O uso da tecnologia na agricultura pode reduzir perdas de água e aumentar a produtividade das culturas com racionalidade e sem desperdício. Experiências desse tipo já são feitas por agricultores familiares no Núcleo Rural Boa Esperança, em Ceilândia, no Distrito Federal.
No Brasil, a agricultura familiar responde por cerca de 40% da produção agrícola, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), e por 70% dos alimentos que entram no prato do brasileiro.
O agricultor Edivan Ferreira Machado, do Núcleo Rural Boa Esperança, usa em sua propriedade o sistema de gotejamento para irrigar os 20 canteiros de hortaliças, onde planta jiló, maxixe, quiabo, couve-flor, pimentão, entre outras culturas.
É uma tecnologia simples, mas eficiente para garantir uma lavoura saudável o ano todo e otimizar o consumo de água, garante a engenheira agrônoma da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF) Maíra Teixeira de Andrade.
“A instalação do gotejo é mais cara, mas tem uma série de vantagens em relação à tradicional aspersão. A eficiência de economia de água é bem maior porque a irrigação é localizada, nas raízes das plantas”, disse.
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a agricultura é responsável hoje por 70% do consumo total de água do planeta.
O gotejamento consiste na instalação de uma ou duas mangueiras com pequenos furos, posicionadas no pé da planta e protegidas por um plástico que ajuda a reter a umidade no solo.
A técnica da Emater explica que esse é um sistema de fertirrigação. “Os agricultores não precisam fazer adubação de cobertura, porque existe um controle na saída da tubulação, com um filtro, que mistura o adubo na água, então há também uma economia de fertilizantes”, disse.
Outras vantagens são a facilidade na mão de obra e a prevenção das pragas e doenças, já que o sistema não molha as folhas das plantas, impedindo a disseminação de fungos.
Edivan conta que há 15 anos é proprietário da área de seis hectares e que, até então, não conhecia a técnica de gotejo. “A mão de obra é mais fácil e o sistema não fica molhando o que não deve, além disso, conseguimos aumentar a produtividade”, disse o agricultor, que vende seus produtos na Feira do Produtor de Ceilândia e também para o Programa de Aquisição de Alimentos, do governo federal.
A engenheira agrônoma da Emater explica que o sistema de irrigação e a quantidade de água varia de uma cultura para outra. “No caso do quiabo, por exemplo, é mais interessante usar aspersão porque tem uma doença, o oídio, que se propaga na folha seca, então a água nas folhas controla isso”, disse Maíra.
Segundo ela, é importante também fazer o monitoramento do solo na hora de decidir sobre a irrigação.
A agrônoma acrescenta que a irrigação é feita por tempo de molhamento e que ela precisa ser feita na quantidade certa, porque a planta também afoga. “Meia hora de gotejo, com duas mangueiras, é suficiente”, complementa o agricultor Edivan. (Agência Brasil)