Americanah é um romance que me prendeu como há muito não acontecia. A autora usa como linha narrativa uma história de amor entre dois jovens intelectuais nigerianos que saem do país em busca de mais conhecimento e vivência cultural.
Cada um segue um caminho diferente. Ela vai para os EUA e ele para a Inglaterra. As duas experiências servem como mote para a autora falar sobre a situação de imigrantes nos EUA, de negros americanos e não americanos, da Nigéria com seus contrastes entre ricos e pobres, corrupção e outras características de povos subdesenvolvidos; bem como sobre a situação de estrangeiros ilegais na Inglaterra.
Diferentes culturas dialogam dentro de uma história construída com personagens ardentes. Embora, o tema central do romance seja a condição de negros estrangeiros e americanos dentro de uma sociedade fortemente racista, a autora não apresenta um discurso radical em defesa deste ou daquele povo.
Chimamanga Ngozi Adichie faz um retrato de uma vivência e o leitor pode se enriquecer muito ao aprender sobre as culturas envolvidas na trama, e perceber que seres humanos estão além dos rótulos que lhes são dados pela nacionalidade, pela ideologia, pela raça, enfim, por toda e qualquer marca que o restrinja enquanto ser pensante.
Chimamanga Ngozi Adichie é uma autora jovem e muito premiada. Seu romance esnoba inteligência e talento. Trata-se de um grande romance contemporâneo, de fazer inveja aos romancistas brasileiros da atualidade, devido à grande capacidade da autora de construir um enredo forte aliado a uma linguagem simples e extremamente sedutora. Há muito eu não ficava vazia, totalmente vazia, depois de uma tremenda viagem por Americanah e voltar à realidade de livros comuns. Veja entrevista com a autora: clique (Cida Sepúlveda)