Na manhã desta quinta-feira (4) a doutoranda em Teoria Literária pela Unicamp (Universidade de Campinas), Amara Moira, publicou fotos em seu perfil no Facebook onde denuncia pichações transfóbicas no banheiro feminino da universidade.
Entre as difamações escritas nas paredes do banheiro é possível ler: “Vamos cortar a sua pica”, seguido do símbolo do movimento feminista. Em outro momento lê-se “Ser mulher não é calçar os nossos sapatos”, seguida de “Não deixe que os machos invadam seus espaços”.
Amara Moira revela que, além da denúncia encaminhada para a Diretoria Acadêmica, vão tencionar para que a Unicamp promova capacitações quanto ao trato com as pessoas transexuais. “vamos fazer denúncia para o Cr LGBT de Campinas poder atuar com sua assessoria jurídica e pressionar a Unicamp a fazer um programa de conscientização das pessoas que frequentam o campus”, diz.
A pesquisadora também relata dificuldades que alunas/os trans enfrentam para ter acesso ao campus. Alguns alunos têm que apresentar RA (carteirinha estudantil) pra poder fazer a prova… esse RA é confrontado com a lista de chamada. No entanto, se solicitamos o nome social, o nome da lista é alterado, mas o do RA não foi, a Unicamp ainda não aceitou… Uma aluna trans que está com a gente todo semestre tem que passar pelo desgaste de provar que ela é ela pra ter o direito de fazer prova.
A estudante e ativista trans, Amara Moira, também comenta a respeito das pichações e diz que tal fato, com avanços políticos, deve deixar de existir. “Falta o costume de ver pessoas trans no dia a dia… como somos só cinco, a maioria dos estudantes ainda está acostumado a ver travestis e transexuais só na marginalidade ou em subempregos, espaços associados a violência. Quando nos veem circulando pela Universidade, se assustam e reagem, coisa que creio que deverá desaparecer quando nos fizermos mais numerosas nesses espaços”, analisa.
Por fim, Moira acredita que as pichações foram manifestações individuais. “Não acredito que venham de coletivos organizados feministas, mas sim de mulheres isoladas, que se julgam feministas ao defenderem os interesses das pessoas que portam vagina original de fábrica”, critica.
Em nota, a universidade rechaçou os ataques. “A Unicamp repudia toda manifestação ou ato que implique em discriminação de qualquer natureza. O acesso aos banheiros do campus é franqueada a estudantes, professores e funcionários independentemente da identidade de gênero”, declarou. (Marcelo Hailer/SpressoSP)