A ocorrência de apendicite aguda requer um atendimento médico imediato devido ao alto risco de morte do paciente, que necessita de cirurgia para sua sobrevivência. A apendicite aguda é uma inflamação frequente na adolescência, porém pode surgir em qualquer faixa etária e atinge mais de 7% da população.
O cirurgião geral é um dos profissionais mais importantes nesse tipo de atendimento, visto que ele precisa diagnosticar a necessidade de cirurgia de urgência. O médico Gustavo Santos Silva explica mais sobre o apêndice e como proceder nos casos da inflamação. Ele relata ao Carta Campinas o que é apêndice, como surge a inflamação, seus sintomas, como é o procedimento da cirurgia e a recuperação do paciente.
Carta Campinas: O que é apêndice?
Gustavo Santos Silva: Apêndice é uma extensão sacular subdesenvolvida de um pedaço do intestino grosso, chamado de ceco. O apêndice mede no adulto cerca de 6 a 7 cm de comprimento.
CC: Qual a função responsável pelo apêndice no organismo?
Gustavo Santos Silva: O apêndice funciona como qualquer outra parte do intestino. Uma característica diferente deste órgão é que ele é extremamente rico em tecido linfoide em sua camada mucosa, que é um tecido responsável pela defesa contra micro-organismos. No entanto, este tecido linfoide sofre atrofia progressiva durante a vida, chegando a até desaparecer na idade avançada.
CC: Como ocorre a inflamação desse órgão e quais são os principais sintomas?
Gustavo Santos Silva: Classicamente, inicia-se por um quadro de dor abdominal vagamente localizada na região epigástrica ou peri-umbilical (região da cicatriz umbilical), seguida de anorexia, náuseas e vômitos. Na evolução do processo, a dor migra para a região do quadrante inferior direito, mais precisamente na fossa ilíaca direita em um ponto denominado de ponto de Mc Burney.
O problema é que esta apresentação clássica está presente em apenas 50% dos casos. Nos casos em que o apêndice encontra-se localizado em apresentação anômala, o diagnóstico será mais difícil. Náuseas e vômitos podem não aparecer. A febre geralmente é baixa, nem existe ou, nos casos de complicações pode chegar aos 38ºC. O importante é: se estiver com qualquer tipo de sintoma, procure um médico!
CC: Qual faixa etária é mais comum ocorrer à inflamação do apêndice?
Gustavo Santos Silva: A apendicite aguda acomete principalmente indivíduos da faixa etária dos 10 aos 30 anos, com pequeno predomínio para o sexo masculino, mas pode acometer qualquer faixa etária, inclusive os extremos de idade, o que dificulta o diagnóstico.
CC: Como proceder nos casos de inflamação?
Dr. Gustavo Santos Silva: Nos casos em que sentir dor abdominal que não melhora, mal estar geral, perda do apetite e febre, ou qualquer um dos outros sintomas já citados, procure um médico!
CC: A cirurgia ocorre somente nos pacientes que estão no estágio grave da inflamação ou pode ser realizada antes desse estágio?
Dr. Gustavo Santos Silva: O tratamento da Apendicite Aguda é cirúrgico por meio da remoção do apêndice. O ideal é que se opere o quanto antes, ou seja, que a terapêutica seja em um quadro clinico inicial.
CC: Como é o processo da cirurgia?
Dr. Gustavo Santos Silva: A cirurgia consiste na remoção total do apêndice. Existem 2 métodos diferentes através dos quais o tratamento é realizado: o método clássico por laparotomia e o método já incorporado pelo arsenal terapêutico que é a videolaparoscopia. O primeiro, realiza-se incisão em pele no ponto de Mc Burney e disseca-se as estruturas até chegar na cavidade abdominal e então ressecar o órgão. A segunda, utiliza-se de trocateres e algumas pequenas incisões no abdome para ter acesso à cavidade abdominal e uma tela de vídeo que permita enxergar as estruturas internas.
CC: Como é a recuperação do paciente que passou pela cirurgia?
Dr. Gustavo Santos Silva: Geralmente a recuperação é rápida. Em alguns casos, o paciente recebe alta no dia seguinte da operação. Deve-se ter em mente, que esforço físico nesse momento é contra indicado, sob o risco de não cicatrização da ferida e surgimento de complicações. Se tudo for realizado conforme orientações, o sucesso da cirurgia pode ser alcançado. (Por Eliane Honorato para Rede Carta Campinas)