Nós fomos desde sempre, até que enfim chegamos e vamos ocupar o mundo dos negócios, se o mundo é nosso, logo, somos sócios da grande copa em seus bilhões de ramos. Mas em nosso negócio, amar é racional e tolerar é um preceito básico, o ódio cultivado é um dano neoplásico, assim como adorar ao capital. Nos espalhamos por todos os cantos e já nos acenamos pelos montes, dos muros escombrados, construímos pontes e é muito bom sentir que somos tantos. À vida e à liberdade rumam os caminhos e em nossos sonhos de simplicidade, já vemos florescer a humanidade que enxerga fruto e flor além de espinhos. Não vês, mas caminhamos ao teu lado pra te dizer que há nada em teu conforto que justifique a mãe de um filho morto ou o filho de um pai escravizado. Sabemos que um só sangue corre em nossas veias e ainda que distantes por andanças, somos os pais de todas as crianças e não queremos vê-las em cadeias. Não precisamos impor mais nenhum deus, pois antes de julgar quem use mal seu nome, é mais divino combater a fome e saber evitar os fariseus. Vamos plantar um mundo diferente, no qual as diferenças venham pra somar e rios muito limpos tributem-se ao mar e cada ser será uma semente. Procuraremos ver as partes boas, porque é bem melhor viver em paz e apesar de quem as julgue más, é uma só a essência das pessoas. Quando encontrada a joia essencial que torna grande e bela a nossa pequenez, não há porque viver na insensatez e é fácil dizer não ao vil metal. Não tornaremos crimes nenhum erro e por eles faremos ensinar, pois como a serração ao pé do serro, o erro é um belo adorno do lugar. Não mais dirão certezas nossos lábios, nos fazem tristes e estacionados, a prepotência é um vício dos passados e a dúvida, atributo dos mais sábios. Nosso trabalho só nos fará plenos, nosso salário será sermos leves, os nossos olhos vão chorar bem menos e nossas mágoas serão muito breves, então barganharemos risos por poesias, daremos muito crédito aos abraços e sem notar daremos nossos passos, buscando sempre novas utopias.