Coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INTC), Marcos Buckeridge, afirma que a ideia de plantar cana-de-açúcar na Amazônia não é logisticamente viável.
Recentemente, a Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e controle (CMA) do Senado aprovou Projeto do senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) que permite o cultivo de cana-de-açúcar na Amazônia Legal. Essa atividade poderá acontecer nas áreas desmatadas, nos biomas cerrados e campos gerais.
Contudo, para o coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia do Bietanol, Marcos Buckeridge, essa decisão não é nem biológica e nem economicamente boa. “A cana não é boa para plantar na Amazônia. A usina do etanol exige que a plantação seja no entorno dela e se gasta muito com transporte, até porque a energia vai ser deslocada para um grande centro, como São Paulo, Rio de Janeiro ou Minas Gerais”, afirma.
O projeto é do tucano Flexa Ribeiro afirma que o plantio de cana na região vai incentivar a produção de biocombustíveis. Entretanto, a região amazônica está fora do zoneamento agroecológico para o cultivo da cana-de-açúcar, segundo determinação da Embrapa.
Além da cana-de-açúcar, a soja é usada para bioenergia, mas segundo Buckeridge, ela não é eficiente. “A soja não é assim tão eficiente energeticamente; ela é usada mais por questões de mercado”, dispara.
Alternativas
Outras plantas estão sendo estudadas do ponto de vista da geração de energia. Umas delas é o mata-pasto, árvore que tem de 4 a 5 metros de altura e é um dos maiores depósitos de amido já conhecido pelos cientistas.
Para transformar essa planta em energia, é possível queimar seus ramos sem destruir a planta. Mais uma vantagem é que o mata-pasto cresce mais rápido e produz mais biomassa do que a cana.
Outra modalidade é a supercana, composta por 4 genes que auxiliam positivamente no processo da fotossíntese. Essa planta pode ter sua concentração de açúcar aumentada e consequente crescimento dos lucros, já que a supercana pode crescer a produtividade do etanol em até 40%.
Essa tecnologia que auxilia na produtividade de plantas vem em um momento importante para o Brasil, que se consolida como grande produtor de biocombustíveis.
O caroço do açaí também está sendo estudado, já que possui amido e gordura favoráveis ao biodiesel. (Por Claudia Müller, da Rede Carta Campinas)