Uma reportagem sobre os mitos, acusações e glórias da rede Fora do Eixo e a Mídia Ninja. Ou sobre a história do estupro de um soldado em Santa Maria (RS), dois anos depois do fato. Que tal algo que aborde a indústria da água mineral no Brasil? Ou, talvez, uma investigação nas favelas no Rio de Janeiro e a vida das crianças da “geração Caveirão”. Quem sabe, ainda, uma apuração sobre os assessores do Senado Federal – quem são eles, o que andam fazendo etc? Essas são algumas das sugestões de reportagens que um conselho editorial formado por 808 pessoas tem a missão de selecionar e avaliar, de um total de 48 pautas. O prazo para a seleção é até dia 20 deste mês, um domingo, e apenas 12 delas serão escolhidas.
Todas as sugestões fazem parte do Reportagem Pública e podem ser acessadas no site (http://www.apublica.org/Reportagem-Publica) do projeto, considerado o maior financiamento coletivo no jornalismo brasileiro que se tem notícia até então. A iniciativa, da Agência Pública (http://www.apublica.org/), uma organização sem fins lucrativos que produz e promove o jornalismo investigativo no Brasil, é fruto de uma campanha que arrecadou R$ 58.935 de 808 doadores na plataforma de crowdfunding Catarse – esses doadores formam o conselho editorial citado no parágrafo acima e têm direito de indicar 12 pautas. Cada um deles recebeu uma nome de usuário e senha que permitem o acesso aos mecanismos de votação do site.
Para cada real doado durante a campanha, a fundação Omidyar, criada pelos fundadores do E-Bay, vai doar mais um real. A verba vai financiar 12 bolsas de jornalismo no valor de R$ 6 mil. No total, o projeto Reportagem Pública recebeu mais de 120 propostas de pauta de jornalistas de todo o país, incluindo estudantes.
De acordo com A Pública, as sugestões foram pré-selecionadas segundo os critérios de consistência na pré-apuração, experiência do repórter, capacidade de realizar reportagens de forma independente, segurança e viabilidade da investigação. Além da bolsa, os selecionados contarão com orientação e apoio da agência durante o processo de apuração das reportagens.
Quem não doou e quiser participar, pode comentar e compartilhar as pautas por meio das redes sociais. Ainda é possível interagir diretamente com o próprio repórter, no site do projeto.
“A ideia é justamente que mais pessoas colaborem com ideias, fontes, informações sobre a pauta, ou até se voluntariem para apoiar o repórter na apuração. Acreditamos que dá sim para fazer jornalismo investigativo de maneira colaborativa, e estamos construindo uma comunidade que aposta nessa ideia”, afirma Natalia Viana, codiretora da Agência Pública.
(Sarah Costa Schmidt para o Carta Campinas)