Há no Brasil um grande vício e não é de cocaína, crack ou maconha.
No Brasil o vício é a desigualdade. É preciso manter a desigualdade a todo o custo, seja com um Estado Policial assassino, seja com legislação e jurisprudência que impeça qualquer movimentação de melhora das condições do povo.
A mais nova dose é uma legislação contra manifestações. Se tivermos uma eficiente legislação contra manifestações será mais fácil manter o vício, o estado de desigualdade.
No caso da morte do cinegrafista Santiago Andrade, a Polícia afirma que já prendeu os autores, serão condenados e pegarão duras penas pelas acusações. Ou seja, o sistema jurídico está funcionando bem e a polícia foi eficiente como nunca. Muito diferente dos crimes cotidianos nas cidades brasileiras.
Então, para que nova legislação se tudo funcionou bem no sistema policial e jurídico até o momento? Juridicamente ou socialmente não há razão alguma. O que aconteceria com esses dois rapazes (Fábio Raposo e Caio Silva de Souza) se houvesse uma lei contra manifestações? Pegariam possivelmente mais cinco anos de prisão? O que adiantaria isso?
Nada, absolutamente nada. Mas é preciso acelerar o vício da desigualdade que necessita do máximo de repressão, de legislação e de possibilidades de condenação. É uma ilusão necessária para não escapar do vício e manter privilégios.
A cada crime e a cada violência surge uma grita voraz para mais legislação, mais rigor, pena maior… O vício não tem fim: pena de morte!, bandido bom é bandido morto!, lincha!, mata!
O vício só cresce e o Estado de Terror é a verdadeira overdose da legislação. Só assim dá para curtir essa desigualdade numa boa.
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