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Mais um caso de discriminação racial em loja de shopping em Campinas

Denuncia: mais um caso de Discriminação Racial envolvendo o Campinas Shopping

.Por Rafael Martarello.

Na semana anterior ao caso do racismo no quiosque do McDonald’s com crianças negras, há nova denúncia de discriminação racial na loja Outback Steakhouse. O restaurante se recusou a realizar uma famosa prática da rede de cantar parabéns para os aniversariantes para uma mesa com duas mulheres negras de pele retinta.

Essa é a denúncia de Renata Soares que foi comemorar seu aniversário na quarta-feira dia 19/10 no Outback junto com uma amiga por volta das 21:00. A vítima conta que durante o momento no Outback os atendentes da empresa cantaram parabéns para outros 4 clientes ao entregarem a sobremesa, todos clientes brancos. Na vez de Renata que estava acompanhada de sua amiga, e já havia manifestado o interesse em receber felicitações da equipe, o responsável pelo atendimento só serviu a sobremesa em cima da mesa e se retirou.

(imagem arquivo pessoal)

Renata, além de servidora, é mestranda na Unicamp, tem duas graduações, e pelo seu mérito contraria as estatísticas da população negra brasileira. Refiro-me as estatísticas de educação e emprego, pois a estatística de ser vitima do racismo, não.

Levantamento

Uma rápida busca na internet sobre o Outback Steakhouse já se encontra casos de mau atendimento e recusa de atendimento com um traço comum: ser contra pessoas negras. Mas também é possível encontrar casos contra PCDs, povos originários, e demais etnias não brancas.

Renata forneceu o comprovante de pagamento do seu consumo no dia. Ela pagou o valor de R$ 97,22 para ser mal atendida por conta da sua tonalidade de pele (imagem abaixo junto com a tal sobremesa).

(imagem arquivo pessoal)

Ao levantar mais informações, é encontrada por meio de diversas postagens que a Renata é uma cliente rotineira do Outback. Abaixo apresento um vídeo dela celebrando no passado seu aniversário no Outback, em que aparecem atendentes cantando parabéns. O detalhe é que ela estava acompanhada de pessoas brancas, condicionante que não estava presente no episodio racista do último dia 19/10.

Ao a ofendida entrar em contato com a Central de Atendimento do Outback, ela recebeu uma resposta. Resumidamente, primeiramente iria-se verificar o ocorrido com os prepostos, foi reforçado que infelizmente não havia como mudar o ocorrido, e, a ofendida foi convidada para retornar ao restaurante para desfazer a má impressão.

Comentários

O racismo é fato histórico e social concreto que tem como espinha dorsal formas de violência dirigidas contra pessoas pretas, não é uma impressão, mas deixa marcas. Assim também não é uma impressão: o apagamento histórico; a inferiorização dos traços estéticos afros; as estatísticas de violência dirigida contra a população negra; e todos os demais índices e fenômenos que estruturam e ofertam as determinantes daquilo que cunhamos como racismo.

Compartilho outros dois fenômenos que servem de base explicativa desse caso: a solidão da mulher negra e a infantilização de mulheres negras. O primeiro pela solidão étnica destas duas mulheres naquele ambiente mais requintado. E o segundo a noção de infans que são os que socialmente não estão dotados de fala própria conforme ensina Lélia Gonzalez ao tratar da lógica de dominação.

Engana-se duplamente quem pensa que há uma impressão. Empiricamente se sabe quando se está experimentando um ato racista, mas esse em particular foi dirigido contra uma militante e uma cientista sobre racismo contra a mulher negra. Aqui, quem sou eu, o proprietário ou quem não estava lá para debater com uma especialista, a Renata, sobre o que é e o que foi um ato de racismo.

Fechamento

Ainda que haja processos enraizados, no combate ao racismo não pode ter arrego e cada ato racista tem que ser combatido sem massagem.

O movimento negro tem que agir para combater as humilhações que têm ocorrido contra as crianças e as mulheres. Assim também, tem a obrigação de se posicionarem as entidades representativas da Unicamp como o Sindicato dos Trabalhadores Unificados (STU) e o Diretório Central dos Estudantes (DCE).

O Outback é um espaço predominantemente branco, dos funcionários aos fundadores. Outro detalhe que chama a atenção da rede Outback Steakhouse é que dos mais de 1000 restaurantes, nenhum está presente no continente africano.

A reportagem entrou em contato com a Assessoria de Imprensa do Outback Steakhouse para ofertar o espaço para a rede comentar o ocorrido. Esta decidiu se manifestar em tom de lamentação. Abaixo é reproduzido na integra a nota da rede Outback Steakhouse.

“Nos desculpamos pelo caso ocorrido. Lamentamos muito porque isso não condiz, de forma alguma, com tudo o que acreditamos e trabalhamos todos os dias para construir nesses 25 anos de atuação no Brasil. A cliente entrou em contato conosco por meio do nosso canal de atendimento no dia 26/10 e o sócio do restaurante entrou em contato com ela no mesmo dia. Ouvimos o relato, nos desculpamos, nos comprometemos em recebê-la novamente para que ela tenha uma melhor experiência do que a da última visita. Somos uma empresa diversa, acreditamos na importância da diversidade, e isso se reflete diariamente na forma como cuidamos dos nossos milhares de clientes e desenvolvemos nossos colaboradores e colaboradoras que estão à frente do nosso atendimento. A diversidade também se reflete na nossa liderança, nos sócios e sócias dos restaurantes, nos gerentes que conduzem nossos times para oferecer experiências positivas e no nosso Comitê de Diversidade que lidera ações e treinamentos para evoluirmos a cada dia dentro do tema. Também reforçamos que estamos empenhados em tornar nossas práticas, processos, ambientes e comportamentos cada vez mais inclusivos. Valorizamos a diversidade e o respeito e, por isso, reiteramos que sentimos muito pelo ocorrido. Nos comprometemos também a continuar o treinamento com nossas pessoas para que nosso compromisso inegociável com a diversidade, a igualdade e a inclusão continuem de fato se refletindo em tudo que fazemos, em cada restaurante, com cada cliente. Nos comprometemos a falar novamente com a cliente e iniciamos desde já as tentativas para nos desculpamos novamente. Reforçamos nosso compromisso com o respeito a todas as pessoas e com ações que tornem nossos ambientes e comportamentos cada vez mais inclusivos e esperamos poder tê-la em breve, com seus amigos, em volta de uma de nossas mesas.” (Aline Gomes | Senior Account Executive – JeffreyGroup Latin America Marketing | Corporate Communications | Public Affairs )

Vídeo:

https://cartacampinas.com.br/wordpress/wp-content/uploads/Aniversario-wfriends2018.mp4
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