A modernização das hidrelétricas brasileiras mais poderia gerar 11MW, afirma estudo da pesquisadora Elisa de Podestá Gomes da Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM) da Unicamp. Para se ter uma ideia da quantidade de energia que isso poderia gerar, é o equivalente a uma Belo Monte, no Rio Xingu, que será a terceira maior hidrelétrica do mundo.
A grande vantagem é a renovação praticamente total de usinas com mais de 20 anos, evitando constantes manuteções, e o baixo impacto ambiental, visto que não haveria grandes obras de construção civil, desmatamento ou alagamento de áreas, como ocorre na construção de novas usinas.
O processo de modernização das hidrelétricas é chamado de repotenciação e, segundo a pesquisadora, tem sido muito pouco explorada até o momento. A reforma de hidrelétricas, com a substituição de tecnologias ultrapassadas por novas, é comum na manutenção das usinas, por causa do desgaste natural, mas é possível nesse processo aprimorar o desempenho de geração de energia. “A repotenciação é, sem dúvida, uma das melhores e mais econômicas formas de aumentar a capacidade de geração em um curto espaço de tempo sem impactos ambientais significativos”, afirmou Elisa na dissertação, segundo matéria do Jornal da Unicamp, publicada no portal da Universidade Estadual de Campinas.
Ainda de acordo com o portal, para realizar sua análise, Elisa selecionou 43 usinas hidrelétricas brasileiras com mais de 30 anos e com unidades de geração de energia de 15 MW ou superior. A autora lembra que algumas usinas brasileiras já foram repotenciadas. “O primeiro caso foi o da usina de Rasgão, no Rio Tietê, propriedade da Empresa Metropolitana de Águas e Energia (EMAE). Localizada em Pirapora do Bom Jesus, a usina viu suas primeiras unidades entrarem em operação em 1925. Desativada em 1961, foi repotenciada em 1989, com aumento de 50% na capacidade instalada, e opera até hoje”.
A autora também afirma que 18 usinas brasileiras já passaram por processos de repotenciação, modernização ou grandes reparos, totalizando 94 unidades geradoras de energia. “As unidades afetadas tinham idade média de 35,7 anos e obtiveram um aumento médio de potência de 17,8%. Depois da usina de Rasgão, a mais antiga unidade repotenciada foi a Pequena Central Hidrelétrica (PHC) de Dourados, da CPFL, no Rio Sapucaí-Mirim. Construída em 1926, ela foi reformada em 2000, com um ganho de 68% no potencial instalado”.