O Sistema Cantareira, conjunto de represas que abastecem cerca de 9 milhões de pessoas na Região Metropolitana de São Paulo e cidades da região de Campinas, chegou neste domingo (19) a 3,6% da capacidade de armazenamento de água. O monitoramento diário feito pela Companhia de Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo (Sabesp) indica queda de 0,2 ponto percentual no volume desde ontem.
Uma análise de Fernando Brito, do site Tijolaço, a região metropolitana de São Paulo terá, depois de chuva generosas neste verão (se ocorrerem), a mesma capacidade de água que tinha há 50 anos, quando se fizeram as obras do Sistema Cantareira. Ou ainda menos. A mesma água e uma população três vezes maior, quase. “Esta é a situação de São Paulo, sem proselitismo, sem fabulação, apenas com os dados numéricos disponíveis a qualquer um”, diz.
Também é crítica a situação no Sistema Alto Tietê, cuja capacidade chegou hoje a 9%. Com a crise hídrica no estado, as águas desse reservatório estão sendo usadas desde março para suprir o abastecimento de áreas que eram atendidas pelo Cantareira.
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Na última sexta-feira (17), a Justiça Federal liberou o uso da segunda cota da reserva técnica (volume morto) do Cantareira. A decisão suspendeu decisão liminar do dia 10, que impedia o uso do chamado volume morto e determinava que a Agência Nacional de Águas (ANA) e o Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo (Daee) revissem a retirada feita pela Sabesp.
A ação, proposta pelos ministérios públicos Estadual e Federal, pedia que os órgãos de regulação definissem semanalmente a vazão a ser cumprida, com a fixação de metas de restrição ou suspensão do uso da água pelas pessoas.
Também na semana passada, a Sabesp informou que restavam apenas 40 bilhões de litros de água da primeira cota da reserva técnica do Cantareira, cuja retirada começou no dia 16 de maio. Segundo a companhia, a segunda cota acrescentará mais 106 bilhões de litros ao sistema. Em depoimento na Câmara de Vereadores no dia 15, a presidenta da Sabesp, Dilma Pena, admitiu que, se não chovesse nos dias subsequentes, a primeira parte disponbilizada do volume morto acabaria em meados de novembro.
As chuvas acumuladas na região do Cantareira em outubro, no entanto, somam 0,4 milímetro, quando a média história para o mês é 130,8 milímetros, conforme dados da Sabesp.
Na capital paulista, o calor não deve contribuir para a enfrentamento da crise hídrica em São Paulo, quando o consumo de água tende a aumentar.
Segundo o Centro de Gerenciamento de Emergências, neste domingo, a temperatura máxima prevista na capital paulista é 33 graus Celsius (°C). Na última sexta-feira (17), a cidade registrou temperatura recorde, com os termômetros chegando a 39,3 °C, a maior desde o começo das medições, em 2000. (Agência Brasil/Carta Campinas)