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‘Sala de Vídeo: Aline Motta’, no MASP, expõe os apagamentos, violências e resistências da formação social brasileira

Em São Paulo – Até o dia 22 de janeiro de 2023, pode ser vista no MASP – Museu de Arte de São Paulo, na Sala de Vídeo, os trabalhos da artista Aline Motta.

Aline Motta, “Outros Fundamentos”

A artista Aline Motta (Niteroi, 1974) trabalha com desenho, escrita, performance, fotografia e vídeo, tomando a história de sua família como estudo de caso da formação social brasileira, com seus apagamentos, violências e resistências. Na trilogia de vídeos aqui composta por Pontes sobre abismos (2017), Se o mar tivesse varandas (2017) e (Outros) Fundamentos (2017-2019), arquivos pessoais, documentos oficiais e relatos orais são embaralhados e confrontados com filmagens realizadas em Cachoeira, na Bahia, Lagos, na Nigéria, Berlim, na Alemanha, além de diferentes regiões no Rio de Janeiro, em Minas Gerais, em Portugal e em Serra Leoa.

Em Pontes sobre abismos e em Se o mar tivesse varandas, fotografias e documentos do arquivo de família de Aline Motta são reproduzidos em tecido e em papel, submersos em água ou expostos ao vento em diferentes lugares pelos quais a artista passou em suas viagens. (Outros) Fundamentos é atravessado por um espelho que sugere as conexões culturais entre Lagos, Cachoeira e o Rio de Janeiro, além de cenas urbanas, religiosas e de espaços domésticos. Ambos os vídeos são compostos por montagens fragmentadas, formando uma narrativa sem começo, meio ou fim, e são projetados em três telas. Narrados em múltiplas temporalidades, os trabalhos estabelecem conexões entre o passado e o presente, bem como projeções para o futuro. Em uma abordagem interseccional sobre questões de gênero, raça e classe, a trilogia de vídeos de Motta entrelaça narrativas públicas e privadas.

A imagem das águas está presente em toda a trilogia e alude às cosmologias Congo-Angola, nas quais a noção de “Kalunga” é uma linha tênue que separa as dimensões dos vivos e dos mortos. Fotografias e cosmogramas são repetidos em diferentes momentos dos vídeos, assim como por toda a prática da artista, em um trabalho incessante de reelaboração e ressignificação dessas histórias.

Descendente de negros e brancos, Motta busca compreender como a história é narrada, em especial aquilo que é omitido ou reprimido e que ela recupera por meio da pesquisa e da especulação. Utilizando a ficção e a poesia, a artista questiona as relações entre violências estruturais, apagamentos históricos e a preservação da memória.

Sala de Vídeo: Aline Motta é curada por Leandro Muniz, assistente curatorial, MASP.

Ao longo de 2021 e 2022, a programação da Sala de Vídeo integra o ciclo das Histórias brasileiras no MASP e, em 2022, inclui trabalhos de Letícia Parente, Tamar Guimarães, Melanie Smith, Bárbara Wagner & Benjamin de Burca e Aline Motta.

Mais informações no SITE do MASP.

(Carta Campinas com informações de divulgação)

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