A exposição de História em Quadrinhos (HQs) das bibliotecas de Campinas faz parte das comemorações do Dia Nacional das HQ e reúne trabalhos de artistas conhecidos no Brasil e no exterior, como Antonio Cedraz, Wilson Gandolpho, DJota Carvalho, Bira Dantas, Fabiano Carriero, Fernando Moretti e Maurício Squarisi. Os trabalhos desses artistas ficarão expostos em todas as bibliotecas públicas da cidade até 28 de fevereiro.
De acordo com uma das curadoras da exposição, a bibliotecária Suze Elias, os principais critérios utilizados para escolher as obras que ficariam expostas foram a proximidade do assunto tratado na HQ com questões locais ou do país e o fato de a tira ter sido publicada em jornais da região. A exposição conta também com releituras que 23 artistas fizeram de quadrinhos famosos, como é o caso da personagem Rê Bordosa, criada pelo cartunista Angeli na década de 80.
Suze conta que a colaboração dos cartunistas locais foi muito importante para que os trabalhos, que reúnem personagens com traços e estilos diferentes, pudessem ser conferidos nas bibliotecas públicas de Campinas. “A Biblioteca Zink tem um acervo chamado “Documentário de Arte”, e lá temos vários recortes sobre quadrinhos. Em função desse acervo, eu entrei em contato com os autores e alguns deles me enviaram tiras, que tinham que ser publicadas nos jornais locais”, disse.
Por conta do pouco espaço disponível nas bibliotecas José de Castro Tibiriçá, Monteiro Lobato e Guilherme de Almeida, a maior parte do acervo da exposição de HQs pode ser conferida pelo público na Biblioteca Professor Ernesto Manoel Zink, que fica no centro de Campinas.
Apesar de essa ser a primeira vez que as bibliotecas de Campinas montam uma programação dedicada ao Dia Nacional das HQs, que teve as comemorações transferidas para fevereiro a fim de conciliar as agendas dos cartunistas convidados para participar da abertura do evento, essa é a oitava exposição que a Biblioteca Zink organiza sobre histórias em quadrinhos. Aliás, Suze revela uma curiosidade que tem a ver alguns dos trabalhos expostos. “Na Biblioteca Zink tem parte da exposição do Mauricio Squarisi, que fez um filme sobre [o jornalista campineiro] Castro Mendes. O filme vai ser lançado no dia 19 de março, mas os quadrinhos que vão aparecer podem ser vistos antecipadamente na exposição da Zink”, conta.
A abertura da programação dedicada às HQs, realizada em 8 de fevereiro, reuniu cartunistas como Mario Cau, Laudo, Batata, Cláudio Martini, Gilmar e Bruno Bull, que participaram de um bate-papo na Biblioteca Zink. Além disso, o público que foi à abertura pode conferir lançamentos e uma tarde de autógrafos com Pedro Netto, Marcatti, Laudo, Gilmar e outros autores de HQs.
Embora existam várias opções de histórias em quadrinhos e os leitores já tenham conhecimento delas, para Suze ainda existe uma associação quase imediata das HQs ao público infantil. “As pessoas precisam perder aquela coisa que quadrinho é absurdamente infantil. Hoje em dia, as pessoas têm uma consciência melhor da diversidade de gêneros que existe dentro dos quadrinhos. Dentro da narrativa gráfica tem uma série de possibilidades, como terror, erótico, aventura, infantil e também a quadrinização de literatura”, disse.
Mesmo com a ampliação de histórias em quadrinhos para outras faixas-etárias, o público infantil continua a se interessar pelas HQs. De acordo com a responsável pela Biblioteca Municipal Infantil Monteiro Lobato, a bibliotecária Márcia Miklós, no ano passado foram emprestados 385 gibis.
Com um acervo de 7.080 livros e 4.598 gibis, a biblioteca, cujo nome foi dado em homenagem a um dos maiores escritores de literatura infantil brasileira, fica atualmente no Bosque dos Italianos e, no ano passado, recebeu 9.800 crianças, o que mostra que a leitura ainda é um hábito presente desde cedo. De acordo com Márcia, as crianças começam a ir à Biblioteca Monteiro Lobato antes mesmo de aprender a ler. “A criança cresce aqui dentro, o irmãozinho engatinha, depois começa a brincar e a ler. Tem muito adulto que frequenta a biblioteca desde que era bebê, como é o caso de uma família que tem quatro filhos e três deles já pegam livro emprestado”, conta.
Segundo ela, os frequentadores da biblioteca geralmente preferem os clássicos da literatura infantil, que muitas vezes são lidos até pelos pais das crianças, como O Patinho Feio e Branca de Neve e também livros mais recentes, como o best-seller O Diário de Um Banana. Quanto às histórias em quadrinhos, as que fazem mais sucesso entre o público da biblioteca são os Mangás e a HQ Turma da Mônica Jovem.
Apesar de considerar a iniciativa de criar uma programação dedicada ao Dia Nacional das HQs importante para incentivar a leitura, Márcia destaca alguns problemas que acabam comprometendo o projeto. “Eu acho muito interessante porque as crianças estão lendo, mas precisa de mais apoio e uma divulgação maior porque tudo dentro da área infanto-juvenil vale à pena, pois a criança vai ser estimulada”, disse.(Deborah Duarte)