metropolitana.
“Além da coleta e tratamento de esgoto, o combate à poluição difusa, de responsabilidade das prefeituras, e o controle do despejo de fósforo e nitrato em produtos de limpeza e higiene são essenciais para evitar a formação da espuma,” diz nota da companhia. (Elaine Patricia Cruz e Marli Moreira/Agência Brasil)