Desde o início deste ano, 102 policiais foram mortos no estado do Rio – 85 em dias de folga e 17 em serviço. A estatística aumentou nesta semana com a execução, na última segunda-feira (24), do soldado da Polícia Militar (PM) Ryan Procópio, de 23 anos. Na terça-feira (25), o policial Anderson de Senna Freire foi assassinado na Avenida Brasil, em Guadalupe. Durante a semana, nove policiais foram baleados em diversas áreas da capital e região metropolitana. Muitos dos assassinatos estão ligados ao conflito com o tráfico de drogas.
As investigações sobre a morte do soldado Ryan, da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Vila Kennedy, estão sob responsabilidade da Divisão de Homicídios. O corpo do PM foi encontrado em Bangu, zona oeste, no porta-malas do próprio carro, com sinais de tortura e marcas de tiros de fuzil e pistola.
Conforme a Polícia Civil, cinco pessoas foram ouvidas na delegacia especializada e nenhuma hipótese de motivação do crime será descartada. Agentes procuram testemunhas que possam ajudar a identificar os autores do crime.
Na terça-feira à noite, policiais do Batalhão de Irajá, na zona norte da capital, patrulhavam a Avenida Brasil, na altura da comunidade do Muquiço, em Guadalupe, e foram surpreendidos por criminosos armados. Feridos, os policiais foram encaminhados ao Hospital Estadual Albert Schweitzer, em Realengo, na zona oeste. Baleado na cabeça, o soldado Anderson de Senna Freire morreu durante a madrugada. Bruno de Morais teve o ombro esquerdo atingido e continua internado em estado estável.
Em entrevista à Agência Brasil, o presidente da Associação de Praças da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militares do Estado do Rio de Janeiro, Vanderlei Ribeiro, disse acreditar na competência do comando interino da Polícia Militar, mas demonstrou preocupação com a vida dos agentes. Segundo ele, é necessária uma mudança estrutural na política de segurança pública.
“Há um equívoco de planejamento na atuação do policial na rua. Os agentes devem ter informações precisas e eficazes, como mapeamento da área por parte do serviço de inteligência, a fim de que possam se defender em caso de confronto com criminosos. Nós nos reuniremos com o novo comandante [Alberto Pinheiro Neto], indicado pelo secretário de Segurança, que tomará posse no próximo ano, e discutiremos medidas mais eficientes, além de reivindicações como planejamento tático e remuneração dos policiais”, concluiu.
Na manhã de ontem (26), o subtenente Paulo Araújo da Silva e o sargento Givaldo Rodrigues de Oliveira foram feridos durante tentativa de assalto na Avenida Francisco Bicalho, na zona portuária. Na troca de tiros, Elivaldo Angelino Ribeiro, de 44 anos, que estava no sinal esperando para atravessar a rua, foi atingido na cabeça e morreu na hora. Os policiais foram levados para o Hospital Central da corporação e apresentam quadro estável.
Policiais militares do 3°BPM (Méier) informaram que um policial do Batalhão de São Cristóvão sofreu tentativa de assalto na Rua Chaves Pinheiro, no Cachambi. O policial foi ferido e encaminhado ao Hospital Central da Polícia. Seu estado de saúde é estável.
Na tarde de ontem (26), a violência continuou na região metropolitana do Rio. O sargento da PM Alexandro da Silva Batista, de 39 anos, estava em uma operação na Comunidade da Grota, em São Francisco, Niterói, quando criminosos atiraram nos agentes, vindo a atingir o policial na coxa. Ele foi atendido e liberado em seguida no Hospital Azevedo Lima.
Á noite, o policial militar Alexandre dos Santos Alves, lotado no Batalhão de Niterói, reagiu a um assalto e foi ferido a tiros no ombro, próximo de sua residência, em Jardim Alcântara, em São Gonçalo. Ele foi socorrido no Hospital Alberto Torres, onde passou por cirurgia e continua internado.
De acordo com o Instituto de Segurança Pública, comparado com o mesmo período do ano passado, em outubro, indicadores como homicídio doloso e latrocínio (roubo seguido de morte) tiveram números reduzidos, enquanto outros (homicídio decorrente de intervenção policial, letalidade violenta) aumentaram.
Representantes da Secretaria de Segurança Pública informaram que acompanham de perto o trabalho de identificação e prisão dos autores dos homicídios envolvendo policiais militares. Segundo eles, a morte de um agente, além de dor para a família, é uma perda para estado e sociedade.
O governador do estado, Luiz Fernando Pezão, defendeu ontem penas mais severas para esse tipo de criminoso.
“Sofro, lamento muito e me solidarizo com as famílias dos policiais. Temos prendido 80, 100 pessoas na praia. Tem gente que já prendemos oito vezes. Vamos discutir no Congresso Nacional o que queremos na segurança pública. Acho que precisamos de penas mais severas para quem mata policiais”, acrescentou. (Agência Brasil)
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