(foto tomaz silva - ag brasil)
A Operação Contenção, deflagrada na terça-feira (28) pelas polícias Civil e Militar do estado do Rio de Janeiro, sob o comando do governado de extrema direita, Cláudio Castro(PL), tem fortes indícios de que foi uma operação para executar dezenas de pessoas sem qualquer direito de defesa. Uma ação violenta contra o Estado Democrático de Direito e, portanto, uma ação contra a Democracia.
Um dos primeiros pontos da operação foi ela ter se organizado para encurralar os suspeitos em uma mata, para que não houvesse filmagem de moradores. O segundo ponto é de que não há registro das câmeras corporais que são obrigatórias nessas ações. O terceiro ponto é que não foram apreendidos recursos financeiros, nem grande quantidade de drogas. Uma operação, portanto e ao que tudo indica, com o objetivo de assassinar.
A operação no Rio soma mais de 130 mortos com execução sumária, sem direito à defesa, muito diferente da situação da organização criminosa que tentou dar um golpe de Estado em 8 de janeiro, onde todos os integrantes tiveram um amplo processo de direito de defesa, inclusive muitos do PL, partido do governador do Rio, Cláudio Castro.
Depois da tentativa de golpe de Estado por Bolsonaro, a chacina do governo Cláudio Castro é o maior atentado a democracia. Ambos são do PL (Partido Liberal).
A Operação policial de Castro foi marcada por execuções e torturas e classificada como carnificina por moradores, parentes dos mortos e pela Associação de Moradores do Parque Proletário da Penha.
O Ministério Público do Rio de Janeiro determinou que sejam verificadas as câmeras corporais usadas pelos policiais que participaram da Operação Contenção, nos complexos da Penha e Alemão, que resultou na morte de 130 pessoas, entre elas quatro policiais. Foram realizadas mais de 100 prisões e apreendidas 118 armas, a maioria fuzis, além de 14 artefatos explosivos.
O procurador-geral de Justiça do Estado, Antônio Campos Moreira, disse que o acesso e a checagem das imagens são parte essencial da apuração sobre as mortes ocorridas durante a ação policial.
A reportagem da Agência Brasil esteve no local e entrevistou testemunhas que tentaram socorrer as vítimas nas primeiras horas ou ajudaram na remoção dos corpos.
A estratégia das polícias foi invadir as comunidades e montar emboscada com agentes do Batalhão de Operações Especiais (Bope), bloqueando a fuga pelo alto da mata que circunda as duas comunidades. No local, uma mata fechada, segundo os relatos, ocorreu a mantança, com sinais de tortura e execução de dezenas de corpos resgatados e dispostos na manhã de hoje em frente à associação comunitária, na Praça São Lucas, na localidade conhecida por Vila Cruzeiro.
” A gente ouviu os gritos e pedidos de socorro e subiu para ajudar. Eu moro perto. Entrei na mata 3h da manhã.”, contou um morador. O homem, de 25 anos, que preferiu não se identificar, contou que, naquele momento, a polícia ainda estava no local e tentou impedir a ajuda.
“Eles não paravam de dar tiro, tacar bomba de gás [lacrimogêneo] e, em muitos momentos, a gente teve que se proteger. Eles dando tiro, a gente se escondendo no meio dos corpos para prosseguir”, relatou.
A testemunha esteve, mais cedo, no Instituto Médico-Legal (IML) para tentar liberar o corpo de um primo, morto na operação. Na tentativa de socorro, o homem revelou que o cenário na mata era desolador.
“A gente encontrou muitos mortos sem camisa, fuzilados, com mãos e dedos decepados e também decapitados. Eu vi bem uma cabeça que estava entre os galhos de uma árvore e o corpo jogado no chão”, disse.
Ele mostrou à reportagem o vídeo da vítima encontrada nessas condições, identificada como Ravel. Fotógrafos que estiveram na área mais cedo também encontraram vítimas mortas com a cabeça cortada por faca.
Segundo a testemunha, os moradores que participaram do resgate acessaram ainda celulares encontrados no local ou receberam áudios das vítimas contando que tinham se rendido, antes da execução, contrariando a versão do governo do estado de que os mortos foram vitimados em confronto.
“Vocês viram os vídeos dos meninos saindo do bunker, ontem, se entregando? Eles não são um terço dos que se entregaram. Teve gente que pediu perdão, se ajoelhou, jogou os fuzis, mas foi morta”.
O presidente da associação comunitária de Parque Proletário, Erivelton Vidal Correa, em entrevista na sede da entidade, na Penha, confirmou o depoimento da testemunha ouvida pela Agência Brasil e disse que desde às 19h da noite de terça, as famílias tentavam subir a mata para ajudar as vítimas. Ele avaliou que, se o socorro tivesse chegado antes, possivelmente, o número de mortos poderia ter sido menor.
A entidade chegou a levar seis baleados para o Hospital Estadual Getúlio Vargas, ontem, mas eles chegaram mortos à unidade.
“Retiramos um total de 80 corpos da área conhecida como Mata da Pedreira, com o nosso sistema, nossa mão de obra. Pedimos aos moradores que trouxessem lençóis, toalha, canga, o que tivessem, para ajudar com as remoções”, contou Correa.
O presidente da associação também confirmou os sinais de tortura e execuções: “Muitos corpos deformados, com perfurações no rosto, perfurações de faca, cortes de digitais, dois corpos decapitados, a maioria dos corpos não tinha face, essa era a condição”. Entre eles, o de dois irmãos manauaras. “Eles foram mortos abraçados com um tiro na cara cada um e tiveram as digitais cortadas”.
Segundo Correa, durante todo o período de 11 anos que esteve na associação da Penha, nunca tinha se deparado com cenário tão violento. “Foi uma arbitrariedade muito grande. A gente sabe que o Estado tem que trabalhar, mas trabalhar direito, o que aconteceu aqui foi um genocídio, uma carnificina”, disse.
Para a diretora executiva do Instituto Sou da Paz, Carolina Ricardo, a operação reproduziu uma lógica que vem sendo empregada no Rio de Janeiro há muitos anos de que a principal forma de combater o crime organizado é por meio de operações violentas, que geram caos e levam a violência às comunidades, que já são por sua vez muito vulneráveis.
Para ela, esse modelo vitima moradores, afeta serviços públicos, põe em risco a vida de crianças, mas não atinge de fato o coração do crime organizado.
Segundo a pesquisadora, a operação também descumpriu a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 635, que é um conjunto de medidas que o Supremo Tribunal Federal (STF) colocou como indispensáveis para o planejamento e execução de políticas de segurança pública no estado, criticadas pelo governador Claudio Castro durante na terça-feira. (Com informações da Agência Brasil)
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