Ao discorrer sobre a política energética brasileira, o candidato à Presidência Zé Maria, do PSTU, afirmou que a transição para uma energia limpa passa pela ruptura com o controle que, segundo ele, o setor privado detém sobre o governo.
Para ele, o governo deveria deixar de incentivar o setor automobilístico e passar a favorecer o transporte coletivo e a malha ferroviária brasileira.
Zé Maria participou de debate com candidatos à presidência neste sábado (9), quando foi perguntado sobre seus projetos, caso eleito, para o setor energético. “Enquanto as grandes empresas e as multinacionais continuarem a mandar no Brasil, não vai haver mudança de política econômica porque não interessa a elas, pois dá mais lucro manter como está”, disse.
O candidato defendeu a descentralização da produção hidrelétrica, por meio de pequenas usinas. Segundo ele, a construção de grandes usinas, como Santo Antônio, Jirau e Belo Monte, atende a interesses de empreiteiras, que investiram nos governantes quando eram candidatos.
“O governo brasileiro repassou o controle desse sistema para empresas privadas, num regime de concessão que é um absurdo completo. As empresas se comprometem com o fornecimento de energia, se não conseguirem, elas ligam as termelétricas, que não só aumentam a poluição, mas aumentam o preço. Aí o governo banca através de empréstimos bancários os recursos que as empresas precisam para isso. E quem paga? Nós”, discorreu.
De acordo com Zé Maria, o país deve investir em pesquisas que revelem as melhores formas de fazer a transição. O foco, para ele, deve ser a energia eólica e solar, já que o Brasil é bem abastecido nos dois aspectos. O candidato criticou ainda a priorização de meios de transporte que causam engarrafamentos e poluição ao meio ambiente. “O que o governo faz? Investe dinheiro para melhorar o metrô e oferecer um serviço de transporte público de qualidade para as pessoas deixarem o carro em casa? Não. Ele pega recurso público e investe para ajudar as empresas a vender carro”, afirmou.
O debate ocorreu na Universidade de Brasília, onde os candidatos foram perguntados sobre os compromissos de seus programas de governo com a política energética, suas intenções de utilizar fontes de energia renováveis ou de continuar com os atuais modelos energéticos. De acordo com a organização do evento, oito candidatos à Presidência foram convidados. Apenas dois presidenciáveis compareceram (além de Zé Maria, Eduardo Jorge, do PV esteve presente), e outros dois enviaram seus representantes. (Agência Brasil)