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Exposição ‘Os Sons dos Sins’ reúne obras de Tomie Ohtake acompanhadas pela música de Chico César para dizer da transitoriedade da vida

Em São Paulo – Até o dia 3 de abril de 2022, pode ser vista no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, a exposição “Os Sons dos Sins”, com obras da artista Tomie Ohtake e música de Chico César.

A sala especial dedicada à Tomie com mostras de longa duração traz novo recorte de sua produção, desta vez acompanhado de composição musical. O curador Paulo Miyada concebeu Tomie Ohtake – Os sons dos sins a partir de um gênero chamado jisei, poema que reconhece a transitoriedade da vida e acolhe a inevitabilidade da morte; associado à sabedoria zen budista, evoca silêncio e transformação.

Tomie Ohtake, Sem título, 2008
Gravura em metal
Coleção particular

Para o curador, neste momento do mundo e do país em que enfrentamos a perda inenarrável de milhares de vidas e ponderamos como continuar e, ao mesmo tempo, como respeitar o silêncio de um estado de luto duradouro, seria oportuno reencontrar a pintura última de Tomie Ohtake. “Por analogia, é possível considerar a última série de pinturas feitas por Tomie Ohtake – monocromos brancos de superfície revolta que delineia sutis sombras e texturas – como uma espécie de despedida de vida, seu próprio jisei pictórico”, afirma Miyada.

Tomie Ohtake, Sem título, 2002
Gravura em metal
Coleção particular

Posicionada ao fundo de um longo corredor escurecido, iluminada por um foco de luz tênue, essa pintura está acompanhada por uma seleção de gravuras e, a cada meia hora, o espaço é tomado pelo cântico Béradêro, de Chico César, cordialmente cedido pelo músico. Conforme destaca Miyada, “um acalanto brasileiro, aboio de esperança e dor que, entre outras coisas, nos diz”: 

Tomie Ohtake, Sem título, 2008
Gravura em metal
Coleção particular
‘A contenteza do triste
Tristezura do contente
Vozes de faca cortando
Como o riso da serpente
São sons de sins, não contudo
Pé quebrado verso mudo
Grito no hospital da gente’

“Esses versos reverberam como um convite para que se dê tempo ao caminhar, ao olhar e ao sentir. Algumas gravuras de Tomie Ohtake ladeiam esse percurso com lampejos de cor e forma, ao ritmo de memórias que porventura cada visitante trará de pessoas próximas e distantes atingidas pela pandemia. Imagino que Tomie Ohtake se surpreenderia com essa apresentação de sua obra, mas também imagino que ela se orgulharia, como me orgulho, desta instituição que se entende como parte de uma sociedade que é sua verdadeira razão de existência e continuidade. Mesmo agora. Sobretudo agora”, completa Miyada.

Série de gravuras comemorativa de 20 anos do Instituto Tomie Ohtake

As séries de gravuras expostas, por pertencer às tiragens feitas pela artista para apoiar o Instituto que leva seu nome, estarão à venda com selo comemorativo de 20 anos do Instituto Tomie Ohtake. 80% dos recursos obtidos serão revertidos para a instituição, nesse momento em que enfrenta um desafio sem precedentes para a continuidade de suas atividades. Os demais 20% serão doados à campanha #TemGenteComFome, da Coalizão Negra por Direitos, que vem exercendo um papel fundamental no suporte emergencial de pessoas em situação de vulnerabilidade extrema.

A exposição pode ser vista de terça a domingo, das 11h às 20h. Entrada gratuita.

Conheça os protocolos de segurança clicando AQUI.

(Carta Campinas com informações de divulgação)

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