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46ª Mostra Internacional de Cinema exibe 223 títulos de 60 países em salas de cinemas e espaços abertos da cidade

Em São Paulo – De 20 de outubro a 02 de novembro, acontece em São Paulo a tradicional Mostra Internacional de Cinema, que neste ano terá formato majoritariamente presencial. Durante duas semanas, as seções Perspectiva Internacional, Competição Novos Diretores e Mostra Brasil vão apresentar 223 títulos, oriundos de 60 países, em circuito de salas de cinemas e espaços abertos da cidade de São Paulo. As plataformas Sesc Digital e Spcine Play, vão dar acesso gratuito a 10 e sete títulos, respectivamente, selecionados pela curadoria do evento.

“Triangle of Sadness”, de Ruben Östlund, filme de abertura da Mostra

Triangulo da Tristeza (Triangle of Sadness), de Ruben Östlund, vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes, abre a 46a Mostra na quarta-feira, dia 19, na Cinemateca Brasileira, em sessão para convidados. Outras sessões do filme serão programadas no evento.

Bardo – Falsa Crônica de Algumas Verdades, de Alejandro Iñarritu, Nada de Novo no Front (All Quiet in The Western Front), de Edward Berger, Sem Ursos (No Bears), de Jafar Panahi, Conto de Fadas (Fairtyle), de Alexander Sokurov, Pacifiction, de Albert Serra, One Fine Morning, de Mia Hansen Løve, Os Anos Super 8, de David Ernaux-Briot e Arnnie Earnaux (ganhadora do Nobel de Literatura), e as séries The Kingdom Exodus, de Lars Von Trier (dois episódios) e Noite Exterior (Esterno Notte), de Marco Bellocchio, estão entre os títulos confirmados para esta edição.

A arte do cartaz da 46a Mostra é assinada por um dos mais reconhecidos muralistas da atualidade: Eduardo Kobra. O artista é personagem do documentário Kobra Auto Retrato, de Lina Chamie, selecionado pelo evento.

A 46a Mostra homenageia a cantora e atriz Doris Monteiro, protagonista de Agulha no Palheiro (1953), de Alex Vianny, com o Prêmio Leon Cakoff. Restaurado pela Cinemateca Brasileira, o filme será projetado na instituição. Entram em Apresentação Especial os clássicos restaurados Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha, A Rainha Diaba, de Antonio Carlos Fontoura, A Mãe e a Puta (La Maman e la putain) e Meus Pequenos Amores (Mês Petites Amoureses), ambos de Jean Eustache, e Bratan, de Bakhtyar Khudojnazarov.

Outros títulos, como os curtas de Lucrecia Martel, A Camareira, e Le Pupille, de Alice Rohrwacher, também terão Apresentação Especial. O Prêmio Humanidade será entregue à diretora Ana Carolina, durante a
apresentação especial de seus filmes Mar de Rosas, Das Tripas Coração, Sonho de Valsa e Paixões Recorrentes

A 46a Mostra faz homenagem a Jean-Luc Godard, morto há pouco mais de um mês, com a apresentação especial do documentário Até Sexta, Robinson (A Vendredi, Robinson), de Mitra Farahani, que condensa um diálogo de 29 semanas entre o diretor franco-suíço e o cineasta e escritor iraniano Ebrahim Golestam
O jornalista, escritor e diretor Arnaldo Jabor, que nos deixou no início do ano, ganha homenagem póstuma do evento com a exibição do longa Eu Te Amo. O longa será antecedido por um curta de Carolina Jabor, extraído do depoimento que o diretor deu ao projeto da Mostra, Filmes da Minha Vida, na 30a edição do evento.

Olhares sobre a Amazônia podem ser conferidos em cinco títulos selecionados pela 46a Mostra. O destaque é Amazonas, a nova Minamata? inédito documentário de Jorge Bodanzky, que desde 1976 realiza filmes urgentes sobre a região. Pisar Suavemente na Terra, coprodução Brasil e EUA, de Marcos
Colón; Noites Alienígenas, de Sérgio de Carvalho; À Margem do Ouro, de Sandro Kakabadze e Uyrá – A Retomada da Floresta, de Juliana Curi compõem a seleção.

Com o intuito de refletir a indústria audiovisual e promover encontros que resultem em parcerias para o setor, a Mostra realiza, de 26 a 29 de outubro na Cinemateca Brasileira, o II Encontro de Ideias, que inclui o VI Fórum Mostra e lançamentos de livros.

O diretor, produtor e roteirista português Rodrigo Areias (A Arte da Memória), a diretora Lina Chamie (Kobra Auto Retrato) e o diretor e produtor André Novais (Marte Um) formam o júri da Competição Novos Diretores. O público também vota em seus preferidos estrangeiros e brasileiros, escolhendo o melhor filme de ficção e o melhor documentário da Perspectiva Internacional e da Mostra Brasil

A Realidade Virtual retorna à 46a Mostra apresentando oito títulos em dois locais: Cinemateca Brasileira e Sesc 24 de Maio.

Programação de filmes

Além dos títulos acima destacados, a 46a Mostra traz para esta edição filmes que se destacaram nos principais festivais internacionais em 2022. Do Festival de Veneza, além dos já citados filmes de Alejandro Iñarritu e Jafar Panahi, vem Terceira Guerra Mundial (Jang-E Jahani Sevom), de Houman Seyedi, Melhor Filme e Melhor Ator da seção Horizonte, Lobo e Cão, da portuguesa Claudia Varejão, Melhor Filme da Jornada dos Autores e Nezouh, da diretora síria Soudade Kaadan, vencedor do Prêmio do Público da seção Horizontes Extra e Blanquita, de Fernando Guzzoni, vencedor do prêmio de melhor roteiro na seção Horizontes.

De Cannes, além do grande vencedor da Palma de Ouro, Triângulo da Tristeza (Triangle of Sadness), de Ruben Östlund, serão exibidos na 46a Mostra, As Oito Montanhas (Le Otto Montagne), de Felix van Groeningen e Charlotte Vandermeersch, vencedor do Prêmio do Júri, Boy From Heaven (Walad Min Al Janna) de Tarik Saleh, Melhor Roteiro, La Jauría, de Andrés Ramírez Pulido, vencedor do Grande Prêmio da Semana da Crítica, e os vencedores da seção Um Certo Olhar, Joyland, de Saim Sadiq, Prêmio do Júri, Febre do Mediterrâneo (Mediterranean Fever), da diretora e roteirista Maha Haj, Melhor Roteiro e Os Irmãos de Leila (Leila’s Brothers), vencedor do prêmio da crítica internacional. Também merece destaque o longa Mais que Nunca (Plus Que Jamais), de Emily Atef, que esteve na Um Certo Olhar, e traz Gaspard Ulliel em seu penúltimo projeto antes de sua morte.

Dos premiados no Festival de Berlim, estão confirmados nesta edição: Alcarrás (Alcarràs), filme franco-italiano de Carla Simón que levou o Urso de Ouro; o coreano O Filme da Escritora (So-seol-ga-ui Yeong-hwa), de Hong Sang-so, vencedor do Urso de Prata de Grande Prêmio do Júri; Manto de Jóias (Robe Of
Gems), primeiro longa da mexicano-boliviana Natalia López Gallardo, que editou filmes de Carlos Reygadas, Amat Escalante e Lisandro Alonso, que também recebeu o Urso de Prata do Júri do Festival e Com Amor e Fúria (Avec Amour et Acharnement), de Claire Denis, Urso de Prata de Melhor Direção, além do austríaco Mutzenbacher, documentário de Ruth Beckermann, que levou o principal prêmio na seção Encounters. Do Festival de San Sebastián, será exibido Los Reyes del Mundo, de Laura Mora, vencedor do prêmio de Melhor Filme; Quem Os Impede (Quién Lo Impide), de Jonás Trueba, prêmio da crítica e de melhor atuação para o elenco em 2021.

Jonás, filho de Fernando Trueba, tem outro filme na seleção da 46a Mostra: Você Tem Que Vir e Ver (Tenéis que venir a verla), vencedor do Prêmio Especial do Júri no Festival de Karlovy Vary. Do Festival de Locarno, a 46a Mostra exibe o brasileiro Regra 34, de Julia Murat, vencedor do Leopardo de Ouro de Melhor Filme; Tenho Sonhos Elétricos (Tengo Suenos Electricos), de Valentina Maurel, que venceu os prêmios de direção, atriz e ator; o ucraniano Como Está Katia? (Yak Tam Katia?), de Christina Tynkevych, que ganhou o Prêmio Especial do Júri e o Prêmio de Melhor Atriz para Anastasia Karpenko na seção Cineastas do Presente; e Gigi a Lei, documentário de Alessandro Comodin que recebeu Prêmio Especial do Júri.

INDICADOS AO OSCAR®
A seleção de títulos também traz 13 obras já indicadas por seus respectivos países para concorrer a uma vaga ao Oscar ® de Melhor Filme Internacional: da Costa Rica, Domingo e a Neblina (Domingo y la Niebla), de Ariel Escalante; da Alemanha, Nada De Novo No Front (Im Westen nichts Neues), de Edward Berger; da Islândia, Belas Criaturas (Berdreymi), Guðmundur Arnar Guðmundsson; do Irã, Terceira Guerra
Mundial (Jang-e jahāni-e sevvom), de Houman Seyyedi; do Japão, Plano 75, da diretora Chie Hayakawa; da Lituânia, Peregrinos (Piligrimai), de Laurynas Bareiša; do Paquistão, Joyland, de Saim Sadiq; da Palestina, Febre do Mediterrâneo (Mediterranean Fever), de Maha Haj; de Portugal Alma Viva, de Cristèle Alves Meira; da Espanha, Alcarràs, de Carla Simón; da Suécia, Boy from Heaven, de Tarik Saleh; da Suíça, Um Pedaço do Céu (Drii Winter), de Michael Koch; e, pelo México, Bardo – Falsa Crônica de Algumas Verdades, de Alejandro G. Iñárritu.

MOSTRA BRASIL
Cerca de 61 títulos brasileiros integram a seleção da Mostra Brasil. Os longas estão divididos nas seções Apresentação Especial, Competição Novos Diretores e Perspectiva Internacional. As produções e coproduções brasileiras desta 46a edição são inéditas no circuito comercial, finalizadas entre 2021 e 2022, com exceção dos títulos restaurados.

ABERTURA
A Mostra Internacional de Cinema promove a cerimônia de abertura da sua 46a edição, na quarta-feira, 19 de outubro, na Cinemateca Brasileira, com a apresentação de Renata de Almeida e Serginho Groissman, seguida da exibição do longa-metragem Triângulo da Tristeza (Triangle of Sadness), de Ruben Östlund, vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes. O evento, para convidados, terá
a participação de profissionais do setor audiovisual, autoridades e patrocinadores. Triângulo da Tristeza conta a história dos modelos Carl e Yaya, que estão navegando pelo mundo da moda enquanto exploram os limites de seu relacionamento. O casal é convidado para um cruzeiro de luxo com uma galeria de passageiros milionários: um oligarca russo, traficantes de armas britânicos e um capitão de personalidade peculiar, alcoólatra e adorador de Marx. A princípio, tudo parece ir bem, mas uma tempestade começa a se formar e o cruzeiro termina de forma catastrófica. Carl e Yaya se veem abandonados em uma ilha deserta com um grupo de bilionários e uma das faxineiras do navio. É então que a hierarquia entre
eles subitamente se transforma.

PÔSTER E VINHETA
Todos os anos a Mostra Internacional de Cinema convida um artista ou cineasta para fazer a arte do pôster do ano. Nomes como Ai Weiwei, Andrei Tarkóvski, Tomie Ohtake, Aleksandr Sokúrov, Angeli, Federico Fellini, Isabella Rossellini, Amos Gitai, Os Gêmeos, Ziraldo, assinaram o cartaz do evento em diferentes edições. A arte do pôster da 46a edição é assinada pelo muralista brasileiro KOBRA.
Kobra deu o título Volte a Sonhar à arte do poster da 46a Mostra Internacional de Cinema. A imagem da garota tendo a cidade de São Paulo no horizonte e em conexão com a imagem do filme A Viagem à lua, de Georges Méliès, realizado há 120 anos, simboliza que o cinema pode abrir horizontes em lugares inimagináveis e nos levar ao universo dos sonhos, onde diferentes perspectivas se abrem para a fantasia e a criatividade.

Nascido em 1975 no Jardim Martinica, bairro pobre da zona sul paulistana, Eduardo Kobra tornou-se um dos mais reconhecidos muralistas da atualidade, com obras em cinco continentes. Na adolescência, Kobra foi pichador e começou a desenhar em muros na clandestinidade, mas foi em publicidade, fazendo cartazes, criando imagens decorativas e pintando cenários, que ele começou a ganhar algum dinheiro
com o seu trabalho.

Sua arte urbana começou a ganhar visibilidade com o projeto Muro das Memórias, quando mergulhou no universo das fotos antigas da cidade de S. Paulo e passou a reproduzi-las nas ruas. Seu primeiro mural fora do Brasil foi em Lyon, na França, em 2011, quando foi convidado para ilustrar o paredão de um bairro que passava por processo de revitalização. De lá para cá, já pintou em países como Espanha, Itália, Noruega, Inglaterra, Malaui, Índia, Japão, Emirados Árabes Unidos, além de diversas cidades norte-americanas. Desde os Jogos Olímpicos do Rio, em 2016, ele detém o recorde de maior mural grafitado do mundo – com ‘Etnias’, pintado para celebrar o evento, com 2,5 mil m2 , marca superada por ele mesmo no ano seguinte, com uma obra que ocupa mais de 5 mil m2 em São Paulo. O artista é personagem do documentário Kobra Auto Retrato, de Lina Chamie, que está na seleção da 46a Mostra.

PRÊMIO HUMANIDADE
Concedido a personalidades que demonstram questões humanistas, sociais e políticas pertinentes ao seu tempo de forma corajosa e sensível, o Prêmio Humanidade desta edição da Mostra será entregue à diretora Ana Carolina. A entrega acontecerá durante a apresentação especial de seus filmes Mar de Rosas, Das Tripas Coração, Sonho de Valsa e Paixões Recorrentes. O nome de Ana Carolina entrou em cena com a força de uma antítese, numa época em que a presença de mulheres no cinema era mínima e que o machismo na sociedade brasileira imperava.

O curta Indústria (1969) já revelava sua audácia em perverter os padrões do documentário da época inserindo cenas estilizadas, desafiando as representações oficiais do progresso com imagens e palavras que as contradiziam. O discurso político explícito anunciava uma artista brava, numa época em que crítica social era tratada como subversão. A audácia de ostentar uma leitura tão pessoal de uma personalidade oficial torna o documentário Getúlio Vargas (1974) um filme surpreendente, que derruba o mito do pedestal, abalando a hierarquia que isolava e engrandecia as figuras de poder. O intervalo até Mar de Rosas (1979), primeiro longa de ficção da cineasta, é mais que um período de maturação. A distensão gradual do regime militar nos anos da presidência de Ernesto Geisel (1974-1979) favoreceu o surgimento de filmes cuja potência rebelde não precisava mais se disfarçar sob alegorias.

Se Mar de Rosas é, sem dúvida, um filme feminista, ele o é no sentido amplo do termo, um movimento de insubmissão frente a toda forma de opressão, não apenas à dominação masculina. Como expressão disso, Ana Carolina implode a noção de ordem e de coerência, prioriza os absurdos e lança seus personagens numa espiral em que tudo foge ao controle. O diálogo excessivo simbolizava também, naquele momento, uma resposta explosiva ao longo período de censura e repressão imposto pela ditadura militar.

O termo “surrealismo” foi usado e abusado nas tentativas de analisar Mar de Rosas, e a inspiração nas ideias do movimento se reafirmaria no longa seguinte, Das Tripas Coração (1982). Aqui, o universo feminino aparece filtrado pelas visões oníricas de um homem, condensando fantasmas e desejos. O tema do poder e do controle não foge do horizonte, mas a cineasta aprofunda seu olhar explicitando a dimensão sexual, contrastando fantasias masculinas e femininas, opondo castração e gozo, tornando o homem refém.

O tríptico feminista se encerra com Sonho de Valsa (1987), no qual não se trata mais de ruptura ou de rebelião. Tereza, a mulher madura interpretada com brio por Xuxa Lopes, já não luta para se libertar, sua questão agora é: o que fazer com a liberdade?

Difíceis e ásperos, estes três filmes escapam do estereótipo que se costumava associar à noção incerta de “cinema feminino”, delimitado por narrativas delicadas, dramas de abandono e atuações sutis. Após uma longa pausa nos anos 1990, Ana Carolina ressurgiu com sua ironia exuberante com Amélia (2000), nome símbolo da feminilidade na imaginação do macho-alfa brasileiro. Sem deixar de ser um retrato de mulher, o filme é também uma releitura ácida das relações de classe e retoma um fio que a cineasta parecia
ter abandonado quando passou dos documentários para a ficção. O passado, que ela visita em Amélia e nas ficções seguintes, Gregório de Mattos (2003), A Primeira Missa (2014) e no recente Paixões Recorrentes (2022), não é apenas um quadro, uma reconstituição cuidadosa. São filmes com a ambição de representar os Brasis, mas também de interpretar o país, desnudar o imaginário com que se quis identificá-lo, servir-se de seu caldeirão de contradições.

PRÊMIO LEON CAKOFF
O Prêmio Leon Cakoff da 46a Mostra será entregue à cantora e atriz Doris Monteiro, protagonista de Agulha no Palheiro, de Alex Vianny. O filme, de 1953, foi restaurado em 1977 pela Cinemateca Brasileira. Agulha no Palheiro não foi a estreia de Dóris Monteiro no cinema. Um ano antes, ela havia participado cantando na comédia musical Com o Diabo no Corpo, dirigida pelo espanhol Mário del Rio, na companhia de Ângela Maria e outros nomes em evidência no rádio. Mas foi Agulha no Palheiro que amplificou seu repertório. Quando começou a trabalhar para valer como atriz, o nome de Dóris Monteiro já reluzia no rádio e nos salões do mais internacional dos hotéis da orla carioca, o Copacabana Palace. Nascida em 1934, ela estreou como cantora aos 16 anos sem estudar voz, apenas inspirando-se no canto suave de seus artistas favoritos, Lúcio Alves, Dick Farney, Nat King Cole.

De personalidade inquieta, quase petulante, Dóris Monteiro enche de realismo sua interpretação em Agulha no Palheiro. Sua espevitada Elisa oferece um contraponto exato à morna Mariana, a prima do interior interpretada por Fada Santoro. Enquanto Mariana sofre, Elisa age, toma decisões, intervém no rumo da história. Naquele Brasil ainda tradicionalista, Elisa é uma personagem moderna, que trabalha, questiona tabus morais e incita a família a dar apoio à prima grávida, num exemplo precoce de sororidade.

HOMENAGEM || Jean-Luc Godard
O fim da vida de um artista do porte de Jean-Luc Godard (1930-2022) não significa a conclusão de sua obra. Além da abundante produção audiovisual que continuará a circular, fertilizando ideias e reinvenções, há um tesouro a emergir do imenso arquivo do cineasta franco-suíço, agora sob o controle do produtor Vincent Maraval. Até Sexta, Robinson é o primeiro fragmento inédito do planeta Godard que a 46a Mostra traz ao Brasil em homenagem ao cineasta franco-suíço, morto há pouco mais de um mês. O filme, dirigido pela cineasta e produtora iraniana Mitra Farahani, condensa um diálogo, por meio de correspondências, entre Godard e o menos conhecido Ebrahim Golestan, diretor e escritor iraniano, autor também de uma obra revolucionária.

Encerrados em suas solidões, cada um enviou e-mail ao outro, todas as sextas- feiras, ao longo de 29 semanas, em 2014. A correspondência explora suas visões peculiares acerca do sentido da arte e dos destinos do mundo. Farahani os aproxima como se fossem companheiros da mesma utopia, exploradores de mundos e de novas linguagens, criadores de realidades. Tal como Robinson Crusoé, eles persistem como sobreviventes de um tempo que naufragou.

OLHARES SOBRE A AMAZÔNIA
A gravidade da crise climática e a insuficiência das decisões políticas, agravadas pelas omissões, colocaram a Amazônia no centro das preocupações do mundo. Há muito, a proteção da floresta e das reservas habitadas pelos povos originários deixou de chamar a atenção apenas de ambientalistas e indigenistas. Enquanto os governos e os poderes disputam, os cineastas põem os pés na terra, adentram a região para ver e exibir a concretude da Amazônia. Bela e feia, rica e pobre, rural e urbanizada, selvagem e integrada são contradições que convivem nos filmes reunidos na Olhares Sobre a Amazônia, mostrando que este espaço do Brasil que conhecemos pouco espelha a história do país, do descobrimento ao desenvolvimento.

Pisar Suavemente a Terra olha a Amazônia do ponto de vista dos povos originários. Kátia, cacica Akrãtikatêjê, Manuel, cacique Munduruku, e José, professor de origem Kokama, emprestam suas percepções e valores ancestrais para especificar que não há oposição, mas conexão, entre humanidade e natureza. A ancestralidade também está no centro de Uýra – A Retomada da Floresta, no qual a arte performática é uma linguagem que permite aproximar jovens indígenas de saberes originais, curar
as fraturas entre passado e presente.

Os danos imediatos da mineração ilegal revela-se em Amazônia, a Nova Minamata?, documentário de Jorge Bodanzky, cineasta que vem registrando, desde a época do regime militar, o impacto negativo das decisões e das omissões governamentais. A mineração também é o tema de À Margem do Ouro, no qual o documentarista Sandro Kakabadze registra o impacto ambiental e social do garimpo em uma vila à beira do rio Tapajós. Duas ficções olham a Amazônia de ângulos fantásticos. Em O Rio do Desejo, Sergio Machado arma uma trama de disputa entre irmãos. A natureza aqui é mais que cenário, ela dá corpo e intensidade aos sentimentos. O aguardadíssimo Noites Alienígenas, primeiro longa acreano, mostra a destruição individual e social pelas violências, revelando como a confiança no progresso acelerado termina com um estado de terra arrasada.

REALIDADE VIRTUAL NA MOSTRA
Produções em realidade virtual voltam a integrar a programação do evento pelo quarto ano consecutivo. Elas fazem parte de exibições especiais que ocorrem na Cinemateca Brasileira | foyer da Sala Grande Otelo (20 de outubro a 02 de novembro) e do Sesc 24 de maio (26 de outubro a 02 de novembro), sempre das 15h às 20h30.

A programação conta com os títulos They Dream In My Bones – Insemnopedy II, de Faye Formisano; Montegelato, de Davide Rapp; Marco & Polo Dão Uma Volta (Marco & Polo Go Round), de Benjamin Steiger Levine; O Jardim das Delícias VR (Delightful Garden VR), de Carolin Wedler; Gravity VR, de Amir Admoni e Fabito Rychter; Lavrynthos, de Amir Admoni e Fabito Rychter; O Cesto Milagroso (Miracle
Basket), de Abner Preis; 11.11.18 VR Experience, de Sébastien Tixador, Django Schrevens.

II ENCONTRO DE IDEIAS
De 26 a 29 de outubro, a Mostra Internacional de Cinema vai realizar o II Encontro de Ideias para receber realizadores, produtores, gestores culturais e profissionais do audiovisial reconhecidos pelo engajamento em fazer e pensar o conteúdo audiovisual. A programação incorpora o ciclo de debates sobre cinema do VI Fórum Mostra, mesas de discussão sobre o panorama do Mercado Audiovisual, Rodadas de Negócios para apresentar projetos em desenvolvimento a parceiros e a seção Da Palavra à Imagem, com painéis sobre adaptação de obras literárias e reunião de autores e editores de livros com produtores do audiovisual.

A programação do II Encontro de Ideias inclui também exibição de filmes e lançamento dos livros Na Ilha – Conversas sobre Montagem Cinematográfica, de Julia Bernstein, Vinicius Nascimento, Piero Sbragia e Bem Medeiros, UnB Anos 70 Memória do Movimento Estudantil, organizado por Maria do Rosário Caetano e Por Uma História Rebelde do Cinema, de Nicole Brenez.

Uma área no Jardim da Cinemateca, atrás do foyer Grande Otelo, foi reservada para acolher food trucks. O público da Mostra poderá curtir a programação do evento integralmente com os menus do HOT PORK, food tenda de cachorro-quente, um dos “primos” da Casa do Porco; do CASARÌA, food truck do restaurante, com menu variado para café da manhã, almoço e happy hour; da HAMBURGUERIA TRADI,
eleita várias vezes uma das melhores de São Paulo; do LA GUAPA, food cart da casa de empanadas, liderada pela chef Paola Carosella e SEU MELIÊ, cart de vinhos que ficará disponível na parte da tarde, com taças e drinks de vinhos e espumantes. Para o II Encontro de Ideias, a Mostra disponibilizou espaços para ações de produtoras, distribuidoras, editoras e empresas do audiovisual. O foyer da sala Grande Otelo será ocupado por estandes e atividades que permitirão parcerias e acordos entre projetos de filmes, séries e outros produtos do setor.

46ª  Mostra Internacional de Cinema de São Paulo

Circuito Pago
CINEMATECA BRASILEIRA Sala Grande Otelo e Área Externa
CINE MARQUISE Sala Globoplay 1 e Sala Globoplay 2
RESERVA CULTURAL Sala 1
CINESESC
INSTITUTO MOREIRA SALLES
CINECLUBE CORTINA
CINE SATYROS BIJOU
MIS – MUSEU DA IMAGEM E DO SOM
ESPAÇO ITAÚ DE CINEMA – AUGUSTA 1
ESPAÇO ITAÚ DE CINEMA – FREI CANECA Sala 1 e Sala 2
Circuito com valores populares
BIBLIOTECA ROBERTO SANTOS
CCSP – Centro Cultural São Paulo | Sala Lima Barreto
Circuito Gratuito
Vão Livre Do Masp
CEU Perus
CEU Meninos
CEU Vila Atlântica
CENTRO DE FORMAÇÃO CULTURAL TIRADENTES
PERMANENTES E PACOTES DE INGRESSOS
:: A partir do dia 15 de outubro, sábado, inicia a venda das permanentes e pacotes
pelo app do evento (disponível para download a partir do dia 14, sexta-feira) e pelo
site da Velox ::
:: a troca de ingresso ocorre pelo app, 4 dias antes de cada sessão, com acesso
prioritário entre 09h e 10h::
*Permanente Integral (todos os dias e qualquer horário): R$ 600,00
*Permanente Especial (para sessões de 2a a 6a feira até às 17:55h, inclusive – não
contempla finais de semana nem sessões noturnas): R$ 150,00
*Permanente Integral Folha (15% de desconto para o titular da assinatura para todos
os dias e qualquer horário): R$ 510,00
*Permanente Especial Folha (15% de desconto para o titular da assinatura para sessões
de 2a a 6a feira até às 17:55h, inclusive, não contempla finais de semana nem sessões
noturnas): R$ 127,50
*Pacote de 40 ingressos: R$ 410,00
*Pacote de 20 ingressos: R$ 250,00
INGRESSOS AVULSOS

:: Disponível para compra 4 dias antes de cada sessão pelo app do evento e pelo
site da Velox. No dia da sessão, uma pequena cota estará disponível para compra
diretamente na bilheteria do cinema ::
*Segundas, terças, quartas e quintas: R$ 24,00 (inteira) | R$ 12,00 (meia).
*Sextas, sábados e domingos: R$ 30,00 (inteira) | R$ 15,00 (meia).
INGRESSOS | CIRCUITO COM PREÇOS POPULARES:
Circuito Spcine: CCSP – Centro Cultural São Paulo (sala Lima Barreto) e Biblioteca
Roberto Santos: R$ 4,00 e R$ 2,00
Museu da Imigração do Estado de São Paulo: R$ 10,00
Mostra On-line
Gratuito
Sesc Digital e Spcine Play

Site Oficial

Instagram: @mostrasp
Twitter: @mostrasp
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(Carta Campinas com informações de divulgação)

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