Artistas, frequentadores, usuários e cidadãos de Campinas estão mobilizados por meio de diversas ações contra o fechamento da Oficina Cultural Hilda Hilst, que tem previsão para acontecer no dia 30 de abril.
Prestes a completar dez anos de funcionamento em Campinas, o espaço oferece diversas atividades gratuitas de formação artística ao público desde 2005 e está ligado ao governo do Estado de São Paulo, sendo administrado pela organização social “Poiesis – Instituto de apoio à Cultura, à Língua e à Literatura”.
O motivo do fechamento do espaço seria um corte no repasse de verba da Secretaria de Estado da Cultura para a instituição. O fato do prédio onde se localiza o espaço ser alugado também teria influenciado a decisão de fechar a oficina. Além de Campinas, serão desativados os prédios das oficinas onde os imóveis também são alugados como em Araçatuba, Araraquara, São João da Boa Vista, Bauru e a unidade Luiz Gonzaga, em São Paulo. As atividades antes realizadas por estas unidades serão absorvidas por outras sedes, localizadas nas mesmas regiões. No caso da Oficina Hilda Hilst, em Campinas, as atividades passariam a ser realizadas na unidade de Limeira.
O fechamento, no entanto, é sintomático de um movimento maior que diz respeito a um retrocesso na cultura do estado de São Paulo. Esse retrocesso se traduz em cortes de verbas destinadas a investimentos na área com o consequentemente fechamento de espaços de difusão e formação cultural gratuitas, caso da Oficina Cultural Hilda Hilst, além do esvaziamento de programas importantes de financiamento e incentivo de práticas culturais como o ProAC. Um evento no facebook foi criado pela Cooperativa Paulista de Teatro para denunciar a situação de abandono a que está sendo entregue a cultura no estado e mobilizar a população.
No caso do fechamento da Oficina Cultural Hilda Hilst, em Campinas, uma petição contra o fechamento do espaço foi criada no facebook, pedindo o apoio da população na luta contra o que os organizadores da petição chamam de “injustiça que ameaça a cultura do interior de São Paulo”.
Como diz a página da petição, o fechamento do Oficina Hilda Hilst significa “uma perda inimaginável para a cultura brasileira, pelo fato do local ser não só um símbolo de uma das maiores poetas brasileiras, mas também um centro de formação profissional para estudantes de diversas áreas da arte, onde é oferecida a oportunidade de conhecer novos caminhos, além de compartilhar experiências culturais com profissionais de extrema importância para área artística”.
Dois abaixo-assinados também foram criados em protesto ao fechamento do espaço. Um deles já está com quase 1.500 assinaturas e outro também já está circulando na internet, lembrando que a oficina não deve ser fechada por ser uma instituição que “já está bem estabelecida na cidade, completando 10 anos; por oferecer uma formação complementar na área artística indispensável, pois não está vinculada a nenhuma universidade e é gratuita, portanto, chegando a camadas da população que normalmente não se beneficiam do contato com a cultura em sua forma artística e contemporânea”.
Como parte das mobilizações contra o fechamento da oficina também acontecerá uma exposição-protesto no dia 11 de abril, sábado, a partir das 10h da manhã no Centro de Convivência Cultural de Campinas. A exposição, que tem como um de seus organizadores o artista plástico Alvaro Azzan, será realizada com obras feitas ao vivo por artistas de todas as idades. A temática das obras será justamente fazer uma leitura/releitura da poeta Hilda Hilst (da pessoa, de seus livros, de seus poemas, de sua vida) apenas com papelão e tinta trazida pelo próprio artista.
Além da exposição, também serão montados murais com fotografias de oficinas que aconteceram no espaço. A ideia é realizar uma expressiva mobilização e manifestação artística, buscando reverter essa decisão que termina em mais retrocesso para a cultura de Campinas e de todo estado. (Carta Campinas com informações de divulgação)
Bobagem!
Esse manifesto não vai dar em nada.
Primeiro, porque o governo paulista é de uma prepotência sem fim, e não se move por força de nenhuma sensibilidade cidadã. Em segundo lugar, porque Campinas transformou-se em túmulo da cultura, campineiros gastam seu tempo livre em shoppings, não há valorização alguma dos próprios campineiros sobre aparelhos culturais… e os políticos sabem disso. Em termos políticos, a cultura em Campinas é uma irrelevância.