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‘O sonho não se mata’: mostra com filmes e vídeo-instalações de Bárbara Wagner & Benjamin de Burca traz a estreia de ‘Fala da Terra’

Em São Paulo – A partir do dia 26 de agosto até 13 de novembro, fica em cartaz no MASP – Museu de Arte de São Paulo, a exposição na Sala de vídeo: Bárbara Wagner & Benjamin de Burca.

Fala da Terra, Bárbara Wagner e Benjamin de Burca (2022)

Em uma década de trabalho juntos, Bárbara Wagner e Benjamin de Burca vêm produzindo filmes e vídeo-instalações em diálogo com outros artistas ligados ao som e à cena. A dupla desenvolveu um método de pesquisa a partir da investigação e observação documental, mas construindo a direção, o roteiro, os figurinos e trilhas sonoras em colaboração com os protagonistas de cada projeto. 

Os artistas retrataram, em Pernambuco, dançarinos profissionais do Frevo, uma gravadora de cantores do Brega, batalhas de swingueira em quadras de escolas públicas, e pregadores do gospel evangélico imersos em ambientes que remetem às imagens reproduzidas nas igrejas; assim como rappers no metrô de Toronto, Canadá, e músicos tradicionais no interior da Alemanha e da Irlanda.

Nesses vídeos, os personagens-artistas são transportados para o seu universo de ensaio e apresentação, sublinhando a dramaticidade e o vocabulário de suas performances cotidianas. O cenário é tanto onde trabalham, a própria cidade, como inspirado pela iconografia visual desses lugares. Ao revisitar os gêneros da ópera ou do musical, as falas dos filmes são as próprias canções, ficções sobre conflitos, corpos e sujeitos reais engajados em amplificar sua expressão e visibilidade.

Fala da Terra (2022) é o mais novo projeto da dupla, e tem sua estreia nacional no MASP. O vídeo apresenta o trabalho do Coletivo Banzeiros, grupo de teatro composto por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) que vivem e atuam entre as zonas rural e urbana de Marabá e Parauapebas, no sudeste do Pará. 

A partir do imaginário rural tradicional, Fala da Terra estabelece pelos cantos de trabalho a importância da cooperação e da coletividade entre agricultores e atores, no roçado ou no camarim. Os inimigos são representados por arquétipos: o pastor, a governadora, os capangas, o avião e a estátua na loja de departamentos. Nessa alegoria de tipos sociais, estabelece-se o drama da disputa política brasileira atual, como se pudéssemos vê-la inteira ali, encenada.

A plateia atrás (no vídeo) e na frente (na sala) reforça o espaço teatral, como uma arena com arquibancadas dos dois lados. Em referência às proposições radicais dos dramaturgos Augusto Boal (1931-2009) e Bertolt Brecht (1898-1956), os espectadores no e do filme são envolvidos no mesmo processo de escuta e conscientização. O plano sem imagem – apenas com o som do massacre de Eldorado dos Carajás (1996), e a câmera na mão no final em uma manifestação do MST revelam o comprometimento dos artistas nessa luta que clama por mudanças. “O sonho não se mata”.

Sala de vídeo: Bárbara Wagner & Benjamin de Burca é curada por Guilherme Giufrida, curador assistente, MASP. 

Mais informações no SITE do MASP.

(Carta Campinas com informações de divulgação)

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