No próximo dia 09 de junho (quinta-feira), das 9h às 17h, será aberta a exposição “Sobre Sub Solo”, de Andrea Mendes, no Museu de Arte Contemporânea de Campinas (MACC). A mostra é a conclusão de um processo de pesquisa pautado por evocações de memórias que revisitam sua cartografia de deslocamentos e enraizamentos, a partir do próprio corpo e do território.
Neste trabalho, Andrea Mendes apresenta uma cartografia de resistências ao apagamento de uma gama de sensibilidades, que transitam de seu Nascedouro (Itaberaba -BA) para o seu Acolhedouro (Campinas – SP); que se recriam em seu Renascedouro (Araras, SP) e que se redescobrem conectadas com múltiplas culturas, na vivência em um Hospedadouro como artista convidada nas ocupações na comunidade de Bermudez, interior da Argentina.
Para simbolizar esse percurso cartográfico,a artista escolheu a Pipa como símbolo de seus deslocamentos por territórios e fez dela o suporte das imagens que registram suas vivências e atuações.
“Para as crianças que vivem em comunidade e sobrevivem rompendo as adversidades cotidianas, a criatividade nas brincadeiras é com certeza a maior beleza. Com toda limitação de espaço, falta de praças, parques e campos, a rua se torna o espaço de socialização e lazer, seja ela de terra batida ou de asfalto, tornando-se quadra de futebol, pista de carrinho de rolimãs, pipódromo… Este último, com símbolo tão marcado em meu trabalho, faz menção direta ao território acolhedor. A pipa é tradicional na comunidade: acolhida por crianças e adultos, tornou-se uma de suas referências culturais. Inclusive, foi exemplo para a criação de uma lei municipal que institui espaços para soltar pipas com segurança, o “Pipódromo”.
De acordo com a curadora da exposição, Sônia Fardin, o traço comum das imagens que registram as vivências e as atuações criativas de Andrea Mendes são a face altiva da classe trabalhadora latino-americana, com suas formas de enfrentar o colonialismo, o neoliberalismo e a violência que tem colapsado comunidades centenárias, rurais e urbanas; gente que luta contra a desumanização dos movimentos do capital, que expulsa trabalhadores de suas terras para expandir contingentes de braços excedentes nos arrabaldes das metrópoles.
Nas construções artísticas – pinturas, instalações, desenhos e vídeos que documentam suas performances, – realizadas entre outubro de 2019 e dezembro de 2021, a artista fez uso de fios e traços, tintas e linhas, rasgos e costuras, gestos e olhares, para, dialeticamente, frisar e esgarçar as barreiras e limites impostos pelas forças do capital, que de leste a oeste e de norte a sul, sob formas diversas, há séculos vêm rasgando a carne e sufocando as vozes dos que se levantam contra as opressões às formas comunitárias de organização da vida.
Deste modo, o MACC acolhe “Sobre Sub Solo”, que almeja ser um relato sobre relações afetivas vivenciadas entre o migrar e o permanecer, seja por decisão própria ou imposição de circunstâncias sociopolíticas. Mas, antes de tudo, como atos marcados por complexidades e contradições historicamente vinculadas às determinações sistêmicas, marcadas pelas desigualdades sociais, em especial no que toca o direito à terra como bem comum.
Com produção de PretAção e Tomada Cultural, a exposição foi contemplada através do edital do ProAC Direto – Programa de Ação Cultural do Governo do Estado de São Paulo.
Exposição Sobre Sub Solo
Artista: Andrea Mendes
Curadora: Sônia Fardin
Quando: de 09/jun a 29/jul
Visitação: de terça à sexta-feira
Horários: das 9h às 17h
Onde: MACC – Museu de Arte Contemporânea de Campinas
Endereco: Av. Benjamin Constant, 1633 – Centro, Campinas – SP, 13010-142, Brasil
Instagram: @sobresubsolo
Há ainda o agendamento guiado para educadores, que pode ser feito pelo e-mail sobresubsolo@gmail.com ou pelo telefone / WhatsApp 11 95055-8779 (Paula Pimenta)
(Carta Campinas com informações de divulgação)