Um baile para matar as saudades…A recriação de um baile negro, como os que aconteciam antigamente em Campinas, promete ser um evento cultural público de importância histórica para a cidade de Campinas e para todo o interior de São Paulo.
Trata-se de um baile de gala, aos moldes daqueles frequentados pela população negra da cidade há algumas décadas, populares até os anos 1960, que representavam um momento de reunião da comunidade negra da cidade, proibida de frequentar os bailes de brancos.
A partir das memórias e dos relatos de diversas pessoas ainda vivas que frequentaram esses bailes, a reexperimentação desse momento do passado pretende ser feita, ampliando os conhecimentos já presentes nos livros e possibilitando um momento de vivencia, um instante de compartilhamento do presente com o passado e do passado com o presente.
Para a realização do baile, uma campanha de arrecadação de fundos está sendo feita no Catarse. O evento será gratuito e terá o apoio da Secretaria Municipal de Cultura, no entanto, ainda há algumas despesas a serem cobertas. As doações ajudariam a cobrir esses itens.
O baile deverá ser filmado e fará parte de um documentário que já conta com apoio de instituições como o Laboratório de Imagem, Som e Antropologia (LISA) da Universidade de São Paulo (USP) e da Fundação de Amparo do Estado de São Paulo (FAPESP). O documentário fará parte do pós-doutorado da etnomusicóloga, antropóloga e pesquisadora Erica Giesbrecht, realizado na Universidade de São Paulo. Erica é autora de A Memória em Negro: sambas de bumbo, bailes negros e carnavais construindo a comunidade negra de Campinas. No livro, a pesquisadora reconstrói a história das comunidades negras de Campinas de 1930 até os dias atuais. O eixo condutor do estudo está centrado na música e na dança.
Ao contrário do que acontecia antigamente, o baile não será um evento segregativo, mas sim aberto a toda a população. A história, dessa forma, poderá ser mostrada e recontada através de um evento belo, agregador e prazeroso.
A data prevista para realização do baile é dia 5 de abril e o local previsto é o Tenis Clube de Campinas.
Para fazer sua doação ou saber mais informações sobre o baile clique AQUI.
(Carta Campinas com informações de divulgação)
Estranhíssima, suspeitíssima e perigosíssima nostalgia. Eventos segregatórios???… Estamos voltando no tempo em nome das histerias “politicamente corretas”? Será que daqui a pouco também vão querer recriar as senzalas?
Ricardo, talvez vc não tenha lido com atenção o texto da reportagem. Se trata de um trabalho de resgate de uma cultura que foi marginalizada. Campinas é uma cidade que perdeu muito neste quesito e trazer isso a tona pode ser uma forma muito critica de repensar as perdas da nossa cidade. Certamente fica claro que os negros foram os mais negligenciados neste processo.