O ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) general Augusto Heleno, ao depor nesta terça-feira (26) na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos golpistas do dia 8 de janeiro, reconheceu que nada foi feito com os relatórios da ABIN (Agência Brasileira de Inteligência) que indicava a possibilidade de ações terroristas ou de vandalismo de bolsonaristas após a vitória do presidente Lula nas eleições presidenciais de 2022.
Questionado pela relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA) sobre a inação do GSI durante a tentativa de atentado terrorista no Aeroporto de Brasília, Heleno disse que são milhares de relatórios e que “indicam possibilidade”, justificando a falta de ação do GSI. “Dizer que os relatórios circulavam com frequência é dizer que a ABIN não tem razão de ser, não tem razão de existir”, disse Eliziane Gama. General Heleno tentou convencer os parlamentares de que, apesar de ser o ministro do GSI na época, não sabia de nada do que acontecia no país, ou seja, não sabia de nada que sua própria função exigia que ele soubesse. Era uma espécie de “Rainha da Inglaterra” do GSI. Veja vídeo.
Apesar de sempre se posicionar a favor do golpe e defender a Ditadura Militar instaurada em 1964, Heleno disse que não teve qualquer conhecimento sobre a minuta de golpe encontrada pela Polícia Federal (PF) na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres. Negou também que tivesse ido a acampamentos golpistas ou que tenha participado de reuniões com chefes das Forças Armadas, nas quais estaria sendo combinado um golpe de Estado.
Eliziane disse que esses encontros teriam sido relatados pelo ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro Mauro Cid, na delação premiada à PF. O teor do depoimento foi divulgado pela imprensa. (Com informações da Agência Brasil)