Por Augusto Dornelas
Em Economia, as estruturas de mercado diferenciadas da concorrência perfeita, são consideradas distorções de mercado.
A livre concorrência ou concorrência perfeita pressupõe um grande número de produtores e compradores, o que por sua vez impede que um e outro tenha o poder de determinar os preços finais de mercado, o que se deve ao fato de que – tomados individualmente – as quantidades produzidas ou consumidas por ambos são ínfimas relativamente ao que é comercializado no mercado, tornando-os tomadores de preços; ou seja precisam adequar a sua produção e seu consumo aos preços vigentes de mercado.
O termo ou estrutura de mercado denominada de oligopólio pressupõe a existência de poucos produtores em diferentes mercados, como também pelo fato de deterem parcelas substanciais de mercado como um todo.
Diferentemente da competição pura, no caso do oligopólio a produção fica concentrada em um pequeno conjunto de empresas que detém parcelas significativas da produção (em muitas situações rateando o mercado entre si através de conluio explícito e acordos de cartel) e consequentemente do mercado e dos gastos do público consumidor como bem atesta as duas reportagens relativas ao tema.
A situação brasileira reflete uma tendência mundial que atesta que um seleto grupo de 147 empresas detém 40% de toda a economia mundial e que 500 são responsáveis pela produção dos bens e serviços que o mundo consome.
Em seu artigo denominado “A Rede do poder Corporativo Mundial (2012)”, o professor Ladislau Dowbor atesta que “Controlar de forma organizada uma cadeia produtiva gera naturalmente um grande poder econômico, político e cultural. Econômico através do imenso fluxo de recursos – maior do que o PIB de numerosos países – político através da apropriação de grande parte dos aparelhos de Estado, e cultural pelo fato da mídia de massa mundial criar, através de pesadíssimas campanhas publicitárias, uma cultura de consumo e dinâmicas comportamentais que lhes interessa, gerando boa parte dos problemas globais que enfrentamos.”
Walter B. Wrinston, ex-presidente do Citicorp, em seu livro “O crepúsculo da Soberania” complementa que com o desenvolvimento da comunicação instantânea em todos os níveis tem como resultado fundamental – além dos produzidos pelas grandes corporações econômicas – “é que as fronteiras nacionais estão se tornando cada vez mais irrelevantes e o poder tradicional e os requisitos prévios da soberania estão desaparecendo”.
A economia brasileira se encontra quase que completamente oligopolizada em seus diferentes setores, se evidenciando desde a mídia, as telecomunicações e internet, setor financeiro, produção de gêneros alimentícios, setor de higiene pessoal e limpeza, alimentos em geral, bebidas e refrigerantes, chocolates, embutidos, óleo comestível, automóveis, dentre tantos outros, restando apenas ao setor de hortifrutigranjeiro a consolidação de um mercado aos moldes da concorrência perfeita, com um grande número de produtores (principalmente a agricultura familiar) e consumidores.
Uma constatação importante que é derivada do alto grau de oligopolização da economia brasileira se reflete no índice de inflação oficial (IPCA) que mantém-se firme e em ascendência – apesar da adoção de políticas monetárias restritivas – também devido ao fato da evolução dos preços livres ser superior a dos preços dos bens e serviços administrados (por exemplo gás de cozinha, passagens de ônibus, combustíveis, etc.) e do próprio IPCA desde 2007, evidenciando o poder dos mais variados oligopólios em manter seu poder de determinar os preços de mercado e a magnitude de suas margens de lucro em detrimento dos interesses dos consumidores e da nação como um todo.
Portanto, duvide de certos comentários normalmente presentes na mídia em geral nas pessoas de seus formadores de opinião de que o grande culpado pelos robustos índices de inflação serem vinculados exclusivamente ao governo, escondendo os reais responsáveis pelos aumentos de preços mensurados pelos mais variados índices de inflação, isentando seus anunciantes – que por acaso são os oligopolistas – da redução do poder de compra de sua renda e de seu salário.
No mais, um abraço e seja bastante crítico(a) ao informar-se e ao emitir opiniões muitas vezes influenciadas por noticiários tendenciosos daqueles que tentam desvirtuar a verdade dos fatos.
Augusto Dornelas