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Sonhar o mundo: Damião e Cia mistura o teatro de rua e o circo-teatro na comédia poética sentimental ‘Trupica Coração’

Quais verbos os corações de três artistas populares podem conjugar? Eles arriscam: amar, sofrer, penar, resistir, encantar, vibrar e encenar. Para incrementar essa lista, a Damião e Cia, que completa 10 anos de estrada em 2022, traz mais um: tropicar. O resultado dessa somatória de amores e dores é o espetáculo de rua Trupica Coração, em cartaz nesta sexta-feira (16/12), às 16h, na Praça Rui Barbosa (atrás da Catedral Metropolitana), no Centro, em Campinas. A entrada é gratuita.

A sessão conta com intérprete de Libras.

(Foto: Nina Pires)

A montagem reúne profissionais de importância na pesquisa, divulgação e produção da arte popular brasileira. A direção é de Kátia Daher, com consultoria de cena e coreografia de Fernando Neves, ambos da companhia Os Fofos Encenam (São Paulo), referência no resgate do circo-teatro brasileiro. Já a dramaturgia tem a assinatura de Rogério Guarapiran, autor e músico, com a colaboração do trio de atores da Damião e Cia: Fernanda Jannuzzelli, Lara Prado e Rodrigo Nasser.

Mas como definir Trupica Coração? O ator Rodrigo Nasser arrisca: “É um espetáculo de teatro de rua, uma comédia poética sentimental, que busca inspiração no circo-teatro e apresenta uma história que é estruturada quase que em números circenses, como no circo de variedades. É uma mescla danada de referências que se juntam para criar uma outra coisa. É uma mistura de gêneros e um gênero das misturas. Acho isso muito divertido”, destaca o ator.

A sinopse

Três personagens em busca de uma peça: Trupica Coração! Dedicados à arte popular – de rua, circo e teatro –, Poti (Fernanda Jannuzzelli), Ceci (Lara Prado) e Bum (Rodrigo Nasser) são artistas que tentam recuperar seus materiais de trabalho, confiscados em praça pública. Diante da impossibilidade de representar a peça Trupica Coração na íntegra, o trio reinventa as memórias e a representação dos episódios, enquanto luta para sobreviver e fazer arte.

“O texto traz em sua narrativa memórias de uma família circense, o Circo-Teatro do Dom. São memórias porque, desse circo-teatro ficcional, sobraram apenas três artistas. São eles que a gente vê em cena, tentando continuar suas histórias, inventando números com o que sobrou, tropicando sem desistir. Objetivamente, vocês vão ver no espetáculo o palco-picadeiro e a tentativa do trio para colocar de novo a lona do circo-teatro em pé”, completa a diretora Kátia Daher.

Com relação à dramaturgia, Rogério Guarapiran, o responsável por alinhavar as ideias do trio às suas, conta que a concepção do espetáculo aconteceu por meio de bate-papos on-line e encontros presenciais entre 2021 e 2022. Quanto ao destaque do texto, comenta sem tropicar: a criticidade. “Considero um ato poético e cômico sobre como reagir à paralisia, ao desmonte e à descontinuidade cultural que aconteceu em nosso país.  A mistura de fábulas e contextos paródicos são uma forma de resistência lúdica contra os tropeços de artistas que querem se comunicar, alegrar e se sustentar”, avalia o dramaturgo.

Aos olhos dos espectadores atentos, Rogério, também responsável pelas canções originais do espetáculo, reforça que Trupica Coração traz a mistura de diversos gêneros artísticos populares, com referências aos palhaços Benjamim de Oliveira e Tubinho e ao cinema de Chaplin e dos Irmãos Marx. Por sinal, trata-se de uma marca forte da identidade da Damião e Cia, que combina, resgata e inova a cada montagem. “O circo-teatro e o melodrama trazem uma convergência de várias outras linguagens populares. Do circo tradicional, vem os personagens exóticos, a comicidade das palhaças e do mímico. Do melodrama, vem a força de contar uma história e brincar com suas partes, desmontar e conhecer os mecanismos do teatro”, explica.

Por falar em pluralidade, a direção de Kátia Daher busca evocar esse precioso caminho, somando-o à simplicidade. “A pluralidade da Damião e Cia tem uma base comum: o artista popular. A comunicação desse artista com o público é direta, lúdica e eficaz. E a espontaneidade é fruto de muito conhecimento, tal como a de um mágico. Por exemplo, o que ele faz é um truque. Trata-se de um truque tão bem feito, que você não vê o truque, vê a mágica. A simplicidade é o auge da sofisticação. O artista popular é simples nesse sentido, e o nosso espetáculo reflete essa característica”, destaca a diretora.

Cenicamente, como destaca Kátia, a montagem tem o desejo de causar, ao mesmo tempo, encanto e estranhamento. Por isso, explica a diretora, a rua foi a escolhida como palco central. “A rua é um lugar de encontro, de vida, de enfrentamento, como também é um local encantado. Tem que ser, não existe vida sem encantamento. A rua é dura, porque sempre tem alguém passando uma rasteira em alguém, entre os quais os artistas que tropicam, e ocupá-la com encantamento e respeito é a verdadeira resistência”.

Após inúmeros tropeços, os corações dos artistas de Trupica Coração desejam passar qual mensagem ao íntimo dos espectadores? Rodrigo sussurra para não dar spoiler: “Para mim, a ideia central é enaltecer o poder da fantasia como um agente transformador da realidade. Nossa imaginação molda o nosso mundo. Para falar disso, contamos a história de uma trupe de artistas de teatro, porque são profissionais que têm como matéria-prima a imaginação: as suas próprias e as do público. Mas estamos falando de todos e do ato de coragem, que é continuar sonhando o mundo”, define o artista.

A Damião e Cia

A Damião e Cia é um grupo de pesquisa e criação em teatro e circo fundado em 2012 por artistas bacharéis em Artes Cênicas pela Unicamp. A companhia fundamenta sua linguagem no estudo das mais variadas formas de teatro popular, buscando a valorização da tradição, assim como sua reinvenção em prol do diálogo com a contemporaneidade.

Ao longo de sua trajetória, o grupo produziu os espetáculos As Presepadas de Damião (Mario Santana, 2012), Estrela da Madrugada (Mario Santana, 2013), Burundanga – a revolução do baixo ventre (Fernando Neves, 2018), Andante (Cia Markeliñe/Espanha e Damião e Cia, 2019), Atenção, Respeitável Público (2019), As Desventuras do Capitão Rabeca (Tiche Vianna, 2019) e Gran Cirque Brado (Thiago Sales, 2022), em parceria com o Circo Caramba.

Os espetáculos do grupo são criados para diferentes espaços de representação e buscam a comunicação com um público heterogêneo, de modo a proporcionar a expansão do universo simbólico e criar rupturas no cotidiano, possibilitando encontros e trocas.

Ficha Técnica

Direção artística: Kátia Daher

Consultoria de cena e coreografia: Fernando Neves

Elenco: Fernanda Jannuzzelli, Lara Prado e Rodrigo Nasser

Dramaturgia e Canções originais: Rogério Guarapiran

Arranjo para canções originais: Arturo Cussen

Figurino: Bruna Recchia

Cenotécnica: Cláudio Saltini

Adereços: Lara Prado e Rodrigo Nasser

Operação de som: Presto Kowask

Fotografia: Gabriella Zanardi e Nina Pires

Captação Audiovisual e Edição: Rudah Silva

Arte gráfica e Social Media: Nathalia Ernesto

Assessoria de Imprensa: Tiago Gonçalves

Produção de acessibilidade: Isadora Ifanger

Intérprete de Libras: Josie de Oliveira Ananias e Juliana de Oliveira Ananias

Coordenação de Produção: Fernanda Nunes

Realização: Damião e Cia

Tempo de duração: 60 minutos

Classificação indicativa: 10 anos

Trupica Coração, da Damião e Cia

Quando: Sexta-feira (16/12), às 16h

Onde: Praça Rui Barbosa (Rua Treze de Maio, 159, no Centro, em Campinas. Atrás da Catedral Metropolitana)

Quanto: Grátis

Informações: @damiaoecia

(Carta Campinas com informações de divulgação)

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