Em sua programação de cinema semanal, o Espaço Cultural Casa do Lago, na Unicamp, exibirá uma série de filmes que mostram o conflito, a realidade e o cotidiano de judeus e palestinos que, há décadas, estão em guerra. O contexto de mais uma ofensiva israelense em direção à faixa de gaza, deixando um saldo de quase 300 crianças palestinas assassinadas, exige reflexão e uma postura crítica diante de um estado que apenas deseja expandir seu imperialismo, e está muito distante da intenção de promover a paz ou garantir aos palestinos o estado que sempre lhes foi negado. Reflexão e atitude crítica diante da realidade é algo que o cinema e a arte podem nos oferecer, principalmente em épocas onde acumulam-se ruínas e injustiças.
O primeiro filme que será exibido, na segunda-feira, 4, será Paradise Now, de Hany Abu-Assad. Amigos de infância, os palestinos Khaled (Ali Suliman) e Said (Kais Nashef) são recrutados para realizar um atentado suicida em Tel Aviv. Depois de passar com suas famílias o que teoricamente seria a última noite de suas vidas, sem poder revelar a sua missão, eles são levados à fronteira. A operação não ocorre como o planejado e eles acabam se separando. Distantes um do outro, com bombas escondidas em seus corpos, Khaled e Said devem enfrentar seus destinos e defender suas convicções.
Valsa com Bashir, de Ari Folman, será exibido na terça-feira, 5. Em um bar, um amigo conta ao diretor Ari Folman sobre um sonho constante que tem, no qual é perseguido por 26 cães ferozes. Através da conversa eles concluem que a imagem tem ligação com sua missão na 1ª Guerra do Líbano, no início dos anos 80, quando defendia o exército de Israel. Como Ari nada se lembra do evento, ele passa a buscar e entrevistar seus velhos companheiros da época.
Lemon Tree, de Eran Riklis, poderá ser visto na quarta-feira, 6. No filme, Salma Zidane (Hiam Abbass) é uma viúva cujo sustento vem de sua plantação de limãos, localizada na linha de fronteira entre Israel e Cisjordania. Quando o Ministro da Defesa israelense (Doron Tavory) se muda para a casa em frente à plantação de Salma, o exército israelita declara que os limoeiros ameaçam a segurança do governante e por isso devem ser arrancados. Após pedir ajuda às autoridades palestinas e não obter sucesso, Salma chega ao Tribunal Supremo Isralense com a assistencia de Ziad Daud (Ali Suliman), um jovem advogado palestino. Sua determinação desperta o interesse de Mira Navon (Rona Lipaz Michael), esposa do Ministro da Defesa, e uma conexão entre as duas mulheres é criada.
Na quinta-feira, 7, a exibição será do documentário Promessas de um novo mundo, de Justine Shapiro, B. Z. Goldberg, Carlos Bolado. O documentário retrata a história de sete crianças israelenses e palestinas em Jerusalém que, apesar de morarem no mesmo lugar vivem em mundos completamente distintos, separados por diferenças religiosas. Com idades entre 8 e 13 anos, raramente elas falam por si mesmas e estão isoladas pelo medo. Neste filme, suas histórias oferecem uma nova e emocionante perspectiva sobre o conflito no Oriente Médio.
O Filho do outro, de Lorraine Levy, encerra as exibições na sexta-feira, 8. Prestes a integrar o exército israelense para cumprir seu serviço militar, Joseph descobre que foi trocado na infância com Yacine, filho de uma família palestina da Cisjordânia. A vida das duas famílias se transforma radicalmente com esta descoberta, forçando cada um a reconsiderar seus valores e sua identidade.
Todas as exibições são gratuitas e acontecem em dois horários, às 16h e às 19h.
Mais informações AQUI. (Carta Campinas com informações de divulgação)
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A TERCEIRA GUERRA
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Começou a terceira grande guerra
E se for para alguém morrer
Que morram os responsáveis por ela
Por não serem dignos de viver
E que os governantes pérfidos
Sigam na frente dos exércitos
Longe dos abrigos ocultos
Onde trocam as baionetas
Pelas covardes canetas
Que lhes servem de escudo.
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Vivemos uma guerra mundial
Sem campos de batalha
Sem bandeira nacional
Sem fardas e nem muralhas
Na qual o solitário soldado
Deixa o canhão de lado
E caminha nas sombras
Provocando o terror
Como jovem atirador
Ou como homem-bomba.
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Esta é uma guerra às avessas
Em que a morte não faz chorar
Mas desperta a fé na promessa
De vida eterna ao lado de Alá
E tal guerra só será vencida
Quando for condenado à vida
O terrorista que anseia morrer
Para que o tempo o ensine
Que se a morte fosse sublime
Maomé não escolheria envelhecer.
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Eduardo de Paula Barreto