.Por Rafael Martarello.
Nesta semana me deparei com o “rapa” disfarçado de operação cata-treco próximo ao terminal central da cidade que fica ao lado do Bom Prato.
O “rapa” é o nome dado quando os agentes estatais tomam pertences de pessoas em situação de rua tais como cobertores, documentos, mercadorias, e itens diversos. Geralmente é acompanhado do uso de violência física por parte das forças de segurança. A caracterização rapa também é usada quando ocorre a situação parecida com ambulantes.
A praça que foi alvo da operação, conhecida como Praça do Quebra Osso, é habitada por retirantes, pessoas expulsas ou tiveram que fugir de suas casas, pessoas sem oportunidade de sustento fixo, pessoas que fazem abuso de substâncias, pessoas que por uma gama de causas foram levadas à rua, inclusive a praça é habitada por Pessoas com Deficiência.
Em geral, a população do Quebra Ossos vive de pequenos trabalhos, doações e ajuda mútua. Eles compõem o lumpemproletariado e são em sua maioria pessoas pretas. Os habitantes da praça não incomodam nenhum transeunte ou a vizinhança, ao contrário, muitos por meio da reciclagem colaboram com o meio ambiente e com a limpeza urbana. Eles não votam, não fazem protestos, não dão apoio digital, isto é, não são do interesse da burguesia ou de políticos.
Não contente com a exclusão, neste tipo de política de higienização, podemos constatar todo o sadismo da burguesia que controla o Estado e de seu braço armado. Estes violentam gratuitamente a população mais oprimida na sociedade, retirando não só os seus poucos meios de vida, mas enterram de vez qualquer dignidade que resta à pessoa em situação de rua.