O professor da Faculdade de Engenharia Mecânica da Unicamp, Waldir Bizzo, afirmou em debate sobre incineração, realizado na Câmara de Campinas, que a opção da prefeitura em produzir carvão CDR (Combustível Derivado de Resíduos) é mais perigosa ao meio ambiente e à saúde pública do que a construção de um único e grande incinerador de lixo na cidade.

Waldir Bizzo afirmou também que o CDR produzido a partir do lixo doméstico poderá ser espalhado em diversas caldeiras e fornos na região, de forma que não há controle nem fiscalização adequados para que os filtros estejam funcionando corretamente. O uso de filtros é fundamental para evitar que a queima do lixo ou do carvão libere substâncias cancerígenas como o dioxinas e furanos.
Ele alerta para o risco da queima distribuída, como a prefeitura pretende fazer: “quando você produz o combustível, ele é queimado em diversos pontos, que normalmente não tem nenhum tratamento de limpeza de gases, não tem controle nenhum”.
O vereador Pedro Tourinho, que também é médico, afirmou que o governo Jonas Donizette está optando pelo pior. Para ele, as substâncias liberadas na queima do lixo são cancerígenas. “As dioxinas e os furanos estão associados ao aumento da incidência de câncer onde elas estão presentes”.
Além disso, o professor Bizzo mostrou que há uma uma incompatibilidade no modelo que tenta reunir reciclagem com geração de energia. O problema é que os materiais que geram mais energia (papel e plástico) são também os que são mais aproveitados na reciclagem. “Se você recicla mais, a geração de energia é menor. Mas se você opta por gerar mais energia, a reciclagem será menor”, disse.
O represestante da Prefeitura no debate, o engenheiro da Secretaria de Serviços Públicos, Fernando Carbonari, disse que a administração pretende reciclar o máximo possível e que não está definido qual será o modelo a ser adotado. Como já vinha sendo feito em outras falas da administração, ele negou que a produção de combustível seja um modelo de incineração. “Faremos o novo modelo de política de gestão baseada no reaproveitamento de energia para não termos aterro.”
As cooperativas cooperativas de catadores temem que a prefeitura implante uma política de apartheid, tirando a reciclagem dos catadores para passar para grandes empresas privadas. E assim excluindo a geração de renda para milhares de famílias e privilegiando o lucro de algumas empresas. A valorização das cooperativas está prevista inclusive na lei federal que instituiu o Plano Nacional de Resíduos Sólidos.
“Se tivermos treinamento, capacitação e geração de trabalho e renda, vamos reciclar bem mais que 2% que hoje são reciclados em Campinas”, comentou o presidente da Acoop, José Carlos de Souza, o Zé Pretinho.
O presidente da Reciclamp, Valdecir Aparecido Viana, reclamou que a Prefeitura fala apenas em PPP (Parceria Público-Privada) e contratação de empresas e não fala nada sobre a participação das cooperativas. O representante do Movimento Nacional de Catadores, Armando Octaviano, destacou que a Conferência Municipal de Meio Ambiente rejeitou a incineração e a realização de uma PPP para gerir os resíduos sólidos em Campinas. (Carta Campinas com informação de divulgação)
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