Cena de "Contos da Lua Vaga" e "Ran", alguns destaques do ciclo
Cena de “Contos da Lua Vaga” e “Ran”, alguns destaques do ciclo

O Museu da Imagem e do Som de Campinas exibe, a partir do dia 1º de fevereiro, onze filmes dos mais importantes cineastas japoneses no ciclo “Mestres do Cinema Japonês”. Com curadoria de Ricardo Pereira e Gustavo Sousa, os filmes serão exibidos sempre às sextas-feiras, às 19h30, e aos sábados, às 16h e às 19h30.

Com mais de 100 anos de história, o cinema nipônico teve diversos cineastas que se destacaram, entre eles Kenji Mizoguchi (Contos da Lua Vaga), que iniciou a carreira nos anos 1920 e foi um dos diretores mais famosos nos períodos que antecederam e sucederam a Segunda Guerra Mundial. Uma marca registrada do cineasta é abordar a mulher japonesa nos filmes, retratando seus problemas, profissões e modos de vida. Além dele, outro diretor de grande prestígio é Akira Kurosawa (Ran), cujos trabalhos têm como característica a abordagem mais complexa da relação entre bem e mal e a honra como prioridade. O filme que fará parte do ciclo do MIS, Ran, foi considerado pelo próprio cineasta como a obra de sua vida.

Entre os filmes escolhidos estão também obras de outros cineastas importantes, como Takeshi Kitano (O Mar Mais Silencioso Daquele Verão), Kon Ichikawa (A Harpa da Birmânia), Yasujiro Ozu (Era Uma Vez em Tóquio), Hiroshi Teshigahara (A Mulher de Areia), Kaneto Shindô (Onibaba – A Mulher Demônio), Yasuzo Masumura (Cega Obsessão), Masahiro Shinoda (Duplo Suicídio em Amijima), Nagisa Oshima (O Homem que Deixou seu Testamento no Filme) e Shohei Imamura (A Enguia).

O ciclo vai até dia 28 de fevereiro e todas as sessões são gratuitas.

Confira detalhes da programação:

1 de Fevereiro, 19h30
ERA UMA VEZ EM TÓQUIO
Direção de Yasujiro Ozu.

Um casal de idosos vai de Onomichi para Tóquio visitar os filhos após uma ausência de 20 anos. Hospedam-se inicialmente com a família do filho mais velho, que não dispõe de tempo nem de condições financeiras para oferecer aos pais a atenção necessária. Sentindo-se desprezados, eles se mudam para a casa da filha mais velha, que dirige um salão de beleza e vive atarefada. Apenas a viúva do filho mais novo, Shoji, lhes oferecerá hospitalidade. Japão, 1953. Preto e Branco, 135 min.

7 de Fevereiro, 19h30
CONTOS DA LUA VAGA
Direção de Kenji Mizoguchi.

Durante a guerra civil japonesa (1583), o pobre oleiro Genjuro e seu cunhado Tobei viajam a capital da província, nas redondezas do lago Biwa, para vender utensílios de cerâmica. Com as vendas, Tobei compra armas e torna-se samurai e Genjuro acaba passando vários dias no castelo da misteriosa Wakasa, quando vai entregar as mercadorias. Filme premiado com o Leão de Prata no Festival de Veneza de 1953. Japão, 1953. Preto e Branco, 94 min.

8 de Fevereiro, 16h
A HARPA DA BIRMÂNIA
Direção de Kon Ichikawa.

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, alguns japoneses não acreditaram que o país deles perdeu e continuaram a lutar mesmo depois do cessar-fogo. Uma tropa liderada por um capitão apaixonado por música, e que ensinou seus comandados a cantar, entrega as armas para os ingleses já quase na fronteira da Tailândia. A um dos soldados, um harpista, é delegado uma tarefa inglória: subir uma montanha das redondezas e convencer os demais soldados a abandonarem seus postos e se entregarem. Indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e ao Leão de Ouro em Veneza. Japão, 1956. Preto e Branco, 116 min.

8 de Fevereiro, 19h30
A MULHER DE AREIA
Direção de Hiroshi Teshigahara.

Um homem na praia perde o ônibus que o levaria à cidade. Ao buscar um lugar para passar a noite, é levado por alguns moradores da região a uma escada de corda que o leva até uma casa, na base de um penhasco. Uma mulher solitária o recebe para passar a noite. De manhã, as escadas não estão mais lá, e o povo do vilarejo dança e comemora no alto do penhasco. A armadilha dá início a uma série de desesperadas tentativas de fuga. Japão, 1964. Vencedor do Prêmio Especial do Júri no Festival de Cannes. Preto e Branco, 123 min.

14 de Fevereiro, 19h30
ONIBABA – A MULHER DEMÔNIO
Direção de Kaneto Shindô.

Século 14, um Japão feudal destruído por guerras civis. Esperando o filho que está na guerra, uma mulher e sua nora sobrevivem em uma aldeia através de tocaias que armam contra guerreiros samurais, matando-os e vendendo seus pertences em troca de comida. Com a chegada de um guerreiro fugitivo, a mãe teme que a nora a abandone pelo soldado, pondo em prática um plano diabólico para manter a companhia da garota. Japão, 1964. Preto e Branco, 103 min.

15 de Fevereiro, 16h
CEGA OBSESSÃO
Direção de Yasuzo Masumura.

Um escultor cego obcecado por uma modelo a aprisiona em seu ateliê.
Acreditando ter criado uma nova forma de arte tátil, ele e a modelo se envolvem numa alucinada e sadomasoquista relação, entre o erotismo, a arte e a morte. Clássico sem precedentes da nouvelle vague japonesa, do gênero eroductions (filmes eróticos) de atmosfera de horror psicológico. Belo e angustiante, Cega Obsessão foi baseado num conto de Edogawa Rampo, pai dos romances policiais nipônicos dos anos de 1920 a 1960. Suas histórias eram recheadas de compulsão obsessiva, desfiguramento e loucura, ficando proibidas de circular no Japão durante a Segunda Guerra. O diretor Yasuzo Masumura, que já tinha sido assistente dos mestres Kenji Mizoguchi e Kon Ichikawa, é o autor dos filmes mais vigorosos do cinema japonês de todos os tempos. Japão, 1969. Colorido, 84 min.

15 de Fevereiro, 19h30
DUPLO SUICÍDIO EM AMIJIMA
Direção de Masahiro Shinoda.

Adaptado de uma peça popular do teatro de bonecos “bunraku” do século XVIII chamada “Shinju Tem no Amijima” (Duplo Suicídio em Amijima) de Chikamatsu, onde um comerciante de papel sacrifica sua família, destino, e principalmente sua vida por uma obsessão erótica com uma prostituta. O cineasta Masahiro Shinoda foi um expoente da nouvelle vague nipônica dos anos 60 ao lado de Nagisa Oshima. Explorou as tendências masoquistas e suicidas do japonês, particularmente no contexto do amor erótico. Por ser um historiador de artes dramáticas e pertencer a uma família tradicionalmente ligada às artes, ele fez deste estranho e belíssimo filme um dos mais fascinantes da história do cinema japonês. Japão, 1969. Preto e Branco, 104 min.

21 de Fevereiro, 19h30
O HOMEM QUE DEIXOU SEU TESTAMENTO NO FILME
Direção de Nagisa Oshima.

Enquanto tenta recuperar a sua câmera, confiscada pela polícia durante as filmagens de uma manifestação estudantil, um jovem testemunha o suicídio de um amigo, que deixa um filme inacabado como testamento. Junto com a amante abandonada pelo companheiro morto, tenta acompanhar os seus últimos paradeiros, mas apenas se perdem no cenário quotidiano, começando a refilmar as mesmas paisagens, tentando penetrar na personalidade do amigo desaparecido, de maneira a compreender o significado do filme-testamento, e por conseguinte, da sua própria morte. Japão, 1970. Preto e Branco, 94 min.

22 de Fevereiro, 16h
RAN
Direção de Akira Kurosawa.

No Japão do século 16, um senhor feudal decide dividir suas posses entre os três filhos. Os mais velhos se tornam rivais e começam a lutar pelo controle total das terras, o que ameaça arruinar os domínios da família. O filho mais novo, que quer se manter fiel ao pai, é banido pelos irmãos e é o único com coragem para lhe contar o que está acontecendo. Japão/França, 1985. Em 1986, conquistou o Oscar de Figurino e foi indicado aos de Direção de Arte, Fotografia e Direção. Colorido, 160 min.

22 de Fevereiro, 19h30
O MAR MAIS SILENCIOSO DAQUELE VERÃO
Direção de Takeshi Kitano

Shigeru é um portador de deficiência auditiva que trabalha como ajudante num caminhão coletor de lixo. Um dia encontra uma prancha de surfe descartada e, então, resgata-a para consertá-la e começar a experimentar as ondas. Japão, 1991. Colorido, 101 min.

28 de Fevereiro, 19h30
A ENGUIA
Direção de Shohei Imamura

Yamashita acaba de sair da prisão, onde passou 8 anos por ter assassinado sua mulher infiel num ataque de raiva, e vai morar numa pequena vila de pescadores, onde se torna cabeleireiro. Sua única companhia é uma enguia de estimação que arranjou na cadeia. Um dia, ele vê a jovem Keiko logo após tentar suicídio, e decide ajudá-la, empregando-a em sua loja, mas decide continuar emocionalmente distante de todos. Vencedor da Palma de Ouro em Cannes. Japão, 1997. Colorido, 117 min.

Local:
MIS Campinas
Palácio dos Azulejos
rua Regente Feijó, 859, Centro
Gratuito