Como parte das comemorações dos seus 30 anos, o Lume Teatro (Núcleo Interdisciplinar de Pesquisas Teatrais da Unicamp) realiza em sua sede duas apresentações do espetáculo “Alphonsus”, solo de Raquel Scotti Hirson com direção de Ana Cristina Colla. A primeira acontece nesta quinta-feira, 28, e a segunda na sexta-feira, 29, ambas às 20h.
Um neta que busca encontrar-se com o bisavô que morreu 50 anos antes dela ter nascido. É a partir daí que acontece o desenrolar do espetáculo teatral “Alphonsus”. Neta do poeta simbolista mineiro Alphonsus de Guimaraens, Raquel decidiu ir ao encontro do avô a partir de suas poesias, buscando compreender como a sua criação poética foi possível em meio a um cenário de monotonia que marcava os longos dias provincianos do poeta que nasceu em Ouro Preto e morreu em Mariana. Ela buscou na família e em sua infância os laços que permitissem a ela encontrar conexões entre poesia, vida e criação, deixando-se envolver por fantasias e concebendo um espetáculo que entende a memória como criação.
A memória realmente parece ser o ponto de partida para a criação deste espetáculo, é pela memória que ele se faz, ou, ao menos, pela vontade de construir uma memória. As palavras é que estão em ação, ou seria a ação das palavras?. Essas complexidades, esses pequenos jogos com sentidos e significados, formam um espetáculo onde poesia e imaginação se conjugam para a recriação, no corpo, das memórias pessoais que conectam a atriz ao seu bisavô.
A vida e história do poeta são particularmente interessantes e feitas de momentos que, no palco, ganham uma potencialidade conferida pela estética teatral capaz de fazer com que ele seja lembrado e (re)vivido.
Um importante nome do simbolismo brasileiro, Alphonsus ficou conhecido como “O Solitário de Mariana” devido ao estado de isolamento em que viveu. O isolamento, de certa forma, contribuía para aumentar o caráter místico de sua obra, próprio dos simbolistas. Seus versos, agora transportados para o palco, falam de amor, morte e religiosidade. Melancólicos e musicais, o que também faz jus ao estilo simbolista, são repletos de anjos, serafins, cores roxas e virgens mortas.
A entrada é gratuita com distribuição de senhas com 1 hora de antecedência. (Carta Campinas com informações de divulgação)
“…mas os olhos dela continuam a mirar-me eternamente, porque eu não tive coragem de cerrá-los, como se faz com os olhos de todos os mortos.”
Alphonsus de Guimaraens
FICHA TÉCNICA DO ESPETÁCULO
Concepção e atuação: Raquel Scotti Hirson
Direção: Ana Cristina Colla
Trilha sonora original: Marcelo Onofri
Cenografia: Anybool Crys
Figurinos: Silvana Nascimento
Desenho de luz: Nadja Naira
Técnicos: Maria Emília Cunha e Francisco Barganian
Projeções: Anybool Crys e Alessandro Poeta Soave
Músicos (gravação da trilha): Marcelo Onofri (piano), Edu Guimarães (sanfona) e Maíra Rodrigues Vicentim (voz)
Gravação e mixagem de som – Nelson Pinton (Vitrola Digital Studio)
Orientação da pesquisa: Suzi Frankl Sperber
Apoio administrativo: Giselle Bastos
Design gráfico e fotos: Arthur Amaral
Registro audiovisual: Alessandro Poeta Soave
Assessoria de comunicação: Marina Franco
Produção executiva: Dani Scopin
Direção de produção: Cynthia Margareth
LUME – Núcleo Interdisciplinar de Pesquisas Teatrais – COCEN – UNICAMP
Atores-Pesquisadores e Atores-Pesquisadores Colaboradores:
Ana Cristina Colla, Carlos Simioni, Jesser de Souza, Naomi Silman, Raquel Scotti Hirson, Renato Ferracini e Ricardo Puccetti