O coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Simões, classificou como “barbárie” a ação da Polícia Militar, durante a reintegração de posse de um terreno da Telemar, no Engenho Novo, subúrbio do Rio de Janeiro, que começou na manhã de hoje (11). “Foram atos de barbárie e violência inadmissíveis e não tenham dúvida de que o governo do estado e a prefeitura vão ter que arcar com as consequências de toda está violência”, disse.
Simões sustenta que os policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e do Batalhão de Choque já chegaram ao local quebrando tudo e atirando bombas de gás lacrimogênio e balas de borracha. “O que está acontecendo aqui em tempos de Copa e de mega-eventos é gravíssimo. O tratamento que está sendo dado ao povo do Rio de Janeiro é algo difícil de aceitar. Estamos vendo um verdadeiro massacre. Não há eufemismo nenhum nisto, a policia militar já entrou quebrando tudo. Há relato de feridos e eu mesmo já vi três pessoas feridas, inclusive uma criança ferida por uma bomba de gás lacrimogêneo”.
O coordenador do MTST contou à Agência Brasil que a Polícia Militar começou a cercar a área por volta das 4h30 de hoje e iniciou a desocupação antes das 6h, o que, segundo ele, é proibido. Disse, ainda, que não houve nenhuma negociação e que nenhuma liderança dos moradores ou mesmo dos movimentos que apoiam a ocupação foram ouvidos. Durante o confronto, os manifestantes incendiaram um prédio, ônibus, caminhão e uma viatura policial. Jornalistas que cobrem o caso também relatam que sofreram violência física e verbal pela PM. Um repórter do jornal O Globo foi detido.
“A realidade é que a situação está saindo do controle, as pessoas estão se revoltando contra esta violência que derruba por terra a ideia inicial de uma ocupação pacifica”, disse Simões. Em seu relato o coordenador do MTST disse que, como a polícia cercou toda a área ocupada e está impedindo as pessoas de entrar ou sair do local, o conflito está se generalizando. “As únicas informações que temos estão sendo transmitidas por telefone das pessoas que estão impedidas de deixar a área central do conflito pela polícia. E elas indicam a existência de feridos, inclusive crianças”.
Guilherme Simões alertou para o risco de generalização do conflito já que os manifestantes estão se abrigando em comunidades adjacentes. “São 5 mil pessoas na área ocupada e as comunidades em volta da área também estão sofrendo repressão por terem se colocado ao lado das famílias que ocupam o terreno”, disse. (Agência Brasil)