Um dos líderes do grupo de índios terenas que reivindicam a demarcação da Terra Indígena Pillad Rebuá foi baleado na madrugada de hoje (19), em Miranda, a cerca de 200 quilômetros da capital de Mato Grosso do Sul, Campo Grande.
Paulino da Silva Terena, 31 anos, estava saindo de casa, no Acampamento Moreira, por volta das 4h30, quando percebeu a aproximação de pessoas estranhas. Outros índios ouviram gritos e chamaram reforços. Segundo Edno Terena, um dos primeiros a chegar à casa de Paulino, os agressores, ao perceberem a chegada dos índios, se esconderam e começaram a disparar. Um dos tiros acertou a perna direita do líder terena. Outros dois projéteis atingiram o carro de Paulino.
Ainda de acordo com Edno, não foi possível identificar quantos ou quem eram os pistoleiros. Paulino foi atendido por uma ambulância do Samu e levado para o Hospital Regional de Miranda, onde a bala foi extraída. Paulino já foi liberado e retornou para casa acompanhado de policiais civis. De acordo com o delegado de Miranda, Luís Alberto Ojeda, foi registrado um boletim de ocorrência por tentativa de homicídio. “Estamos procurando esclarecer as circunstâncias do episódio”. Procurada pela Agência Brasil, a Fundação Nacional do Índio (Funai) informou ainda estar apurando a ocorrência.
Esta não é a primeira vez que Paulino é alvo de um atentado. Em dezembro de 2013, homens encapuzados atearam fogo ao carro do líder indígena. Paulino estava dentro do carro e sofreu algumas queimaduras. A comunidade terena atribuiu a produtores rurais a tentativa de homicídio. A Polícia Federal apura o caso e de acordo com Edno, passados cinco meses, a ocorrência ainda não foi esclarecida: “há suspeitos, mas ninguém está respondendo por isso”.
O processo de demarcação da Terra Indígena Pillad Rebuá se arrasta há mais de um século. O primeiro registro de reconhecimento, pelo Estado, de que os 10,4 mil hectares reivindicados se trata de território tradicional terena datam de 1904. O processo de identificação da área sempre foi questionado por produtores rurais que alegam ter recebido a titularidade da área do próprio Estado. Ainda assim, um processo de demarcação foi iniciado em 1950, mas não concluído devido a processos judiciais. Cansados de esperar por uma definição, um grupo de terenas ocupou, no final do ano passado, parte da área. De acordo com Edno, só no Acampamento Moreira há, hoje, cerca de 100 famílias vivendo em uma área de aproximadamente 12 hectares.(Agência Brasil)