O distúrbio do sono é a dificuldade que uma pessoa enfrenta para dormir. Tais complexidades caracterizam-se ao iniciar ou manter o sono, como também o sono não reparador, no qual a pessoa acorda cansado, o que reflete em sua vida social e profissional.
Diversos fatores propiciam o distúrbio do sono, como costumes desapropriados relacionados ao horário do sono, o local em que se dorme e outras questões comportamentais que comprometem o sono saudável, como relata a neurologista Helen Maia Tavares de Andrade. “Hábitos inadequados de sono como horário irregular para dormir, ambiente barulhento e com muita luminosidade, uso de estimulantes do sistema nervoso central ou álcool e cochilos durante o dia. Há também fatores sociais como problemas familiares, econômicos, profissionais, violência e enfermidades, principalmente com dor”, conta.
Ela explica que a insônia, um dos sintomas do distúrbio do sono, predomina mais entre as mulheres, sendo mais presente na terceira idade. Além disso, ela esclarece que pacientes com insônia podem sofrer com outros tipos de problemas de saúde por decorrência disso. “A faixa etária que mais sofre com insônia são as pessoas acima dos 60 anos e há maior prevalência no sexo feminino. A literatura especializada tem descrito um conjunto de consequências da insônia, sendo a depressão a mais significativa. Vale ressaltar também o comprometimento cognitivo (dificuldade de atenção e de concentração), irritabilidade, problemas físicos como dor de cabeça e dores no corpo, além de piores condições para lidar com problemas e com tarefas do dia-a-dia”, disse.
A Relações Públicas Ana Barbosa começou a sofrer com a insônia aos quinze anos de idade. Em 1994, ela foi diagnosticada com diabetes na mesma semana que sua irmã mais velha Kelly, adoeceu, ficando sem andar e sem falar. Somente quatro anos após, os médicos a diagnosticaram com porfiria. Ana revezava com sua mãe os cuidados que tinham que ter com sua irmã, passando assim a ficar acordada durante a noite cuidando dela.
Ela lembra como foi para sua família lidar com esses momentos difíceis e conta que seu problema com a insônia surgiu a partir desse período. “Acho que a maioria dos distúrbios de sono é desencadeada em decorrência de um estresse grande. Tive que lidar não somente com a minha doença (diabetes), que há quase vinte anos atrás era considerada uma doença “mortal”, não que hoje não seja, mas os recursos da época eram limitados, enfim, tive que trabalhar minha mente no sentido. “Minha irmã tem uma doença séria, que os médicos não descobrem e que pode levá-la a óbito a qualquer momento. Foi um período conturbado, deixaria qualquer um sem dormir”, disse.
Há três anos Ana Barbosa faz uso de medicamentos para dormir, além de massagem corporal relaxante, caminhadas e seleciona bons livros para acalmar a mente. “De três anos pra cá, voltei a viver esse “momento conturbado”, tive varias perdas na família, incluindo minha filha e meu pai. Acho que todas essas situações, associadas à insônia, provocou não só um episódio depressivo, mas desencadeou episódios da tão conhecida Síndrome do Pânico e faço tratamento até hoje”, conta.
A neurologista Helen de Andrade explica quais são os tratamentos para quem sofre de distúrbio do sono. “Existem vários distúrbios do sono com tratamento específico para cada um deles. No caso da insônia um dos tratamentos mais importantes são as chamadas medidas de higiene do sono que consistem em horário regular para dormir, quarto silencioso, escuro e com boa temperatura, não fazer uso de estimulantes do sistema nervoso central ou álcool, principalmente, após as 18h e evitar exercícios físicos depois das 18h. Existem também terapias comportamentais e cognitivas realizadas por psicólogos especialistas em doenças do sono e medicações hipnóticas que podem ajudar o paciente desde que bem indicada por neurologista ou psiquiatra”, relata.
Ela esclarece quais são os casos que levam o paciente a necessitar fazer o exame de polissonografia. “O diagnóstico de insônia é feito através da anamnese (entrevista realizada pelo médico com o paciente). Mas se durante a anamnese for feita suspeita de outros distúrbios do sono como, por exemplo, apneia obstrutiva que pode piorar a qualidade do sono indica-se a polissonografia”, descreveu.
Além disso, ela conta sobre a possibilidade do paciente viver com a melhora desse sintoma da insônia. “A cura depende do tempo de insônia, se existe fatores desencadeantes (como estresse por problema familiar), se existe outras doenças associadas e também uso de substâncias estimulantes. Por isso, é necessário que o paciente procure um especialista para ter todos os aspectos avaliados e tratamento específico”, conta. (Por Eliane Honorato)