A Polícia Civil de Campinas ouviu o depoimento do vereador Carlão (PT) na investigação de três denúncias de atos de violência policial e abuso de autoridade praticados por policiais militares, em Campinas, em 2013. O vereador confirmou o conteúdo dos depoimentos das vítimas, obtidos em audiência na Câmara (gravada), dia 31 de outubro de 2013. Carlão prestou depoimento na quinta, 8, e nas próximas semanas, novos depoentes serão ouvidos.
Na ocasião, entre os depoentes estavam dois moradores do Residencial Arlete Cardoso Lins, no DIC. Um deles afirmou que foi abordado e agredido fisicamente por dois policiais militares, dia 10 de outubro de 2013, dentro do condomínio. Segundo Carlão foi informado pela Polícia, as vítimas deste caso também já prestaram depoimento na Seccional. A delegada mencionada no termo de declarações prestadas por ele à Polícia é Yara Ely Marques da Silva.
Existem cinco Inquéritos Policiais relacionados (IPs 003/14, 004/14, 553/13, 005/14 e 342/13) que estão na 1ª Delegacia Seccional. A investigação policial foi pedida pelo próprio vereador Carlão, que é membro da Comissão Permanente de Direitos Humanos e Cidadania da Câmara Municipal de Campinas e pelo presidente do Conselho Municipal de Defesa dos Direitos Humanos de Campinas, Paulo Mariante, por meio de denúncia levada ao Ministério Público, em novembro de 2013.
Outras vítimas e testemunhas que foram ouvidas na Câmara e deverão prestar depoimento à Polícia são relacionadas aos outros dois casos, no Jardim Itatinga (entre 19 e 21/10) e na ocupação de moradia Joana D’arc (22/10). Na ocasião da audiência na Câmara, a maioria deles preferiu não se identificar por temer por sua segurança, já que após os acontecimentos narrados afirmam que passaram a ser vigiadas, intimidadas ou até mesmo ameaçadas por policiais militares.
Os depoimentos dos moradores do Residencial no DIC em audiência na Câmara confirmaram o que mostram vídeos postados no YouTube e divulgados pela Imprensa, em que um deles é derrubado no chão e imobilizado pelos policiais, sendo que um dos PMs chuta seu corpo e pisa em sua cabeça. Estas imagens também mostram estes policiais apontando arma de fogo e jogando bombas de gás contra moradores do condomínio, entre os quais algumas crianças.
No Jardim Itatinga, a ação da PM ocorreu logo após o assassinato de um policial militar no Jardim Telesp, bairro vizinho. Segundo os relatos, policiais militares fecharam o acesso ao bairro, impedindo a entrada e saída de pessoas, algumas casas de prostituição foram invadidas, tiros disparados e pessoas intimidadas e agredidas verbalmente e fisicamente.
O caso mais grave foi de uma prostituta, que teve os dois braços quebrados, mas alguns travestis que atuam nas ruas do Itatinga também teriam sido agredidos fisicamente por policiais militares. “Estava dentro da casa. Ele (policial militar) queria que eu abrisse a porta, mas eu não tinha chave. Ele acabou entrando e me bateu mais de trinta vezes com o cassetete, enquanto outros ficaram olhando. Depois, fui ameaçada. Estou com muito medo mesmo”, disse ela.
Na Comunidade Joana D’Arc, ocupação de moradia no bairro Cidade Jardim, conforme relatado, a abordagem de policiais militares ocorreu quando acompanhavam oficiais de justiça que faziam a notificação para despejo no prazo de 30 dias, no dia 22/10. “Eles (policiais militares) entraram de forma brutal, bem armados e em grande número. Depois de ser notificado, um companheiro passou mal e morreu. Um PM tentou tirar o ‘tablet’ de um companheiro que estava filmando. Foram com tudo pra cima da gente, sem respeitar idoso, doente e nem criança”, contou uma moradora. (Carta Campinas com informações de divulgação)
Vídeos do caso do condomínio no DIC: