No próximo dia 17 de fevereiro, na Casa São Jorge, em Barão Geraldo, acontece o lançamento da nova série documental de TV “Chão de Fábrica”, dirigida por Renato Tapajós e produzida pelo Laboratório Cisco. A exibição faz parte da programação do Festival Circuito Barão, mostra paralela à 13ª edição do Festival Internacional de Teatro de Campinas (Feverestival), que acontece entre 12 a 24 de fevereiro.
Com narração de Zé de Abreu, os 13 episódios de “Chão de Fábrica” contam a história do Novo Sindicalismo brasileiro e irão ao ar pela TV dos Trabalhadores, a TVT (canais 46 UHF e 44 UHF digital), no primeiro semestre de 2017. Na pré-estreia, será exibido um episódio de 26 minutos, seguido de festa embalada pelo som do D’Aldeia, coletivo de compositores.
O novo trabalho de Tapajós tem início com as grandes greves de 1979/1980, ocorridas no ABC, em São Paulo, que lançaram as bases para uma nova forma de se fazer sindicalismo e política no Brasil. Busca questionar o que mudou de lá para cá e se o atual sindicalismo foi capaz de se adaptar às profundas transformações ocorridas na organização da produção no capitalismo. A história é contada através de um vasto material de arquivo, filmagens atuais em fábricas e no campo, além de entrevistas com especialistas e sindicalistas.
Tapajós, considerado um dos principais documentaristas do sindicalismo brasileiro, é também diretor do documentário longa “Linha de Montagem”, sobre o início do movimento sindical no Brasil e as greves no ABC que marcaram a história política do país. Segundo ele, “Chão de Fábrica” pode ser considerada uma consequência histórica de “Linha de Montagem”, mostrando a transição entre dois modelos econômicos praticados no Brasil – o desenvolvimentismo sendo substituído pelo neoliberalismo – e como essa transição afetou e afeta o sindicalismo no Brasil.
“O conteúdo talvez surpreenda o próprio movimento sindical, colocando questões que somente o distanciamento histórico e crítico do olhar do diretor – entre esses dois períodos que ele vivenciou – podem oferecer”, sugere Hidalgo Romero, responsável pela montagem e pelo roteiro, no qual o Tapajós também foi coautor. Com trilha sonora moderna incluindo clipes musicais e narrativa dinâmica, “Chão de Fábrica” busca desconstruir a ideia de documentário baseado apenas em entrevistas. “Há um narrador personagem que não é comprometido com os fatos da História, emite opiniões, questiona afirmações e é irônico em alguns momentos. Chão de Fábrica é voltado aos operários da era neoliberal, que talvez não tenham a mesma ideia de pertencimento de classe do movimento operário dos anos 80”, diz Romero.
“O novo sindicalismo teve uma importância crucial para o processo histórico e político brasileiro – ajudou a garantir a democracia no Brasil nos anos 80 e impediu que o neoliberalismo dominasse o país em um período em que o restante do mundo já era vítima de um capitalismo ainda mais destruidor. Mesmo com o crescimento do poder neoliberal com Collor e FHC, o novo sindicalismo foi capaz de interferir positivamente na vitória de Lula em 2002 e em boa parte de suas políticas de melhoria da renda dos trabalhadores. Mas, como aponta o último capítulo da série e tudo o que estamos vendo no Brasil de hoje, tudo indica que essa fase brilhante do novo sindicalismo se esgotou e estamos diante de uma grande interrogação em relação ao que virá nos próximos anos”, afirma Tapajós.
Atualmente o diretor, roteirista e escritor vem se dedicando às filmagens do documentário “Esquerda em Transe”, que busca responder o que é ser de esquerda no Brasil e a crescente importância política dos movimentos sociais no país. Ao longo da carreira, já dirigiu 30 filmes de curta, média e longa metragens e mais de 200 vídeos, tendo sido premiado em festivais internacionais, como Leipzig, Oberhausen e Havana, e nacionais, como Jornadas de Cinema e Vídeo de Salvador. É autor de “Em Câmara Lenta”, pela editora Alfa Omega, primeiro romance publicado sobre a luta armada no Brasil durante a ditadura militar, além de títulos voltados ao segmento infantojuvenil. Seu primeiro longa ficcional “Corte Seco”, sobre a tortura durante a ditadura militar, é autobiográfico e foi exibido em junho passado pela primeira vez em Campinas, cidade onde foi integralmente rodado. (Carta Campinas com informações de divulgação)
Ficha técnica
Série Documental Televisiva “Chão de Fábrica”
Direção: Renato Tapajós
Narração: José de Abreu
Edição e Roteiro: Hidalgo Romero
Fotografia: Coraci Ruiz
Trilha sonora: João Arruda
Direção de Produção: Julio Matos
Produção de Base: Marcelo Félix
Produção de Campo: Alexandre Machado
Finalização de som: Olivia Fiusa
Arte: Oka Design
Pesquisa: Isabela Moura
Assistência de Montagem: Lucas Reitano
Assistência de Direção: Marema Valadão
Estágio: Marília Dutra
Pré-estreia “Chão de Fábrica”
Data: 17 de fevereiro de 2017
Horário: 20h
Local: Casa São Jorge (Avenida Santa Isabel, 655 – Barão Geraldo, Campinas – SP)
Atração musical: D’Aldeia – Coletivo de Compositores
Entrada: Gratuita para quem confirmar presença com antecedência pelo evento do Facebook ou R$ 10,00 no local.
Sobre o Laboratório Cisco – Produtora de conteúdo audiovisual, com sede em Campinas, formada pelos cineastas Coraci Ruiz, Julio Matos, Hidalgo Romero e parceria com Renato Tapajós. Em 13 anos dedicados à produção de cinema autoral, documentário e televisão, já realizou curtas, médias e longas-metragens, videoclipes, séries e programas de TV, além de vídeos sob encomenda para ONGs, prefeituras e universidades. Entre suas principais premiações destacam-se o longa Cartas para Angola (2010), premiado no Brasil, Angola, Portugal e Bélgica, e na grade de programação do Canal Curta; Saudade, vídeo-cartas para Cuba (2005), Melhor Documentário Independente Brasileiro no 14o Gramado Cine Vídeo; Rotas Recriadas (2004), Melhor Vídeo Social, Melhor Vídeo Independente Brasileiro pelo Júri e Público no 13o. Gramado Cine Vídeo; Olhos Negros: compartilhando imagens (2003), Prêmio Especial do Júri no 4o. Catarina Festival de Documentários; e Acontecências, selecionado no International Documentary Film Festival Amsterdam (IDFA) em 2009 e “É Tudo Verdade” em 2010, com menção honrosa na 37 Jornada da Bahia, em 2010. Atualmente produz a Série para TV Chão de Fábrica e o Documentário longa Esquerda em Transe, tendo finalizado a Série Taquaras, Tambores e Violas em 2015. Mantem contato permanente com a pesquisa e educação, por meio da carreira acadêmica de seus integrantes, oferta de oficinas, cursos e inclusão de recém-formados da Unicamp em suas equipes de pesquisa e assistência de edição. Mais informações no SITE do Laboratório Cisco.
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