O banco HSBC está sob análise da entidade britânica reguladora do sistema financeiro e pode ser julgado na França, depois de denúncias de sonegação fiscal feitas pelo SwissLeaks – Consórcio Internacional de Jornalismo Investigativo.
Na semana passada, veículos de imprensa do mundo inteiro divulgaram levantamento do Consórcio Internacional dos Jornalistas de Investigação, batizado SwissLeaks, realizado com base em documentos do banco na Suíça roubados em 2007 por um antigo empregado, o técnico em informática franco-italiano Hervé Falciani.
Segundo o SwissLeaks, o banco ajudou clientes de mais de 200 países a fugir dos impostos em contas no montante de 104 bilhões de euros, entre novembro de 2006 e março de 2007.
Sobre o Brasil, são 6.606 contas bancárias (que atendem a 8.667 clientes) e um valor movimentado/depositado em 2006 e 2007 de cerca de R$ 7 bilhões, o equivalente a cerca de R$ 20 bilhões. Nos outros países, os dados foram divulgados, mas no Brasil estão sendo mantidos em sigilo pelo portal Uol da Folha de S.Paulo e pelo jornalista Fernando Rodrigues, que são os únicos que receberam as informações até o momento.
A autoridade de supervisão do comportamento financeiro (FCA, na sigla em inglês) anunciou hoje (16) que está analisando as práticas do Hongkong and Shanghai Banking Corporation (HSBC), depois das revelações do escândalo financeiro.
Na sexta-feira, o Banco da Inglaterra, que também trata da supervisão do sistema bancário, por meio da Autoridade de Regulação Prudencial, prontificou-se a analisar as práticas do HSBC.
Na França, os juízes encarregados do inquérito relativo à fraude fiscal praticada em grande escala no HSBC Private Bank, baseado em Genebra, na Suíça, terminaram as suas investigações, o que abre agora a possibilidade de abertura de um processo.
Os juízes Guillaume Daieff e Charlotte Bilger terminaram as investigações na última quinta-feira (12), mas o inquérito prossegue analisando outros aspetos, especialmente aqueles ligados ao papel desempenhado pela sede do banco, que fica em Londres. Daieff e Bilger estão convencidos de que o banco “se beneficiou do produto da fraude fiscal”, organizou a ocultação “dos fluxos financeiros” e “lavou fundos de origem ilícita”, conforme especificou uma fonte envolvida no caso.
Em particular, o banco teria utilizado numerosos fundos e empresas fantasmas para ajudar os seus clientes donos de grandes fortunas a esconder os seus ativos. Após o fim das investigações, a próxima etapa relevante vai ser a das acusações da procuradoria. Ou seja, os juízes de instrução vão ter de decidir se o HSBC Private Banking é ou não julgado.
O banco tem ainda a possibilidade de admitir a culpa. Este cenário passaria por uma dura negociação entre a Justiça e o banco. As acusações que incidem sobre o HSBC implicam multa, que pode chegar à metade do valor dos fundos lavados e ser suficientemente pesada para dispensar a realização de um julgamento.
HSBC pede desculpas na Inglaterra
O banco HSBC colocou anúncios de página inteira em jornais britânicos de hoje (15) para se desculpar sobre alegações de que ajudou clientes na Suíça a fugir do fisco, por meio do seuprivate bank.
O anúncio – colocado no Sunday Times, Sunday Telegraph, Daily Mail e The Sun – republica uma carta dirigida pelo presidente executivo Stuart Gulliver para os clientes do banco e funcionários na sexta-feira (13), na qual insiste que o banco suíço tinha sido “completamente reorganizado”.
“O foco das notícias tem sido em eventos e padrões que não operamos hoje”, escreve Gulliver, acrescentando que o HSBC não tem “absolutamente nenhum desejo de fazer negócios com clientes que praticam evasão fiscal”.
O presidente executivo do banco pede “as mais sinceras desculpas”, porque sabe que os clientes “esperam mais” do HSBC, destacando, no entanto, que os documentos têm de ser colocados “em contexto”, porque foram divulgados a partir de dados roubados.
O banco já havia reconhecido “deficiências” no início desta semana, garantindo que as práticas do passado não são as mesmas de hoje.
Desde o início da semana, o HSBC está no centro de um vasto escândalo financeiro, o caso SwissLeaks – uma investigação do Consórcio Internacional de Jornalismo Investigativo, segundo a qual o banco ajudou clientes de mais de 200 países a fugir dos impostos em contas no montante de 104 bilhões de euros, entre novembro de 2006 e março de 2007. (Agência Brasil, edição Carta Campinas)
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