A palavra griô na tradição oral do noroeste da África é um caminhante, cantador, poeta, contador de histórias, genealogista, artista, comunicador tradicional ou mediador político de uma comunidade.
No Brasil, griô se refere ao cidadão que seja reconhecido, ou se reconheça, como um mestre das artes, da cura e dos ofícios tradicionais, líder religioso de tradição oral, brincante, cantador, tocador de instrumentos tradicionais, contador de histórias, poeta popular, que, através da oralidade e da sua vivência torna-se a memória viva do seu povo.
A palavra griô também foi associada a uma forma de ensino e aprendizagem baseada na tradição oral dos povos ancestrais brasileiros e de comunidades que ainda preservam esta tradição. Para popularizar e difundir essas práticas, uma reunião de saberes, pedagogias e expressões culturais da tradição oral se encontrarão no I Ciclo de Vivências da Pedagogia Griô que acontecerá no Espaço Cultural Casa do Lago, na Unicamp, em dois dias, 19 de março, quarta-feira, e 20 de março, quinta-feira, e segue até dia 27 de março com atividades em outros locais da cidade de Campinas.
Na Unicamp, serão dois dias de diálogos e vivências com a participação de educadores, criadores da Pedagogia Griô, gestores culturais e mestres da tradição oral. Com as rodas de conversa e cruzamento de experiências em sala de aula ou com a comunidade, o Ciclo busca apresentar, vivenciar, experimentar a Pedagogia Griô como um projeto político e pedagógico inovador para a elaboração do conhecimento em diálogo com os saberes e fazeres de tradição oral.
Dentro do espaço da Universidade, o Ciclo também permite a difusão no meio acadêmico de uma iniciação pedagógica interdisciplinar que coloca no centro do saber e da vivência, a identidade e ancestralidade do povo brasileiro.
Participará dos debates e rodas de conversa a educadora Lilian Pacheco, coordenadora do Ponto de Cultura Grao de Luz e Griô , que fica em Lençois , na Bahia . Lilian é criadora da Pedagogia Griô que tem como referenciais teóricos e metodológicos a educação biocêntrica, de Ruth Cavalcante; a educação dialógica, de Paulo Freire e é inspirada na pedagogia de todas as expressões culturais de tradição oral, principalmente de raízes afro-indígenas.
Na Unicamp acontecerão as seguintes vivências e rodas de conversa: “A formação da Pedagogia Griô” com a presença de Lilian Pacheco e Márcio Caires (Grãos de Luz e Griô de Lençois); “Quando a Universidade Reconhece a Comunidade” com a presença de Susana Oliveira Dias (Unicamp), @Alessandra Ribeiro (Jongo Dito Ribeiro de Campinas) e Célio Turino (Historiador e Idealizador dos Pontos de Cultura); e a vivência “Partilhando Processos da Pedagogia Griô” com a presença dos Mestres: Mestre Marquinhos (Capoeira e Tiririca) e Mestre Alcides (Capoeira Ceaca), Lilian Pacheco e Márcio Caires (Grãos de Luz e Griô de Lençois).
Entre as vivências e processos práticos pedagógicos que acontecem em outros locais de Campinas estão: “Vivências da Pedagogia Griô” na escola municipal EMEF Maria Pavanatti Fávaro com contação de histórias, danças e cantigas; a“Trilha Griô nas Terras do Boi Falô” que faz um percurso cultural pelo imaginário do Boi Falô em Campinas por meio de visitas históricas em patrimônios da cidade; e a exposição fotográfica de Reinaldo Meneguin (IPHAN-SP) ”Jongos do Sudeste” na Estação Cultura de Campinas.
As inscrições para a participação das rodas de conversa já estão esgotadas, mas ainda há vagas para as inscrições na vivência “Trilha Griô nas Terras do Boi Falô” que podem ser feitas neste link. São 40 vagas no total. Mais informações sobre o evento podem ser obtidas AQUI.
O ciclo é uma realização do OLHO – Laboratório de Estudos Audiovisuais da Faculdade de Educação da Unicamp e do Ponto de Cultura NINA – Núcleo Interdisciplinar de Narradores Orais e Agentes Culturais, e tem apoio do Unicamp Griô e do FAEPEX (Fundo de Apoio ao Ensino, à Pesquisa e Extensão). Todo evento é gratuito. (Carta Campinas com informações de divulgação)
Veja a programação completa do evento: