Neste mês de abril, o Carta Campinas estará ilustrado com obras do artista plástico contemporâneo Acácio Pereira, como parte do projeto Carta Campinas Visuais.
Em uma pulsação de formas e linhas abstratas, passando por figurações geometrizadas e intensamente coloridas, e chegando a uma arte digital, em que se combinam técnicas fotográficas com uma particular influência musical, que se deixa ver seja pelos elementos representados (músicos com seus instrumentos), seja pelas cores e linhas que parecem traduzir em imagens as frequências do som, acompanhando tendências experimentais da música eletroacústica, a arte de Acácio Pereira parece se transformar no mesmo movimento em que se cria, avança e dialoga consigo mesma em diferentes fases.
A primeira fase, anterior aos anos 2000, compreende obras que nos chegam quase como um grito, um estilhaço, uma explosão em puro movimento. São obras, no entanto, pensadas na sua liberdade, que trazem consigo certa espacialidade cósmica (caso das “Mandalas Tridimensionais Assimétricas”), e certa feitiçaria da forma que faz lembrar procedimentos surrealistas e expressionistas (caso de “Feitiço”).
Já a segunda fase, com obras do início dos anos 2000, resgata o elemento figurativo, mas o contorna com uma infinidade de pequenos detalhes e formas geométricas, preenchidas por uma multidão de cores que parece ampliar o olhar e a percepção. Há algo que nos lembra os saltimbancos e arlequins de Picasso.
Em sua terceira fase, que compreende obras bem recentes, o artista combina a fotografia com a arte digital e cria cenas onde certo elemento digital, de modernidade experimental, com texturas diferentes, ganha forma. A influência da música é aqui expressiva, particularmente das vertentes da música eletroacústica que justamente busca, assim como parece acontecer com as obras do artista, uma harmonização entre sonoridade e imagem (caso de “Musictronycs”).
Acácio Pereira nasceu em 1961 na cidade de Santa Cruz do Rio Pardo (SP). Começou cursando Engenharia Civil na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), onde teve contato com alunos do curso de Artes Plásticas que, ao verem alguns de seus desenhos, o incentivaram a assistir aulas como ouvinte no Instituto de Artes da mesma universidade. Começou a pintar dentro da Unicamp, por volta de 1986, onde morou durante dois anos em uma “ocupação” estudantil chamada “TABA” (movimento que reivindicava moradia para estudantes).
Foi nesse clima de intensa atividade político/cultural que iniciou suas atividades com a pintura. A música sempre esteve presente na sua vida e na sua obra, pois além de pintor e artista digital, também é compositor e participou de vários grupos musicais nas décadas de 80 e 90 com músicas de sua autoria.
A pintura abstrata dominou suas telas por mais de dez anos e, aos poucos, as figuras foram aparecendo e preenchendo o espaço até então dominado por linhas, cores e formas fragmentadas e pinceladas livres multicores.
A partir de 2010, usando suas fotografias e suas pinturas abstratas como matéria prima, iniciou a sua fase digital, em que se destacam experiências com a fotografia e arte digital, com a utilização de filme positivo, projeção de imagens e outras técnicas fotográficas como sobreposição de imagens.
(Maura Voltarelli)
Abaixo, algumas obras representativas de seus diferentes períodos artísticos: