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Poema de Matilde Campilho inspira montagem ‘Mercúrio’, uma coreografia das cinco mil explicações para o amor

Sim, o mundo está absurdamente esquisito. Já ninguém confia nas imposições dos prefeitos, a esta hora na terra é um tanto carnaval, um tanto conspiração, um tanto medo. Metade fé, metade folia, metade desespero.”

Em São Paulo – Fevereiro é o poema de Matilde Campilho, poeta portuguesa, ponto de partida para esta criação idealizada pelo bailarino Luiz Oliveira. Partiu dele também o convite para Henrique Rodovalho coreografar MÉRCURIO, trabalho apresentado agora e que trata de encontros, de desencontros, de amor e de coragem. A estreia acontece dia 20 de outubro, às 20h, no Teatro VIradalata, em Perdizes. Em seguida, faz uma curta temporada no Teatro João Caetano, de 4 a 6 de novembro, de sexta a domingo.

(Foto: João Pacca)

“Eu fiquei muito feliz com o convite e me senti completamente envolvido com o projeto. Uma coisa que pensei de imediato foi trazer o poema falado para a obra. Como ele me atingiu, de alguma forma, imaginei que poderia atingir o público também”, diz o coreógrafo.

A voz da autora declamando Fevereiro percorre a coreografia em diferentes momentos. “Ela declamando foi muito revelador para mim, me fez ficar muito próximo das imagens e dos sentimentos que evoca”, completa Rodovalho. A coreografia trata das diversas fases de uma relação, do amor, em um duo interpretado pelo próprio Luiz Oliveira e Irupé Sarmiento. 

A ideia do projeto, financiado pelo Governo do Estado de São Paulo, através da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, Programa de Ação Cultural/PROAC, surgiu a partir de um questionamento de Luiz Oliveira ainda durante a pandemia: “Como encontrar o ritmo quando tudo aparente, certo e fixo, sai do eixo?”. Em meio ao isolamento, o poema ecoou como um convite para a invenção de um novo lugar onde seu corpo desejasse estar e se mover. 

“Naquele momento, o poema se revelou um respiro em meio ao caos. Não há rimas, mas tudo se encaixa. Tive vontade de criar e de poder enxergar a possibilidade de um lugar não comum, onde amores são possíveis, onde o vento sopra no rosto, onde a beleza abraça e nos dá a possibilidade da esperança”, revela o bailarino e idealizador do projeto. “Hoje, nesse momento do país, parece que o poema nunca foi tão necessário. O projeto é um convite poético na busca de contatos ou olhares mais afetuosos”, completa.

Concepção, luz e cenário

Em uma de suas passagens, o poema apresenta a imagem dos antigos termômetros de vidro que, quando se quebram, o elemento químico mercúrio se multiplica e se espalha em várias formas e vários tamanhos. Para a autora, essa deve ser uma das cinco mil explicações para o amor.

MERCÚRIO não define uma única forma de amor entre duas pessoas, mas coloca a busca necessária de existência deste e as suas cinco mil explicações. Nesse sentido, Henrique Rodovalho procurou um lugar de intermediar o gesto e o movimento, a dança e as suas inúmeras formas de se multiplicarem, como o amor.

“A obra em cena, uma dança de corpos e de intenções múltiplas sobre uma relação de amor com suas leituras e possibilidades de existências, se revela pelos próprios intérpretes e também pelos olhos externos de quem observa e por vezes, se envolve”, afirma o coreógrafo.

A iluminação usa essa ideia de várias partes do mercúrio espalhadas em diferentes tamanhos e formas, que acompanham o deslocamento dos bailarinos pelo palco. 

As cores do figurino também remetem ao mercúrio: são opacas, que ora lembram prata, ora transitam na luz que reflete.  

FICHA TÉCNICA

Concepção: Luiz Oliveira
Coreógrafo: Henrique Rodovalho
Intérpretes Criadores: Luiz Oliveira e Irupé Sarmiento
Luz e Trilha sonora: Henrique Rodovalho
Operação de luz: Rossana Boccia
Figurinista: Bruna Fernandes
Artista visual: João Pacca

Assessoria de imprensa: Flavia Fontes
Produção executiva: Caroline Zitto
Produção administrativa: Leandro Flores
Produção geral: IVANGRA

Teatro Viradalata – 280 lugares

Rua Apinajés, 1387 – Sumaré.

Dia 20/10, quinta-feira, 20h.

Valor: R$ 20,00 (inteira); R$ 10,00 (meia).

Teatro João Caetano

R. Borges Lagoa, 650 – Vila Clementino

Dias 4, 5 e 6 de novembro 

Sexta e sábado, 21h; domingo, 19h.

Gratuito.

(Carta Campinas com informações de divulgação)

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